Em Anápolis, Gomide afirma seu legado e enfrenta bolsonarismo

Prefeito mais bem avaliado na história da segunda cidade mais importante de Goiás, o petista enfrenta no segundo turno a aliança entre as oligarquias do estado e os bolsonaristas. Participação popular na definição de políticas públicas, bandeira histórica do PT, faz parte do programa do candidato

Divulgação

Antônio Gomide

Em Goiás, apenas a capital Goiânia e Anápolis terão segundo turno nas eleições para prefeito este ano. Na segunda cidade mais importante do estado, o ex-prefeito Antônio Gomide (PT) avançou para o momento decisivo, a despeito da recomendação do presidente Jair Bolsonaro em pessoa para que anapolinos não votassem em candidatos petistas. Obviamente, parcela considerável da população não atendeu ao apelo de Jair “dedo podre”.

A coordenação de campanha do candidato petista já traçou a estratégia para o segundo turno e retomou as ações com intensidade. Como Gomide foi prefeito por duas gestões, deixando o último mandato com índice recorde de aprovação, o foco será a comparação de projetos políticos com o atual prefeito, Roberto Naves, que tenta a reeleição sustentado pelo bolsonarismo.

Ceser Donizete, coordenador de campanha de Gomide, afirmou ao portal local ‘Sagres Online’ que agora a população terá mais condições de comparar os candidatos. “Nós estamos pensando aqui, primeiro que a eleição no segundo turno é uma eleição totalmente diferente da primeira. Aqui em Anápolis nós tivemos o maior número de candidatos a prefeito no primeiro turno, nove candidatos. No segundo turno não”, comentou.

“É um candidato contra o outro, propostas de um, críticas do outro, o contrário também. Há uma possibilidade maior de o eleitor fazer um comparativo. Um foi prefeito e outro é prefeito”, prosseguiu o coordenador da campanha petista. “Outro esforço das duas candidaturas é no sentido de obter apoios dos nomes que participaram das eleições no primeiro turno em Anápolis”, concluiu.

Gomide afirma ter recebido informações extraoficiais dando conta de que praticamente todos os partidos que participaram da disputa pela prefeitura no primeiro turno liberaram o voto dos eleitores. Diante disso, o candidato petista resolveu não procurar os concorrentes no primeiro turno. No momento, a coligação de Gomide reúne PT, PC do B e PMB, e a candidata a vice é a petista Professora Geli.

Nas eleições municipais de 2016, Gomide foi o vereador mais bem votado do Brasil, em termos proporcionais de votação por volume de eleitores. Ele conseguiu o voto de 6,09% (11.647) dos 191.291 eleitores anapolinos que compareceram às urnas.

A votação recorde foi reflexo direto de sua atuação como prefeito de Anápolis em dois mandatos. Gomide foi eleito em 2008 e reeleito em 2012. Em 2014, renunciou para disputar o governo de Goiás contra as oligarquias que comandam o estado há várias gerações. Voltou ao mandato eletivo em 2016, como vereador mais bem votado da cidade, e dois anos depois chegou à Assembleia Legislativa. Agora, faz planos de retomar vários programas bem-sucedidos à frente da prefeitura.

Em entrevista ao ‘Jornal Opção’ na reta final do primeiro turno, detalhou seus planos caso vença a disputa. “A população me conhece, sabe do nosso trabalho e é isso que o eleitor avalia em um gestor”, lembrou Gomide.

“Tivemos a oportunidade de fazer mais de sete mil moradias populares e entregar. Na educação, mostramos a força do nosso trabalho com a entrega de mais de 14 CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) e creches. Construímos a maior Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Anápolis, uma das maiores do Centro-Oeste. Construímos mais dez unidades de saúde. Fizemos restaurante popular, planetário e conseguimos pavimentar mais de 106 bairros. Tudo em cinco anos”, elencou o candidato petista.

“A força do trabalho que queremos mostrar é a boa política. E a boa política é a boa gestão. A população quer uma gestão que faça bem o trabalho. É assim que a população dá reconhecimento à gestão”, argumentou Gomide.

Outro aspecto que o deputado estadual ressaltou foi a importância da participação popular como elemento central de definição de políticas públicas, experiência histórica das mais bem-sucedidas em gestões petistas ao longo da existência do partido.

“Tivemos uma boa experiência na nossa gestão ao escutar a população. Queremos retomar essa prática. Hoje a prefeitura não tem qualquer canal de diálogo com a cidade nos bairros. Não temos mais representantes”, criticou.

“Quero instituir a Prefeitura nos Bairros. Queremos levar os secretários aos bairros para escutar as demandas a cada um ou dois meses. Que toda a equipe esteja presente para mobilizar a comunidade para que tenhamos um termômetro daquilo que a população quer na sua região, no seu bairro. Além de fazer o planejamento do orçamento, ter um termômetro ligado aos conselhos para falarmos o que a população conversa na rua”, adiantou o candidato petista.

Para Gomide, Anápolis tem de crescer e voltar à normalidade em tempos de pandemia do coronavírus, mas com o cuidado devido. “Assim que tivermos uma vacina, a administração precisa ter uma estratégia para diminuir a chance de contágio e dar mais segurança à cidade durante a pandemia, mas não podemos deixar que unidades e postos de saúde fiquem fechados”, recomenda o petista.

“Uma cidade como Anápolis, que já teve na nossa administração quatro unidades 24 horas, hoje não conta nem sequer com uma unidade 24 horas. A prefeitura hoje se resume a Unidades Básica de Saúde (UBSs). Não podemos ficar assim. Precisamos ter um Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) como tínhamos o Cais Mulher, que oferecia programa de saúde neonatal. Esta unidade foi fechada pelo prefeito. Contar com unidades 24 horas é algo importante”, finaliza o ex-prefeito de Anápolis.

Da Redação

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