Em SP, 20 mil protestam contra o golpe e pedem eleições diretas

Na noite desta quinta-feira, multidão seguiu do Largo da Batata até a casa de Temer para repudiar a perda de direitos e pedir novas eleições

Manifestação saiu da Avenida Faria Lima, Pinheiros (SP) Foto: Paulo Pinto/AGPT

Um dia depois do Sete de setembro, que foi marcado por atos contra o golpe em todo o Brasil, uma multidão marchou do Largo da Batata, em Pinheiros, até a casa de Michel Temer, em Alto de Pinheiros.

Pelo menos 20 mil pessoas estavam presentes na noite de quinta-feira (8). Chegaram perto da rua onde fica a casa, mas não conseguiram se aproximar porque a Polícia Militar havia cercado a região. Da última vez que um protesto aconteceu na porta de sua residência, o usurpador decidiu deixar a cidade às pressas.

PM cerca rua da casa de Temer (Foto: Paulo Pinto/AGPT)

PM cerca rua da casa de Temer (Foto: Paulo Pinto/AGPT)

A manifestação foi convocada pelas Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo e ganhou adesão de diferentes partidos políticos e centrais sindicais contrários ao golpe que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff. Estavam também militantes independentes, pedindo a antecipação de eleições diretas para a presidência.

“Este é um momento muito grave da história do nosso país. Um momento em que a soberania do voto popular foi cassada por meio de um golpe institucional, com ameaça de regressão e retrocessos, talvez inédita na nossa história recente”, disse à Agência PT o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos.

Boulos criticou a PEC do Estado mínimo, que propõe congelar por 20 anos gastos em saúde e educação e a tentativa de reforma da Previdência Social. “Por tudo isto, é hora de ir para as ruas e defender nossos direitos de fazer a defesa da democracia e não se deixar intimidar pela repressão brutal com que a polícia tem tratado as manifestações“.

Na quinta-feira, a PM escoltou os manifestantes – quem chegou ao Largo da Batata de metrô teve bolsa e mochila revistada na saída da estação pela própria polícia – e fechou o acesso à rua da casa de Temer. A manifestação se dispersou perto do cerco da PM. Lá, alguns participantes subiram no carro de som para convocar novos protestos.

Não houve tiros com bala de borracha ou bombas de gás lacrimogêneo, como aconteceu nos outros atos pacíficos contra o golpe e pelas eleições diretas. O fato coincide com o anúncio de que o Ministério Público Federal acompanhará a ação policial.

Foto: Paulo Pinto/AGPT

A estudante Deborah Fabri, 19 anos, foi vítima da repressão policial uma semana atrás. Ficou cega de um olho após ser atingida por estilhaços de bombas atiradas pela PM. No domingo (4), o senador Lindbergh Farias (PT-SP) e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foram atingidos por bombas de gás.

Para Boulos, o que explica a ação violenta da polícia é a própria falta de legitimidade de Temer: “Como um governo que não foi eleito vai dialogar com a população? Com o porrete”.

Por isso, diz ele, é preciso fortalecer as manifestações pela antecipação das eleições diretas para restituir a soberania do voto popular. “Não deixa de ser lamentável e irônico que, 30 anos depois de multidões irem às ruas para votar para a presidência da república, nossa geração tenha que fazer a mesma coisa”.

No domingo, haverá outra manifestação contra o golpe na avenida Paulista, em São Paulo. Acompanhe a agenda de protestos no site do PT.

Por Daniella Cambaúva da Agência PT de Notícias

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