Dallagnol recorre ao STF para fugir de ser punido por abusos

Coordenador da Lava Jato, que sempre acusou os outros de tentaram escapar da Justiça, vai buscar socorro no STF para evitar ter sua conduta à frente da força-tarefa de Curitiba avaliada pelo Conselho Nacional do MPF. Gleisi cobra: “Será uma vergonha adiar o caso pela 41ª vez e salvar Dallagnol pela prescrição, que ele tanto criticava”

EBC

Parceria entre os procuradores da Lava Jato e a Transparência Internacional é antiga. Em setembro, a Agência Pública mostrou mensagens entre Dallagnol e o diretor-executivo da filial brasileira da Transparência Internacional, Bruno Brandão

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu o julgamento de dois de três procedimentos disciplinares contra o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Os julgamentos seriam realizados na manhã desta terça-feira (18) pelo Conselho Nacional do Ministério Público). O caso do powerpoint contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na pauta do conselho, mas não há certeza se a análise de fato acontecerá nesta terça. O caso está na pauta do CNMP há meses e, até agora, não foi chamado a julgamento pelos conselheiros.

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), cobrou do conselho que mantenha o julgamento do caso do de Lula. “O CNMP tem hoje a última chance de mostrar a que veio e julgar o escândalo do powerpoint. Será uma vergonha adiar o caso pela 41ª vez e salvar Dallagnol pela prescrição, que ele tanto criticava. É com atitudes corporativas que uma instituição se condena ao descrédito”, disse, em uma rede social.

“Dallagnol pediu a suspensão das ações no CNMP com base em argumentos que ele passou anos acusando outros de usarem para se livrar de condenações: prescrição da punição e suposta violação ao devido processo legal”, acusou a parlamentar. O procurador não conseguiu tirar o caso do powerpoint de Lula da pauta. Ele se livrou de outros dois casos: o processos que seria apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o outro, pela senadora Kátia Abreu (PP-TO). As decisões representam mais uma vitória para a Lava Jato no STF.

Mais cedo, ainda na segunda-feira, o ministro Luiz Fux havia suspendido os efeitos da sanção de advertência imposta a Deltan em novembro do ano passado. A proximidade de Fux com a operação já havia se tornado evidente no episódio da Vaza Jato, revelado pelo site The Intercept Brasil. Em uma das conversas de Dallagnol com o então juiz Sergio Moro, ambos deixaram claro que o juiz era uma das esperanças para as investigações na corte.

Proximidade

Logo após a abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), eles conversaram sobre o cenário na corte. “[Fux] disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. […] os sinais foram ótimos”, relatou Deltan. Moro respondeu: “Excelente. In Fux we trust (‘Em Fux nós confiamos’, em inglês”.

No caso de Renan, o parlamentar questiona a conduta do procurador por ter feito críticas no Twitter ao parlamentar. Segundo o senador, as declarações prejudicaram a campanha dele à presidência do Senado no ano passado.

Em entrevista à CNN na noite de segunda-feira, após a decisão de Fux, mas antes da sentença de Celso de Mello, o procurador Deltan Dallagnon admitiu que deveria ter agido de modo diferente em relação ao powerpoint usado para apresentar a denúncia contra o ex-presidente Lula, em 2016.

“A forma de apresentação eu faria diferente para evitar a polêmica e as críticas que geraram. A questão é que não rendeu bons frutos, rendeu discussão desnecessária”, afirmou. Ele fez a mesma avaliação sobre os comentários em que lamentava a possível vitória de Renan para o comando do Senado. Apesar disso, o procurador disse que agiu dentro da lei em todas as ocasiões e que não merece ser punido.

Da Redação

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