Elas por Elas, segundo dia: Oficinas e orientações sobre atuação nos territórios

Na segunda matéria sobre o Encontro das Comunicadoras veja os detalhes do temas abordados na atividade, que teve a participação da ministra das Mulheres

Comunicação SNMPT

Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, durante encontro de formação das multiplicadoras da SNMPT

A segunda matéria sobre a cobertura do Curso de Formação para Multiplicadoras do Elas por Elas, realizado entre os dias 27 e 29 de outubro, em Brasília, abora as oficinas práticas oferecidas para as  30 multiplicadoras, selecionadas a partir de indicações das secretarias estaduais, e como foi a participação da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

As companheiras receberam formação técnica e política para a plena execução das atividades destinadas à implementação do projeto Elas por Elas em 2024 nos territórios brasileiros. Para saber como foi o primeiro dia, clique aqui.  

O dia começou com a Oficina de Autocuidado – Aprendendo a cuidar de mim para ser eficiente na construção das lutas das mulheres, ministrada pela Rede Nacional de Feministas Antiproibicionista (Renfa). Durante a prática, as companheiras foram instigadas a acessar a potencialidade da voz das mulheres: “a voz que queremos colocar na construção do partido, liberar a voz das nossas ancestralidades que não tiveram o direito à fala e nem aos espaços esse”, orientou Érika Nicácio, que conduziu a prática. 

Participação da ministra Cida 

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, fez um balanço sobre as ações da pasta, além de destacar assuntos fundamentais para as companheiras, e a importância do projeto Elas por Elas. 

“O Elas por Elas tem nos permitido avançar nos estados, formar novas lideranças sendo um dos melhores projetos do partido, sendo uma forma de organizar e avançar as lideranças mulheres. E nisso o PT tem uma vantagem: fomos nós que criamos a primeira secretaria de mulheres de partidos sendo um espaço para se pensar política de mulheres”, afirmou Gonçalves. 

A ministra defendeu que, para poder haver uma reformulação no perfil do Congresso Nacional, que atualmente é majoritariamente conservador e de extrema direita, é fundamental, ano que vem, eleger prefeitas e vereadoras fortes e progressistas: “O cenário político de 24 será o termômetro de como será 26. A campanha não começa 30, 60 dias antes, ela já começou. É preciso montar estratégia que nos coloque em outro patamar do debate político”, alertou.

A violência política de gênero também foi abordada pela ministra como um grande fator que tem afastado as mulheres das disputas políticas. “Nossas vereadoras estão cansadas, esgotadas. Como vamos eleger mais mulheres quando as mulheres começarem a desanimar diante de tanta violência?”, questionou. 

Segundo a ministra, o princípio da igualdade é a inclusão, por esta razão é fundamental  pensar uma política que seja inclusiva e promova a mobilidade social e econômica das mulheres para que elas saiam da fome e venham para o mundo: “Temos que trabalhar a igualdade nessa perspectiva. O Brasil sem Misoginia é estratégico porque, inclusive, a desigualdade está na misoginia. As pessoas precisam perceber que combater a misoginia não deve ser apenas um problema do governo Lula, mas de toda a sociedade. É urgente combater a chamada ‘machosfera’, que propaga discursos de ódio contra as mulheres nas redes sociais.”

Ela reforçou ainda a urgência de haver a igualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho, a campanha Brasil sem Misoginia, e a construção da Política e do Plano Nacionais de Cuidado, ações do governo federal que buscam reverter este cenário. 

Por fim, Gonçalves pontuou a urgência da expansão de pastas estaduais e municipais que tratem sobre a pauta de mulheres. Somente desta forma, as ações federais conseguirão atingir a capilaridade para a população na ponta: “Precisamos terminar esse governo com mais de 1.500 secretarias municipais de políticas para mulheres no Brasil.  Este é  um dos grandes desafios que temos. É fundamental que os estados e municípios tenham uma pasta específica para tratar sobre a pauta das mulheres. Para fazer a política nacional é urgente ter uma secretaria na ponta.” Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.  

