Eletrobras | O que a privatização tem a ver com a vida das mulheres?

Entregar um setor estratégico para a lógica privada tem um custo muito alto. A sociedade inteira paga, mas, como sempre, a fatura das mulheres é bem mais alta.

Ana Clara, Elas Por Elas

Nesta semana, o Senado deve decidir sobre o rumo da MP 1003/2021 que viabiliza a privatização da Eletrobras, maior empresa do Brasil e da América Latina e quinta maior do mundo. Essa medida atinge toda a classe trabalhadora, no entanto o impacto social da privatização para a vida das mulheres tem um peso ainda maior, que deriva e transcende do custo financeiro do aumento da tarifa: vai empurrar os corpos das mulheres de volta para o centro da atividade doméstica, freando uma busca permanente por divisão do trabalho doméstico, alívio paliativo da carga por meio do uso de eletroeletrônicos e dependência econômica.

” O aumento da tarifa vai alterar significativamente as condições de vida das mulheres, principalmente as que são chefe de  família”, explica Gleide Almeida Brito, assistente social, sindicalista eletricitária e integrante do Coletivo Nacional de Mulheres do PT.

Uma das condições favoráveis para que as mulheres estejam no mercado de trabalho formal ou informal é contar com um conjunto de equipamentos de apoio às tarefas domésticas que permitem reduzir o tempo de dedicação aos afazeres domésticos como por exemplo a guarda de alimentos prontos ou quase prontos  em geladeiras, uso de micro-ondas pelos filhos durante a ausência das mães. Por exemplo, o cuidado com a roupa utilizando máquina de lavar reduz o tempo dedicado a esse serviço e o esforço físico.

“E quando a conta aumenta é preciso priorizar as despesas. E entre pagar a alta conta de luz e comprar comida para os filhos, a mãe vai priorizar matar a fome”, ressalta Gleide.

Soberania energética

Soberania energética é a capacidade de uma sociedade exercer controle na regulação de modo racional, limitado e sustentável da exploração dos recursos energéticos. Ou seja, significa adotar um modelo de desenvolvimento que priorize os interesses públicos e nacionais, por meio da atuação efetiva do Estado na planificação energética e na implantação de formas limpas de energia.

A Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica do Brasil e da América Latina e a quinta maior empresa de energia renovável do mundo. Com geração de 13.803 empregos diretos, oferece tarifas justas e segurança energética à população em todo o território nacional.

A dilapição do patrimônio público traz um custo social enorme para toda a classe trabalhadora, porque a lógica da empresa não funciona mais a partir dos interesses públicos e nacionais, mas sim da garantia do lucro e dos mais ricos: a conta de luz vai ficar mais alta, a qualidade do serviço tende a cair (vide o exemplo dos apagões no Amapá) e a prioridade na distribuição de energia não vai vislumbrar as comunidades mais pobres, se não tiver interesse de mercado naquela região.

“A soberania energética dá condições às mulheres de exercer cidadania ativa conquistando sua independência econômica em igualdade de condições com os homens, ocupando seu espaço legítimo na produção de bens e serviços no mundo do trabalho. Libertando-a das condições de opressão e exploração pela machismo ainda presente nas relações de trabalho”, finaliza Gleide.

Acesse os argumentos contra a privatização

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