Exigimos o cumprimento do estatuto do PT: paridade nos cargos da Executiva

Em carta às forças políticas do Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras e à Presidenta, as mulheres do PT pedem que seja respeitada paridade

Lula Marques/Agência PT

Reunião das mulheres com a presidenta Gleisi Hoffmann

O Diretório Nacional do PT, reunido no dia 6 de julho, elegeu a sua Executiva sem cumprir a paridade entre mulheres e homens nos cargos com função especificam de secretarias. Nós, mulheres do PT, exigimos que o Estatuto seja respeitado e que a paridade seja restabelecida.

Surgimos para defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, que, desde seu início, sempre foi estruturado de forma diferente. Agregava militantes da igreja católica, sindicalista, intelectuais, feministas e exilados políticos entre outros. Nesse encontro de ideias e experiências diferentes, gestou um fazer político novo, novas ideias e foi cunhado o lema: PT, a nossa vez, a nossa voz.  Traduzia a esperança de milhões de pessoas de mudança na política, nas suas vidas.

Nesse 37 anos, avançamos muito na participação da mulheres, hoje temos a primeira mulher na presidência do partido, fruto da luta, unidade e solidariedade de todas e todos. Temos que reconhecer que a discriminação e opressão das mulheres tem sua origem histórica na organização dos espaços de interação social, divididos entre o público e o privado, a divisão da sociedade em classes sociais, aprofundou ainda mais a desigualdade entre homens e mulheres, que se traduz de forma mais contundente, em tripla jornada de trabalho, em salários menores em relação aos homens e na pequena participação das mulheres nas instâncias formais de poder e decisão.

Diante desse quadro, não podemos mais seguir ignorando a posição de discriminação, exploração e desigualdade em que estão submetidas as mulheres no mundo. A discussão entre a luta de classe e gênero, assim como a luta contra a ideologia patriarcal deve perpassar todas as nossas reflexões e ações. A igualdade entre homens e mulheres deve ser assumida e compreendida como uma forma de tornar a sociedade mais justa.

A discriminação das mulheres ainda se dá no PT, tanto de forma subliminar, como em questões práticas. A luta contra o machismo e a misoginia, os seus valores e práticas nada tem com os princípios democráticos e socialistas, mas estão arraigados em muitos militantes de esquerda, a mudança de paradigma precisa ser do conjunto do partido.

A reprodução da vida é tarefa quase exclusiva das mulheres, são elas que cuidam da casa, dos filhos, dos doentes e das pessoas idosas, gerando a economia do cuidado. As tarefas domésticas e os cuidados não são contabilizados na vida social. Para avançar numa nova proposta de sociedade esse é um tema fundamental a ser considerado.

Os temas como a legalização do aborto, a liberação das drogas, o combate ao racismo, homofobia, lesbofobia, a liberdade individual são e devem serem debatidos no partido como política fundamentais para um novo projeto de sociedade. A esquerda ao longo da história tem deixado esses assuntos para serem resolvidos mais tarde, mas se queremos um projeto inclusivo e que abra o diálogo com toda a sociedade, precisamos enfrentar a discussão.

Um partido de esquerda, socialista como o PT que promoveu e introduziu na vida interna a cota de no mínimo 30% de mulheres na direção em 1991, e cotas étnico-raciais e juventude em 2011. Conforme artigo 22 inciso IV do estatuto: as direções partidárias, delegações e cargos com função especifica de secretarias deverão ter paridade de gênero (50% de mulheres e 50% de homens). Com essa decisão o PT sinalizou para a sociedade brasileira que as mulheres podem e devem estar no centro da política como protagonista e que um projeto político com igualdade entre homens e mulheres, sem machismo, misoginia e intolerância é viável.

Conclamamos as forças políticas a fazer a correção das indicações feitas para assumir as pastas da executiva nacional fazendo valer a paridade, como aprovada no 4º Congresso do partido.

Esta carta e resultado da reunião realizada, no dia 07 de julho de 2017, Brasília, com as mulheres de PT com a Presidenta Gleisi Hoffmann, organizada pela Secretaria Nacional de Mulheres.

Nenhum direito a menos!

Democracia já!

Mulheres de todas as forças políticas do partido

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