Escárnio: Eletrobrás anuncia aumento milionário de 708% a executivos

Gestão pretende pagar R$ 88,2 milhões a diretores, seguindo a mesma lógica da Petrobras na era Bolsonaro, com pagamentos de dividendos bilionários a acionistas. Frente Mista luta para reestatizar empresa

Após a privatização, o povo paga a conta dos supersalários dos executivos da Eletrobrás (Imagem: Divulgação - Site do PT)

Enquanto o povo se esfola com a renda que foi massacrada por Bolsonaro desde 2019, a farra das privatizações segue dando lucros aos parasitas que se acostumaram a sugar as riquezas da população brasileira na última meia década. A nova administração da Eletrobrás, o último alvo da sanha entrevista do governo anterior, anunciou que pretende conceder um aumento de 708% na remuneração dos executivos da empresa. Com isso, a diretoria receberá R$ 88,183 milhões, ante os R$ 10,9 milhões pagos em 2022.

A aprovação depende apenas da Assembleia-Geral Ordinária da Eletrobras, que deve bater o martelo no dia 27 de abril. “Nessa conjuntura, o modelo de remuneração da administração anteriormente vigente mostrou-se ainda mais defasado, implicando o risco de perda de talentos e dificuldade de atração de novos, em comprometimento ao planejamento anteriormente retratado e à expectativa do mercado de grandes alavancas de valor que poderiam ser destravadas”, justificou a Eletrobras, em comunicado a acionistas.

A desfaçatez do anúncio segue a mesma lógica das transferências de recursos operadas pelos abutres que tomaram conta da Petrobras durante o governo Bolsonaro. Nos últimos seis anos, a empresa virou refém da venda recorde de ativos e da distribuição bilionária de dividendos a acionistas, muitos deles estrangeiros com ações na Bolsa de Nova York. Em quatro anos, Bolsonaro pagou aos grupos nada menos do R$ 289 bilhões em dividendos.

Estratégia sanguessuga

No caso da Eletrobrás, a estratégia sanguessuga também passou por uma expansão, com a diretoria praticamente dobrando entre 2022 e 2023, saindo de 6,33 para 10,75, em média. Tudo a pretexto de seguir padrões internacionais de uma empresa do porte da Eletrobrás. 

“Em salários, a empresa prevê pagar um valor médio de R$ 1,5 milhão em 2023, contra R$ 717 mil em 2022”, relata a Folha de S. Paulo, em reportagem publicada na terça-feira (28). Os “patamares remuneratórios” estão, de acordo com a empresa, “alinhados a empresas de porte e contexto similar, consubstanciados em incentivos de curto e longo prazo”.

“O valor médio reservado para remuneração variável, tanto em dinheiro quanto em ações, sobe de 324 mil para R$ 4,1 milhões por diretor, mesmo com a queda de 36% no lucro líquido registrado pela companhia em 2022”, informa, ainda, o jornal.

Frente mista pela reestatização

O escárnio das mudanças anunciadas é apenas mais um capítulo no emaranhando de falcatruas que marcaram a torpe privatização da empresa no ano passado, naquela que já é uma das maiores operações montadas no país para assaltar o bolso do povo.

A começar pelos termos da venda, que esvaziaram o poder de voto da União nas decisões da empresa, motivo pelo qual o presidente Lula pretende reverter os efeitos nocivos do entreguismo de Bolsonaro ao país.

Na semana passada, os deputados federais Alencar Santana (PT-SP) e Erika Kokay (PT-DF) articularam a criação de uma Parlamentar Mista Pela Reestatização da Eletrobrás. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre os prejuízos causados pela privatização da empresa, comprometendo a soberania energética do país.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), entidade que congrega 34 sindicatos, 7 federações, 1 confederação e 4 associações de trabalhadores, classifica como imprescindível a reestatização da maior empresa de energia elétrica da América Latina.

Em nota divulgada há algumas semanas, o CNE explicou a atual situação absurda vivida pela União como acionista da Eletrobrás, após o processo de privatização e venda das ações da empresa.

“A União tem 43% das ações e só 10% de poder de voto (dividindo 10/43, temos 1 ação, 0,23 voto), se comparado a um investidor privado que tenha até 10% das ações ordinárias (dividindo 10/10, temos 1 ação, 1 voto), o que faz com que a União seja um acionista de ‘quarta categoria, pois seu voto vale, proporcionalmente, menos que ¼ dos demais”.

Da Redação, com Folha e CartaCapital

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