Efeito da privatização: Amapá sofre 5º apagão em menos de um ano
Os desligamentos do sistema elétrico começaram em novembro de 2020, quando 13 das 16 cidades do estado foram atingidas e ficaram quatro dias no escuro
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Algumas cidades do Amapá passaram novamente nesta quarta-feira (16) por mais um apagão no sistema elétrico que abastece o estado. Foi o quinto apagão registrado em um espaço de tempo de apenas sete meses.
O número de municípios que foram atingidos por esse novo desligamento do sistema na quarta-feira não foi informado, mas de acordo com o Ministério de Minas e Energia houve um desligamento na Subestação Macapá, administrada pela Linhas de Macapá Transmissora de Energia. A empresa ainda estaria apurando as causas do acidente.
A série de apagões no estado teve início em novembro do ano passado, quando a população do estado ficou quatro dias totalmente no escuro e mais 20 dias tendo acesso a um fornecimento bastante precário de energia elétrica. Foi considerado como um dos maiores blackouts do Brasil desde o apagão de 1999 que atingiu parte do país.
O apagão no Amapá provocou inúmeros prejuízos à população de 13 dos 16 municípios do estado que conviveu com a precariedade dos serviços, sem fornecimento de água, telefonia, internet, além do medo e da insegurança por vários dias seguidos. Na época, cerca de 700 mil pessoas foram afetadas pelo apagão elétrico.
O serviço de fornecimento de energia elétrica no Amapá é privatizado, cuja concessionária é a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), que é controlada pelo grupo espanhol Isolux, que já possui um histórico de maus serviços prestados em outros países.
Em novembro do ano passado foi necessário que trabalhadores da Eletrobras atuassem para consertar o problema que provocou o apagão. A estatal brasileira – que o governo Bolsonaro quer privatizar – enviou equipes técnicas dos estados do Pará, Maranhão e Rondônia para ajudar nos reparos.
Para entidades sindicais do setor e movimentos sociais, apagões como os que vem ocorrendo no Amapá são resultado de um processo de privatização que obedece a um modelo energético de mercado, que é controlado por grupos multinacionais, grandes bancos e fundos de investimentos internacionais que só tem interesse no lucro imediato.
Apesar disso, o governo federal e também governos estaduais insistem na privatização do setor energético, como já vem ocorrendo no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, entre outros, além do processo mais emblemático que o da Eletrobras, cujo processo de privatização está sendo discutido e votado agora no Senado Federal, depois de ter sido aprovado na Câmara Federal.
No Senado, os líderes do PT, Paulo Rocha (PA), e da Minoria no Congresso, Jean Paul Prates (PT-RN), já se posicionaram contra a votação da medida provisória que permite a venda da empresa estatal, apontando que a iniciativa é inconstitucional.
Da Redação