Gleisi condena invasão de casa e escritório de advogados por decisão da Operação Lava Jato

“Usam instrumentos da Justiça para fazer retaliação política. É com violência desse tipo que se destrói o Estado de Direito”, denuncia a presidenta do PT. Outros deputados petistas também alertam para os abusos. “É retaliação por conta das derrotas da Lava Jato”, afirma Paulo Teixeira, secretário-geral da legenda

Gustavo Bezerra

Gleisi Hoffmann: “É gravíssima a decisão da Lava Jato de invadir a casa e o escritório do advogado que denunciou crimes e abusos de poder cometidos pela operação”

Líderes do Partido dos Trabalhadores condenaram a operação espetaculosa realizada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 9 de setembro, em escritório de advogados, autorizada pelo juiz federal Marcelo Breta, a pedido da força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), denunciou a ação da PF como retaliação contra o advogado Cristiano Zanin Martins, que atua na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele e o sócio, Ricardo Teixeira Martins, foram alvo da ação da PF, em ação autorizada pela Justiça Federal por pressão da Lava Jato.

“É gravíssima a decisão da Lava Jato de invadir a casa e o escritório do advogado que denunciou crimes e abusos de poder cometidos pela operação”, alertou Gleisi. “Usam instrumentos da Justiça para fazer retaliação política. É com violência desse tipo que se destrói o Estado de Direito”, condenou a parlamentar. Outros líderes petistas também denunciaram que Zanin sofre uma retaliação por parte da Lava Jato. Em nota divulgada nesta quarta-feira, o advogado acusou Bretas de atuar em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, com quem mantém ligação estreita.

A PF alega que a operação de busca e apreensão no escritório e na casa de Zanin, assim como de outros 25 advogados, teria como objetivo investigar um suposto esquema de tráfico de influência no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Tribunal de Contas da União (TCU). Os advogados teriam atuado ainda para desviar recursos milionários da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio) e de entidades do Sistema S. Zanin nega veementemente a acusação. Ele divulgou nota denunciando a ação espetaculosa da PF e acusando Bretas de tentar intimidá-lo.

Desespero

O líder da oposição, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a invasão de escritórios de advocacia, incluindo o de Zanin, mostra o “desespero do lavajatismo”. “A delação contra Zanin é assinada por advogadas de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz”, alertou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Ele também reiterou que a decisão de Bretas representa um “atentado à advocacia”, expressão cunhada pelo próprio Zanin.

O secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), também advertiu que a decisão do juiz é abominável. “A ação de Bretas contra advogados de Lula é retaliação em relação às derrotas da Lava Jato”, elencou. Nas últimas semanas, a força-tarefa passou a sofrer reveses em série no Judiciário, por conta dos abusos cometidos por procuradores e pelo ex-juiz Sérgio Moro.

No último dia 31 de agosto, o STJ mandou o ministro da Justiça, André Mendonça, responder em até cinco dias úteis sobre as cooperações internacionais da Lava Jato com os EUA, onde juízes e procuradores brasileiros fizeram ‘cursos’. O prazo venceu na terça-feira, 8 de setembro, e a decisão simplesmente não foi cumprida.  Nesta semana, após quase 3 anos de batalha judicial, o escritório de Zanin deveria começar a fazer o exame do material proveniente do acordo de leniência da Odebrecht, que foi guardado até agora em sigilo pela Lava Jato. “Dá para imaginar por que a Lava Jato invadiu nosso escritório e pegou nosso material?”, comentou o advogado.

“Era óbvio que a Lava Jato iria promover alguma retaliação contra mim, afinal, nos últimos anos atuei incessantemente para desmascarar seus abusos”, advertiu Zanin. “A invasão da minha casa e do meu escritório será por mim denunciada em todos os foros para que os responsáveis sejam punidos”, disse.

Ele lembrou, em nota divulgada à imprensa, outro fato: a delação premiada de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomercio, é assinada pelas advogadas Juliana Bierrenbach Bonetti e Ana Heymann Arruti, do escritório Bierrenbach & Pires Advogados. A banca assumiu a defesa de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz.

Da Redação

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