Dificuldade em renovar bolsa é desmonte do Ciência Sem Fronteiras
Demora em renovar auxílio a estudantes coincide com a data do golpe e revela que Educação será uma das áreas mais atacadas pelos atos de Michel Temer
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Cerca de 50 estudantes que foram estudar em países estrangeiros pelo Ciência Sem Fronteiras enviaram carta à Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) relatando problemas na renovação de suas bolsas.
Os prazos das reclamações coincidem com a data do golpe de Michel Temer contra a presidenta eleita, Dilma Rousseff. Os pedidos de renovação são de início de abril, enquanto o impeachment passou pela Câmara dos Deputados em 17 de abril.
As regras do Ciência Sem Fronteiras prevêem bolsas por 48 meses, mas renovadas anualmente. Sem o recurso, os estudantes não têm garantias de conseguirem se sustentar fora do Brasil. Cabe à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) analisar os pedidos de renovação e concedê-los.
No ano passado, a renovação foi rápida; com o golpe, os estudantes estão tendo dificuldades para renovar e vendo risco de não terem mais o apoio com o qual contavam para os estudos.
Para o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a demora revela o desmonte cada vez mais “perceptível no cotidiano da população” das áreas de Educação, Ciência e Tecnologia.
“Demonstra a falta de compromisso do governo golpista com a continuidade daqueles bolsistas que já estão no exterior. Não é sequer cortar novas bolsas, é não manter as bolsas que já estão em execução” afirma Pimenta.
“Mostra claramente uma opção. Ao mesmo tempo que diz que não tem dinheiro, é um governo que aprova um aumento extraordinário para quem ganha mais e perdoa dívidas bilionárias dos Estados, mas que corta os recursos da Saúde e da Educação, revelando sua face”, complementa.
A opção de governo revelada pelos golpistas atinge em cheio o futuro do Brasil ao não fazer da Educação uma prioridade. Para a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), é um absurdo deixar desamparados os alunos bolsistas que estão fora do país.
“Os estudantes buscam se aperfeiçoar pelo mundo, mas não têm um tratamento digno por parte do governo interino e golpista”, diz Margarida Salomão.
“Sem nenhuma justificativa aparente, a Capes deixa os nossos futuros doutores em uma péssima situação, sem planejamento financeiro e diante da possibilidade de não realizar seus sonhos. A educação definitivamente não é uma prioridade para esse governo golpista.”
Para o ex-deputado estadual Renato Simões (PT-SP), o governo golpista é “uma escalada de retrocessos nas áreas de Educação e Ciência e Tecnologia”. “Da creche à pós-graduação, o governo Temer significa retrocesso em todas as áreas do conhecimento, na produção e na socialização desse conhecimento”, afirma.
Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias