Gleisi Hoffmann ao 247: neoliberalismo não combina com democracia

Em entrevista à jornalista Tereza Cruvinel, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirma que o partido agora está mais preparado para enfrentar os desafios que tem pela frente

Ana Paula Schreider

A deputada federal Gleisi Hoffman (PR) foi reeleita como presidente do PT em novembro mas só na última sexta-feira, 17, os novos integrantes da Comissão Executiva foram escolhidos e empossados. E com isso, o partido concluiu a renovação de seu comando, depois de sofrer suas mais avassaladoras derrotas, com a deposição de Dilma Rousseff pelo golpe de 2016 e a prisão de Lula em 2018. Na eleição municipal de 2016, perdeu metade de suas prefeituras e na de 2018 viu sua bancada federal encolher.

Nesta entrevista ao Brasil 247, Gleisi Hoffmann diz que o partido agora está mais preparado para enfrentar os desafios que tem pela frente: o combate ao governo Bolsonaro e ao projeto neoliberal executado por Paulo Guedes, as eleições municipais e reconexão do PT com suas bases, os movimentos sociais e a sociedade.

As eleições, diz ela, serão também uma oportunidade para o partido e Lula falarem diretamente ao povo, quebrando a invisibilidade imposta pela mídia corporativa. Ela anuncia um reposicionamento da campanha Lula Livre, agora pela reconquista dos direitos políticos do ex-presidente, reafirma a opção por candidaturas próprios onde for possível, sem descartar alianças onde aliados de esquerda estiverem melhor posicionados. “O novo normal do governo é o desemprego, a fome voltando e a renda caindo”, diz ela, defendendo também uma oposição parlamentar mais agressiva das oposições no Congresso. Confira:

247 – Agora que a nova executiva foi composta e empossada, a senhora considera o PT melhor armado para enfrentar a conjuntura em curso, com governo autoritário, projeto neoliberal e eleições municipais à vista?

Gleisi – A recomposição do comando partidário é resultado de um processo de oito meses de discussões internas. Em abril do ano passado começamos a preparar o Congresso do partido, com a eleição dos delegados, por voto direto dos filiados. E assim foram eleitos os diretórios municipais, as direções estaduais e em novembro a direção nacional. Houve muito debate e muita participação, e isso foi muito importante, pois temos agora uma direção muito afinada com as bases partidárias. Finalmente agora em janeiro fizemos a composição do diretório e da executiva. São 94 membros do diretório e 26 da executiva. Considero que no final chegamos a uma composição muito positiva para o PT e para os desafios que precisamos enfrentar. Uma novidade que eu gostaria de destacar é o novo protagonismo das mulheres nessa nova gestão. Não que elas antes estivessem sub representadas. O estatuto do PT garante uma cota de 50% para a mulheres em seus organismos de direção. Mas agora temos um diferencial. Além de eu continuar na presidência do partido, temos mulheres em postos muito relevantes. Temos Gleide Andrade na secretaria de finanças, Maria do Rosário na de formação política, e Sonia Braga, do Ceará, na secretaria de organização. E ainda a Lucinha, da Bahia, na secretaria de movimentos populares, e a Laura Sitto na de mobilização. Agora seremos maioria. Serão 13 homens e 13 mulheres na executiva, mas contando com a presidente, as mulheres serão 14. Acho que o PT é o único partido com tal prevalência feminina. O PCdoB tem uma presidente mulher, a Luciana, mas não tem as cotas, assim como o PSOL.

247 – Ouvi críticas do gênero: a nova executiva foi renovada, está mais à esquerda que a anterior mas boa parte de seus integrantes carecem de maior experiência política para o enfrentamento da situação política atual. Isso procede?

Gleisi – Vamos lá. Estamos enfrentando uma situação difícil há pelo menos dois anos. E neste período, muitos disseram também que a direção carecia de experiência política. Com tudo o que enfrentamos, o PT era para estar destruído. E no entanto está vivo e ativo, sobreviveu a um massacre e aqui estamos polarizando com o Bolsonaro, na condição de partido que tem 30% de preferência dos brasileiros, segundo as pesquisas. O PT continua sendo o partido com mais força e protagonismo no campo da oposição ao governo que está aí. Tínhamos o Lula preso, interditado em sua ação política. Puxamos o Movimento Lula Livre, que encontrou eco na sociedade, para além do PT, e conseguimos a libertação do Lula. Daqui para a frente teremos outros desafios, mas a direção não é desprovida de experiência. Senão vejamos. Estou na presidência acompanhada, na executiva, de figuras como o José Guimarães, parlamentar experiente, ex-líder do partido na Câmara. Ninguém pode considerar inexperientes figuras como a deputada Maria do Rosário, o ex-ministro Luiz Dulci, o deputado Paulo Teixeira, que é o secretário-geral, o vereador Jilmar Tatto e outros mais. Todos são quadros provados no partido. O que buscamos foi combinar a renovação e a ampliação do espaço das mulheres com a escolha de quadros mais vividos e mais conhecidos. E isso resultará numa oxigenação do partido, num aumento de sua energia política.

Leia a entrevista na íntegra.

Por Brasil 247 

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