Edson Santos e Benedita da Silva rebatem Bolsonaro
“Causa-me revolta e indignação essa palestra”, afirmou o ex-ministro de Lula; “o Brasil não precisa mais de ódio”, ressaltou a deputada
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Após uma fala racista e xenófoba do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o ex-ministro da Igualdade Racial do presidente Lula, Edson Santos, que foi deputado federal, criticou duramente a o parlamentar carioca. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também se manifestou repudiando a fala em questão.
Bolsonaro afirmou durante evento no Clube Hebraica do Rio de Janeiro no último dia 3 que afrodescendentes de quilombos “não servem nem para procriar”. Ele ainda discursou contra refugiados, dizendo que “não podemos abrir as portas para todo mundo”, e criticou os indígenas, afirmando que “onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”.
Benedita da Silva disse que “o Brasil não precisa mais de ódio”: “O Brasil não precisa mais ter um senhor de escravos, o Brasil não precisa mais e não deve colocar os negros no tronco. Isso foi feito ontem quando o deputado Bolsonaro, na comunidade Judaica, disse que, após ter visitado um quilombo, tinha um negro de não sei quantas arrobas, que não servia absolutamente para nada, no maior desrespeito que se pode ter com a população negra brasileira”.
Para a deputada, “não podemos mais aceitar as provocações de Bolsonaro. Não tem código de ética pra ele, não tem limite pra ele”. Ela reforçou que “não podemos aceitar este papel a que ele se presta para a nação brasileira, envergonhando inclusive este plenário, porque neste plenário nós temos negros, negras e brancos. E nós exigimos respeito”.
Segundo Benedita, “ele não respeita pobre, ele não respeita negro, ele não respeita as mulheres. Aqui ele já provou que não respeita. E não tem nenhuma punição para Bolsonaro nesta Casa”, cobrou a deputada. “É inadmissível que ele continue jocosamente rindo da cara de um povo, um povo sofrido, trabalhador, é inadmissível que diga que vá acabar com negro e indígena nesse país. É grande a minha revolta e indignação”, concluiu. Confira o vídeo na íntegra:
Edson Santos, questionou “a diferença entre Hitler, que comparava judeus a ratos, e este discurso bolsonarista que coloca índios e quilombolas como seres inferiores”.
Confira a nota na íntegra:
“No segundo mandato do presidente Lula fui responsável pela pasta da igualdade racial na condição de ministro, uma das tarefas delegadas pelo presidente foi o estreitamento da relação do governo com as comunidades remanescentes de quilombos. Isto deu me oportunidade de conhecer e me relacionar com um segmento do nosso povo, que ficou praticamente esquecido pelo estado até a promulgação da Constituição de 1988, que delegou ao Estado seu reconhecimento e determinou a regularização de suas terras e a implementação de políticas públicas no campo da saúde, educação, geração de renda entre outras coisas. Foi com certeza o período mais rico de minha história política, quando tive oportunidade de conhecer locais belíssimos no interior do Brasil no Norte, Centro Oeste, Sudeste e conhecer projetos habitacionais que respeitavam as crenças culturais e religiosas da comunidade, fábricas de farinha e manifestações culturais como Jongo, Congadas, samba de terreiros e folia de reis Mas, acima de tudo, tive a noção do papel dos negros fugidos da escravidão na integração do nosso país.
Por isto causa-me revolta e indignação assistir ao senhor Jair Bolsonaro, lastreado em sua estreita compreensão do que é o Brasil, proferir uma palestra recheada de ódio e preconceito dentro do Clube Hebraica, ponto de reunião de parcela expressiva da comunidade judaica no Rio de Janeiro, chegando ao ponto de tratar os quilombolas como não humanos, pondo dúvida sobre sua capacidade de reprodução.
Lembrem-se amigos judeus: Qual a diferença entre Hitler, que comparava judeus a ratos, e este discurso bolsonarista, que coloca índios e quilombolas como seres inferiores?
Desafio Bolsonaro a conhecer as comunidades quilombolas no vale do Jequitinhonha, baixo sul da Bahia, no Maranhão, Amapá e os Calungas no interior de Goiás. Com certeza se fizer isto, falará menos bobagem e terá mais respeito com o nosso povo.
Mas acho que o que mais revolta Bolsonaro é a existência de reservas minerais dentro de território quilombola e indígena. Afinal isto não é coisa para índio e preto.”
Da Redação da Agência PT de notícias