Evangélicas querem direitos, proteção social e optam por Lula

Pesquisa DataFolha demonstra que elas ‘racham’ o setor evangélico e tendem a votar em Lula

Em maio, o DataFolha divulgou uma pesquisa que revela o setor evangélico dividido na hora de escolher o candidato para 2022. No geral, 34% declararam votar em Lula e 37% no Bolsonaro, um empate considerando a margem de erro.

No entanto, ao fazer o recorte de gênero, as mulheres evangélicas despontam com voto em Lula, 39%, contra 30% em Bolsonaro. Um comportamento exatamente oposto ao do setor masculino, em que 26% declarou votar em Lula e 48% em Bolsonaro.

Esses dados demonstram a preferência do eleitorado feminino evangélico em Lula, comprovando que elas não estão imunes às questões econômicas e sociais. “É na prática que um governo demonstra se realmente está preocupado com os mais pobres e necessitados. Definitivamente não é o caso do Bolsonaro. As mulheres sabem disso e vivenciam isso na pele”, explica Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

Da juventude à terceira idade

No recorte por idade, a discrepância é ainda maior. Ainda que elas fossem crianças durante o governo Lula, 50% das jovens evangélicas, de 16 a 24 anos, declararam votar no possível candidato do PT contra 22% em Bolsonaro. E mesmo as evangélicas com mais de 60 anos declararam preferência no ex-presidente (48%) contra 31% no atual.

A guerra de mentiras

As mentiras da guerra ideológica promovida por Bolsonaro começam a se esfacelar quando a realidade da crise econômica aplicada pelo governo bate na porta das famílias: inflação, gás de cozinha, conta de luz, custo de vida. “O peso de sobreviver diante de um governo que violenta pobres e trabalhadoras, sobretudo as mulheres, começa a pesar muito mais do que as questões de crença. A verdade começa a aparecer”, ressalta Anne Moura.

A estratégia do medo e pânico moral

Quando não é possível demonstrar resultados na realidade, os bolsonaristas se utilizam da estratégia para instaurar medo e o chamado “pânico moral” para atacar seus opositores.

Para isso, eles utilizam todo o spot cultural que a mulher evangélica vive, ressignificam, criam um clima de “ameaça permanente” para gerar confusão e, consequentemente, rejeição a Lula. Por exemplo, quando eles relacionam a criminalização da homofobia ao fim da liberdade religiosa.

Mais recentemente, a aparição da primeira-dama em pronunciamento na TV, no dia das mães, e suas agendas com a ministra pelo país demonstram que há um giro estratégico dos conservadores em se reconectar com as mulheres evangélicas por meio da pauta moral.

Apesar disso, uma reportagem da BBC revelou que a pauta da moralidade não é a única que move as evangélicas, elas também são pautadas pela garantia de direitos por meio de políticas públicas como educação, creches, saúde e controle da violência. Medidas concretas de investimento público e social que foram sumariamente cortados no governo Bolsonaro em diversas áreas. 

A verdadeira proteção da família passa por direitos e políticas sociais

Em 2019, o DataFolha traçou um estudo completo sobre o perfil do público evangélico e concluiu que é majoritariamente mulher, pobre, negro e periférico. Ou seja, são pessoas para quem a presença do Estado e o investimento em políticas públicas transformam vidas e destinos.

Comida na mesa, educação de qualidade, creches públicas em período integral, direito à licença-maternidade de seis meses, controle de preço do gás de cozinha, aumento real do salário-mínimo, emprego de carteira assinada, financiamento de moradia, auxílio para pessoas com deficiência, aposentadoria digna, benefício para tirar uma família de uma situação de pobreza e extrema pobreza, bolsa para o pobre estudar em universidade, ampliar acesso à universidade pública, todas essas medidas, defendidas e aplicadas pelo governo do PT, transformaram e protegeram a vida de milhões de famílias.

“Defender a família é dar uma vida digna para as pessoas. É não permitir que elas enfrentem uma fila humilhante para conseguir um pedaço de osso. Quem diz que protege a família e não combate a fome não passa de demagogo. E as mulheres, não importa a crença, elas sabem profundamente disso”, finaliza Anne. 

Ana Clara Ferrari, Agência Todas

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