Em meio à crise econômica global, governo insiste em cortar investimentos

O cenário tende a piorar a partir da aprovação da reforma da Previdência Social e congelamento do Salário Mínimo

Waldemir Barreto

Jaques Wagner

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rebaixar a estimativa de crescimento mundial para 2019. Segundo o Fundo, a economia mundial este ano alcançará seu ritmo mais lento desde a chamada “Grande Recessão” da década passada, com o Produto Interno Bruto (PIB) mundial se ampliando em apenas 3%.

Esta é mais uma má notícia para a economia brasileira, que se arrasta na estagnação decorrente da doutrina do arrocho aplicada por Bolsonaro e Paulo Guedes. A expectativa de desaceleração da economia global afeta especialmente aos países emergentes como o Brasil, com impactos nas exportações, entre outros problemas.

Aposta errada

O anêmico impulso externo vem se somar à política de terra arrasada que seca o investimento público, exterminou a política de valorização do salário mínimo e já deixou mais de 800 mil famílias extremamente pobres sem renda, com sua retirada do programa Bolsa Família.

“O governo insiste em apostar em um projeto que tem como foco o corte brutal de investimentos públicos, paralisando programas sociais e destruindo a previdência pública, que reduz a renda dos mais pobres, aumenta as desigualdades e afeta o mercado interno”, explica o senador Jaques Wagner (PT-BA).

Menos dinheiro circulando

Tudo isso afeta brutalmente o consumo das famílias — responsável por 60% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “O cenário tende a piorar a partir da aprovação da reforma da Previdência, que vai rebaixar ainda mais a renda de aposentados e beneficiários da seguridade e retirar ainda mais dinheiro de circulação”, alerta o economista Bruno Moretti, assessor da Bancada do PT no Senado.

Ele explica que a desaceleração da economia global é mais uma pá de cal nas esperanças de recuperação da economia brasileira, afligida por um desemprego de 11,8% — e mais 28 milhões de trabalhadores subocupados e 5 milhões de desalentados, que são aqueles que sequer procuram mais trabalho.

Abono é alívio

“Quando se combina a queda da renda previdenciária com a de outras rendas o efeito sobre o consumo e sua capacidade de movimentar a economia é devastador, explica Moretti.

A degradação só não será maior porque a oposição conseguiu suprimir da reforma da Previdência a proposta de Bolsonaro de rebaixar o teto da renda para que o trabalhador tenha acesso ao Abono Salarial. A proposta do governo era colocar esse benefício ao alcance apenas de quem ganha abaixo de 1,3 salário mínimo (R$ 1.364,43). Hoje, quem ganha até dois salários mínimos tem direito ao abono.

Bom para poucos

O cenário econômico sombrio para a maioria dos brasileiros, porém, não assombra a minoria privilegiada: no primeiro trimestre de 2019, o Brasil bateu mais um recorde de desigualdade, com a ampliação do fosso entre a renda do 1% mais rico e a renda dos 50% mais pobres.

Em 2018, o 1% que ocupa o topo da pirâmide (cerca de 2 milhões de pessoas), já havia obtido rendimento médio equivalente a 33,8 vezes a renda dos 50% mais pobres (105 milhões de pessoas).

Até 2015, os mais ricos alcançaram um aumento médio de renda de 5%, enquanto os mais pobres ampliaram seus rendimentos em 10%. Desde então, a renda dos mais ricos cresceu 3,3% e a dos mais pobres despencou 20%.

Por PT no Senado

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