É preciso diminuir a desigualdade social para melhorar a educação, diz ministro

Para Janine, escolas maiores e com mais pessoas diferentes se relacionando irão preparar melhor o estudante para a vida adulta

Após a divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, disse, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, publicada neste domingo (9), que enquanto a desigualdade social não diminuir ficará mais difícil diminuir a educacional.

Ele ressaltou também a necessidade de os pais estarem atentos ao tamanho das escolas. “Procure uma escola maior onde seu filho terá contato com pessoas mais diferentes entre si”, disse o ministro à Folha.

Segundo ele, os colégios com as melhores notas no Enem costumam ser pequenos, ter entre 31 e 60 estudantes no final do ensino médio.

“A nota pode ser maior, porque é mais fácil dar aula para estudantes parecidos. Mas, no futuro, o garoto ou a garota não vai conseguir lidar com um mundo cada vez mais complexo”, explicou.

Ao ser perguntado se o convívio com diferentes pessoas dentro da escola compensa uma nota menor no Enem, o ministro foi categórico. “Se a escola é ruim, tem de sair. Mas a partir de determinado patamar a escola não é apenas aulas. Tem muito material na internet, a pessoa pode ler romances. Mais importante do que saber os afluentes das margens esquerda e direita do rio Amazonas é saber pensar”, disse.

Segundo Janine, é preciso mostrar que os resultados não são apenas fruto de mérito pessoal, do estudo, mas que há componentes sociais fortes. Para ele, é preciso entender como podemos melhorar a escola e o aluno e quais fatores são internos e externos às escolas.

“Desigualdade social é externa à escola, tem um peso impressionante e é opressora. Fatores internos têm peso menor, mas papel libertador e podem melhorar a situação do jovem. Você não consegue assegurar igualdade de oportunidades só pela escola”, afirmou.

Para ele, não se pode culpar o aluno pobre pela nota ruim nem considerar que o muito rico alcançou notas altas apenas a partir de seu mérito. Janine explicou que o mérito maior vem das escolas públicas que conseguem bons resultados, mesmo com alunos pobres e não das escolas que selecionam alunos, excluem os que têm problemas ou aliciam bons estudantes de outras escolas para o 3º ano do ensino médio.

Para melhorar a educação, o ministro disse que o governo está colocando o “dedo na ferida” ao apontar procedimentos que não são escolares e distorcem o verdadeiro mérito. “Precisamos de professores com melhor formação, que lecionam em apenas uma escola e estabilidade no corpo docente”, completou.

A diferença na nota no Enem entre os mais ricos e os miseráveis é 611 contra 429 pontos. “Para o miserável chegar lá é muito complicado. Queremos que ele chegue lá”, conclui.

O governo concorda que a responsabilidade de fazer com que os mais pobres cheguem a um patamar melhor é parte de responsabilidade da educação e parte do desenvolvimento social. Segundo Janine, a intervenção não pode ser apenas educacional.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do jornal “Folha de S. Paulo”

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