Guedes e Maia acertam acordo para arrochar ainda mais o povo

Seguindo a cartilha do sistema financeiro, que prega a manutenção do arrocho fiscal, presidente da Câmara janta um bode com o ministro da Economia, enquanto atende aos desejos do mercado e sinaliza com reformas para retirar direitos e assegura a manutenção do teto de gastos. Enquanto isso, 38 milhões de brasileiros devem seguir sem renda porque Bolsonaro não sabe como tirar o país da crise

Agência Brasil

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na pauta do Congresso, as reformas de ajuste fiscal, mas nenhum plano para o país criar mais empregos

O agravamento da crise econômica brasileira e a insistência de Jair Bolsonaro em aprofundar a agenda neoliberal de Paulo Guedes estão ampliando a percepção de que o país ruma para uma tragédia social em 2021. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas estima que 38 milhões de brasileiros ficarão sem renda a partir de janeiro, por conta do fim do auxílio emergencial, aumentando a desigualdade e aprofundando o abismo social. E a situação vai se agravar. Um acordo entre governo e Congresso prevê mais arrocho nas contas.

Insensível ao sofrimento da população, o ministro da Economia acertou ontem à noite com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma pauta que vai assegurar mais arrocho fiscal e a manutenção do teto de gastos, enquanto sinalizou com mais reformas – administrativa e tributária – para agradar ao mercado financeiro. Na mesa do jantar de reconciliação, um bode regado ao sofrimento do povo foi servido para os comensais. Ao final do encontro, Maia falou que será necessário cortar os gastos públicos no “músculo”.

Enquanto isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI), que só deixou de dar pitaco na condução da política econômica brasileiras nos tempos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, voltou a se intrometer nos destinos do país. Economistas do fundo recomendaram na segunda-feira, 5 de outubro, impor mais arrocho e manter a política de austeridade fiscal a qualquer preço. Tudo para manter a confiança. 

“Na ausência de evidências inequívocas da manutenção do teto de gastos, qualquer despesa adicional poderia minar a confiança do mercado e elevar as taxas de juros”, diz um relatório do FMI. “As reformas fiscais estruturais devem se concentrar na redução das despesas obrigatórias e da rigidez orçamentária, no fortalecimento da rede de proteção social e na modernização do sistema tributário”.

O FMI prevê uma queda da atividade econômica brasileira de 5,8% neste ano. É o maior recuo do Produto Interno Brasileiro (PIB) nas últimas décadas. E a situação pode ficar um pouco pior, mesmo com perspectiva de melhora em 2021. O Fundo precê riscos graves para o país, como “uma segunda onda da pandemia, as consequências de longo prazo de uma recessão prolongada e a vulnerabilidade a choques de confiança devido ao nível elevado da dívida pública no Brasil”.

Alerta para as consequências sociais

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou o Palácio do Planalto pela opção preferencial em continuar governando para assegurar os ganhos e os interesses das classes dominantes e dos ricos brasileiros. “Ora, 38 milhões de brasileiros ficarão sem renda a partir de dezembro com o fim do auxílio emergencial”, alerta. “Enquanto isso, Bolsonaro não tem nada para colocar no lugar e rejeita taxar os bilionários que elevaram patrimônio em R$ 177 bilhões na pandemia. Está claro para quem essa turma governa”.

“Guedes segue cegamente a cartilha neoliberal e defende teto dos gastos, que congelou investimentos por vinte anos os gastos em saúde e educação, enquanto aposta na iniciativa privada para sair da crise”, adverte Gleisi. “Como dizem por aí, segue o enterro, vão afundar o país”. A deputada diz que a saída para financiar um programa de renda básica, como propõe o PT com o Mais Bolsa Família, é custear a manutenção do auxílio emergencial de R$ 600 a partir de janeiro com a taxação de ricos e super-ricos. Ela também sugere como saída o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, lançado pelo PT em setembro.

A mesma recomendação fez a ex-presidenta Dilma Rousseff, em nota distribuída à imprensa nesta terça-feira, 6, em que denunciou o aumento da histórica desigualdade brasileira, diante da pressão do mercado para manter seus interesses intocados. “O que os banqueiros mais temem é ver a agenda neoliberal fracassar”, alerta Dilma. “Defendem com unhas e dentes a manutenção do ministro da Economia enquanto ele deixá-los livres da tributação de suas fortunas, assegurar que seus dividendos continuem intocados e, enfim, que seus ganhos de capital sejam assegurados”.

“No curto prazo, atemoriza os banqueiros a necessidade de abandonar o teto dos gastos para fazer frente à prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 até o final da pandemia”, ressalta a ex-presidenta. Ele defende a adoção do Mais Bolsa Família como saída para a crise, O programa é uma versão aprimorada do Bolsa Família, que permitiu durante os governos do PT superar a extrema pobreza. A ideia é assegurar proteção a todas as famílias com renda per capita de até R$ 600 reais.

Da Redação

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