Oficina Construção de rede, diagnóstico de contexto e liderança política 

A segunda oficina do dia foi com Luka Borges, da BaseLab – agência de marketing político com foco em lideranças e projetos do campo progressistas. Para a especialista, as multiplicadoras precisam compreender qual o cenário que está sendo trabalhando. Para isso, é essencial a elaboração de um diagnóstico do cenário político e territorial, que agregue informações com mais de um ponto de vista: “O diagnóstico é a base de qualquer planejamento estratégico. Não tem dinheiro? Senta e conversa, é uma forma de reunir infos e isso requer tempo e dedicação, por isso é preciso fazer antes”, alertou. 

“Para a gente conseguir ter mais mulheres eleitas é preciso organização e pensamento estratégico. A ideia dessa oficina é preparar as multiplicadoras para ter essa visão estratégica do contexto social tanto do coletivo político, que elas estão formando, quanto da campanha que vai ser realizada. Por isso, é importante a gente prepará-las para que tenhamos um melhor resultado no próximo ano”, defendeu Luka Borges, que também ensinou às companheiras como realizar o mapeamento de candidaturas petistas. 

Parceria com a Fundação Perseu Abramo

Eliane Martins, da Escola Nacional de Formação Fundação Perseu Abramo, reforçou a necessidade da formação política para as mulheres, destacando a iniciativa da Nova Primavera. Segundo ela, a orientação é formar um grupo de formação entre a Escola e a SNMPT: “Saltam aos olhos como nossas companheiras são plurais, com vivências que vêm do sindical, do movimento estudantil, e da comunicação. Essa diversidade de experiências e trajetórias é o que precisamos para enriquecer a nossa troca. Precisamos pensar juntas o que é comum para toda nós independente do território, o que é comum porque estamos no mesmo partido,” assegurou.

Para Martins, a construção da rede de formação passa pelo trabalho de mapeamento: “Temos que começar a nos encontrar presencialmente, sair do virtual e ir para o espaço territorial. Para derrotar o bolsonarismo é uma luta da vida e essa luta exige da militância uma paixão e paixão a gente mobiliza quando a gente vê o sentido e a causa da luta e do partido.”

Oficina de Laboratório digital

Encerrando o segundo dia, Evelyn Gomes e Mariane Braga, do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital (Labhacker), falaram sobre segurança, proteção de dados pessoais e checagem de fake news.

A fim de aproximar as multiplicadoras do contexto que envolve o universo digital, as palestrantes ensinaram o funcionamento da criptografia de dados no celular e no computador, de modo que as companheiras compreendessem por onde passa a internet e de que forma a informação atua nesses dois mecanismos. A ideia foi aproximar as companheiras do universo, que majoritariamente é masculino. 

Por isso, a hacker ativista Evelyn Gomes, defende a maior inserção das mulheres neste universo: “Inclusão digital é inclusão social. Se o acesso à internet não é popular, não há igualdade. Quando a gente não inclui digitalmente a gente exclui. Por isso é fundamental perguntar nos territórios: aqui existe internet? Qual a qualidade dela? Onde o acesso acontece? Por isso é importante ser militante sobre isso, nós precisamos defender que nossos dados fiquem no Brasil. Nós, mulheres, precisamos ficar muito ligadas no uso de dados porque somos as primeiras a sofrer.”

Já a jornalista Mariane Braga apresentou o que são dados sensíveis, dados públicos, dados sigilosos a fim de capacitar as multiplicadoras para que tenham mais familiaridade com a instrumentalização digital a fim de replicar os conhecimentos em seus territórios. 

Além disso, as companheiras foram instruídas a como checar as fake news, método bastante utilizado pela extrema direita para difundir notícias falsas no eleitorado, que teve um aumento expressivo a partir de 2016, com as eleições norte-americanas.

Segundo a jornalista, ao receber um notícia é preciso lê-la na íntegra, e não só o título, verificar a data, confirmar fonte e autoria, ver se o site é original e de portal confiável, pesquisar o mesmo assunto em outros sites. Se a matéria usar muitos adjetivos, é sensacionalista ou que promova discurso ódio, deve-se ficar atenta.

“Fake news tem 70% mais chance de viralizar do que notícias reais. As pessoas mais responsáveis por divulgar notícias falsas são grupos políticos orgânicos de direita e extrema direita, e pessoas com intenção de lucrar. Estudo de Oxford revelou que sete mil notícias no Facebook foram, majoritariamente, difundidas por grupos da extrema direita e conservadores. Isso mostra que eles se apropriaram desta técnica”, disse Braga.

Marina Marcondes, da Redação do Elas por Elas 

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast