Flexibilizar CLT é criar a figura do sem almoço, para Steinbruch

Centrais sindicais reforçam que a lei trabalhista não será flexibilizada “nem que a vaca tussa” e por isso apóiam a reeleição de Dilma

Alimentar os trabalhadores sem parar as máquinas tem sido um problema patronal desde o início da linha de produção. Tanto que o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, pensou nisso ao sugerir a criação da categoria dos trabalhadores sem almoço quando a reportagem da Folha de S.Paulo perguntou qual seria concretamente algo que poderia mudar na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

“Você vai nos Estados Unidos e vê o cara almoçando com a mão esquerda, comendo sanduíche com a mão esquerda, e operando máquina com a direita, e tem 15 minutos para o almoço”, disse ele, em entrevista publicada na segunda-feira (29).

Essa questão foi retratada com mais criatividade por Charles Chaplin, que incluiu uma solução caricata no filme Tempos Modernos para o problema (veja o vídeo). “De alguns empresários brasileiros só se pode esperar esse tipo de proposta, pois estão acostumados a chicotear os trabalhadores com uma mão e embolsar os lucros com a outra”, comentou Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). “Os patrões sempre querem aumentar seus lucros explorando os trabalhadores. Não concordo com nenhuma mudança, flexibilização ou qualquer outro nome que se queira dar ao ato de tirar direitos da classe trabalhadora”.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o empresário fez “chantagem”. “Se o Steinbruch vai condicionar o apoio à Dilma à inclusão da pauta dos empresários ao programa de governo, ele que saiba que ‘nem que a vaca tussa’ a presidenta vai retirar direitos dos trabalhadores. A CUT também não vai permitir”, disse Freitas.

Freitas vê as propostas de Marina Silva (PSB) e  Aécio Neves (PSDB) mais alinhadas ao desejo de Steinbruch, e elas ameaçam as conquistas dos trabalhadores: “Tanto o projeto de Aécio quanto o de Marina retiram direitos dos trabalhadores”, disse. “Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso propôs mudanças no artigo 618 da CLT, que retirava, claramente, o direito dos trabalhadores, o presidente da Câmara dos Deputados era Aécio Neves”, lembrou. “E quem estava lá para recepcionar e defender esse projeto nefasto era André Lara Resende e Eduardo Giannetti, que hoje compõem a equipe econômica de Marina”, disse Freitas.

O projeto foi aprovado na Câmara mas, em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou retirar o projeto da tramitação no Congresso. “Há muito a ser conquistado, mas o único projeto capaz de garantir os avanços mais significativos, que é um processo de luta, é o da presidenta Dilma Rousseff”.
Para João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário geral da Força Sindical, apesar de a CLT ser de 1943,  ela ainda representa um grande avanço da sociedade brasileira e um forte impulso para a classe trabalhadora. “Nossa CLT é uma das mais avançadas e modernas legislações trabalhistas que existem. Muito mais do que a dos Estados Unidos, por exemplo”, opinou. “Essa história de modificá-la se traduz, na verdade, na intenção de desregulamentar o mercado, permitir maior exploração da mão de obra com base na diminuição dos direitos dos trabalhadores”.
Por Aline Baeza, da Agencia PT de Notícias

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