CPMI do INSS: PT escancara herança de corrupção e fake news do bolsonarismo
Thaisa Hoffmann, esposa do ex-procurador do INSS, se cala diante das acusações de fraudes dos aposentados; Governo Lula já ressarciu mais de 3 milhões de vítimas das fraudes
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Na 19ª reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que acontece nesta quinta-feira (23/10), teve continuidade a investigação sobre as fraudes contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A primeira depoente do dia foi a empresária Thaisa Hoffmann, esposa do ex-procurador-geral do INSS Virgílio Oliveira Filho, acusados de receberem quase R$ 12 milhões por meio de contas bancárias de empresas que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União (CGU).
O ex-procurador-geral do INSS Virgílio Oliveira Filho vai depor ainda hoje (23), na CPMI do INSS.
O deputado federal Alencar Santana (PT-SP) aproveitou para lembrar que a CPMI foi instalada em 20 de agosto, com o objetivo de responsabilizar os culpados pelos desvios ilegais. Porém, o Governo Lula já havia iniciado o processo de ressarcimento às vítimas. “No dia 3 de julho, o próprio STF homologou o acordo para que a devolução ocorresse aos aposentados e pensionistas roubados”. O governo federal já devolveu o dinheiro para quase 3,1 milhões de aposentados e pensionistas, totalizando R$ 2,1 bilhões de ressarcimento.
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Golden Boys
De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), o ex-procurador do INSS Virgílio Oliveira recebeu quase R$ 12 milhões por meio de contas bancárias da esposa. Thaisa é sócia de três empresas investigadas por descontos irregulares: Curitiba Consultoria, THC Consultoria e Centro Médico Vita Care.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), líder do Governo na CPMI, reforçou que seu objetivo na comissão é “ajudar o País a entender esse roubo que aconteceu dentro do INSS”, pois de acordo com o parlamentar, “pessoas que nunca trabalharam, enriqueceram da noite para o dia. Jovens de 30, 35 anos se tornaram milionários, os chamados “golden boys” do INSS, lá em 2022, do Governo Bolsonaro”.
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Pimenta chamou a atenção para o fato de que “o contador destas entidades fantasmas, dos “golden boys”, é o mesmo contador da senhora Thaisa”. O petista frisou que “essa história é muito grave. Como é que o contador dos “golden boys”, o contador das empresas fantasmas, o contador dos ricaços milionários é o mesmo contador da empresa da Dra. Thaisa?”
A depoente optou por permanecer em silêncio durante a oitiva, não respondendo às perguntas e contestações feitas pelos parlamentares. Diante disso, Paulo Pimenta pontuou: “a senhora tem uma profissão, é médica, pode recomeçar a sua história, a sua caminhada, e vai destruir a sua vida por conta desse bando de ladrões que enriqueceram sem nunca trabalhar?”. A depoente permaneceu em silêncio na oitiva.
😳 O bolsonarismo não cansa de passar vergonha!
Na CPMI, o relator perguntou à depoente Thaisa Hoffmann Jonasson se ela era parente da ministra Gleisi Hoffmann — só porque têm o mesmo sobrenome! 🤦♀️
Os deputados do PT, Paulo Pimenta (RS) e Rogério Correia (MG) desmentiram NA HORA… pic.twitter.com/kMfYil6Chl— PT na Câmara (@PTnaCamara) October 23, 2025
Entidades fantasmas e laranjas
Ao dirigir-se diretamente à depoente, o deputado Alencar disse que “seu esposo, Virgílio Antônio Ribeira Ribeiro de Oliveira Filho, foi procurador-geral do INSS no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro”. E continuou: “boa parte dos contratos entre o INSS e as entidades “laranjas” foram firmados durante a gestão Bolsonaro, com forte influência de Virgílio, que tinha enorme poder dentro da estrutura do Instituto. Pelos documentos que temos, outros servidores também mantinham relação direta com ele e, juntos, tramaram um esquema de desvio de recursos”.
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Diante do envolvimento com os investigados, sendo Thaisa também investigada pelos desvios ilegais, o parlamentar ponderou que os indícios de sua participação são robustos. “Há empresas ligadas ao seu nome, inclusive registradas em endereços de sua residência e consultório. É difícil acreditar que não soubesse. Foram milhões desviados. O casal chegou a planejar a compra de uma casa de luxo de R$ 28 milhões, cancelada após a descoberta do esquema”.
Thaisa Hoffmann tinha ficado em silêncio durante toda a sessão da CPMI do INSS hoje. Os bolsomaristas ficaram subitamente mansos feito ovelhas (seria o medo de que ela e o marido, o servidor do INSS, Virgílio, entreguem o esquema?!). Fiz um questionamento mais duro e ela… pic.twitter.com/p0sruoemom
— Dep. Alencar Santana (@AlencarBraga13) October 24, 2025
Para Alencar a maneira “covarde e nojenta” como as pessoas foram roubadas precisa ser esclarecida. “Tudo indica que Virgílio era o operador central da quadrilha, articulando contratos fraudulentos com entidades fantasmas. Nada disso é coincidência. Trata-se de uma organização criminosa. A verdade virá, e todos, sem exceção, devem ser punidos com o rigor da lei”.
Virgílio e Bolsonaro
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) contextualizou a nomeação de Virgílio como procurador-geral do INSS em 16 de abril de 2020, permanecendo até 1º de junho de 2022, período que Thaisa o conheceu.
“Em 2022, Virgílio se tornou consultor jurídico do Ministério do Trabalho e Previdência, comandado justamente por José Carlos Oliveira. Sua nomeação foi assinada por Ciro Nogueira, então ministro da Casa Civil. Ou seja, o vínculo é evidente”, disse o parlamentar.
Correia também frisou que “já existem prisões, devolução de dinheiro e processos em andamento. São avanços alcançados graças à determinação do Governo Lula”.
Bonnie e Clyde
De acordo com documentos citados pelo parlamentar, nos dias 5 de maio e 17 de novembro de 2022, foram identificados depósitos que somam R$ 140 mil na conta do Centro Médico Vita Care, registrado em nome de Thaisa.
A pagadora era a empresa ACCA Consultoria Empresarial, que estava ligada a entidades associativas envolvidas no esquema. No total, R$ 11,9 milhões foram destinados a pessoas físicas e jurídicas próximas ao procurador Virgílio.
A movimentação imobiliária da família ultrapassa R$ 6,3 milhões, chegando a R$ 18 milhões em patrimônio acumulado desde 2020 — conforme dados obtidos pela CPMI e também publicados pela revista Piauí.
“Há quem veja nesse caso uma parceria criminosa semelhante à de Bonnie e Clyde, o casal que assaltava bancos”, comparou Correia.
Fake News
O parlamentar mineiro ainda criticou a disseminação de desinformação durante a oitiva. “Hoje vimos aqui como nasce uma fake news. Foi feita uma pergunta aparentemente inocente sobre um possível parentesco entre a senhora Thaisa Hoffmann e a ministra Gleisi Hoffmann, mas ela era facciosa, tendenciosa, um verdadeiro ‘apito de cachorro’”, afirmou.
Segundo Rogério Correia, “no minuto seguinte, páginas de extrema-direita já espalhavam montagens ligando a ministra à CPMI. Assim se vê como nascem as fake news, tão caras ao bolsonarismo. É por isso que precisamos regulamentar as redes sociais no Brasil”.
Do PT Câmara
