Despreparado, Brasil terá queda na renda com guerra de sanções

Conflito na Ucrânia pega país indefeso e com economia em frangalhos. Com pressão inflacionária, especialistas apontam cenário desfavorável para abertura de postos de trabalho e alertam para perda de renda

Site do PT

Efeitos do conflito serão sentidos no bolso do povo, com mais desemprego e queda da renda

À medida que o conflito na Ucrânia se estende, cresce a percepção entre analistas de que a guerra de sanções econômicas agravará a crise, podendo até empurrar o mundo para uma nova recessão. No Brasil, o impacto das sanções terá efeito devastador, em um primeiro momento elevando ainda mais a taxa de juros e a pressão inflacionária. Ao mesmo tempo, uma queda da produção causada pela escassez de commodities como os fertilizantes irá derrubar ainda mais a renda da população e aumentar o desemprego, dois indicadores já seriamente comprometidos pela incompetência da dupla Bolsonaro e Guedes.

A guerra chega em um momento em que o Brasil encontra-se completamente indefeso diante de um quadro de volatilidade internacional, desgovernado e com a economia em frangalhos. O massacre imposto pela reforma trabalhista destruiu o mercado de trabalho pela precarização, deteriorando por completo o poder de compra do povo brasileiro. O resultado é uma explosão da pobreza. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) demonstram que o rendimento geral da população voltou para o nível de 2017.

Em 2021, a renda média, de R$ 2.587, caiu 7% em relação ao ano anterior, o menor nível da série histórica, segundo o IBGE. Com isso, foram tirados de circulação cerca de R$ 5,6 bilhões da economia. Não é por acaso: o ano fechou com quase 14 milhões de desempregados, quase 60% a mais do que em 2015, um ano antes do golpe de Estado que apeou Dilma Rousseff da Presidência. Um ano antes, a taxa de desemprego chegou a 4,8%, índice considerado como pleno emprego.

Legado infeliz de Bolsonaro

“Com o agravante de uma inflação alta e com grande peso na cesta básica, a população brasileira observa a sua capacidade de compra deteriorar a cada dia”, avaliou a professora do Departamento de Economia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (DeCE/UFRRJ), Débora Pimentel, na CartaCapital.

“Seja qual for o novo governo que chegará ao Palácio do Planalto a partir de primeiro de janeiro de 2023, os desafios serão enormes”, escreveu a economista. “O infeliz legado deixado pelo atual governo federal ainda proporcionará outros traumas para a população brasileira e precisará ser revertido a partir da reconstrução e do fortalecimento das instituições e do Estado brasileiro”.

Guerra afetará mercado de trabalho

Com uma atividade econômica moribunda, a perspectiva é que o conflito na Ucrânia agrave a situação do mercado de trabalho brasileiro, gerando mais perda de renda. Especialistas da Fundação Getúlio Vargas e da consultoria IDados enxergam com pessimismo uma possibilidade de recuperação, apontando para um cenário de desconfiança entre empresários quanto à abertura de novos postos de trabalho.

“Grandes incertezas pairam sobre a atividade econômica no Brasil e no mundo”, avaliou o economista Tiago Cabral, da IDados, ao jornal Valor.

Para ele, uma extensão da guerra irá levar a uma alta geral de preços, impactando diretamente na geração de empregos. “Qualquer perda de PIB que possamos ter com a guerra na Ucrânia vai se refletir no mercado de trabalho”, concordou Rodolpho Tobler, da FGV, em depoimento ao mesmo diário.

“Caso se prolongue por mais meses, o conflito deve agravar ainda mais o quadro inflacionário para 2022, motivando altas mais intensas de Selic pelo Banco Central brasileiro”, explicou Cabral. “Com esse contexto, é possível que as perspectivas de atividade e emprego no Brasil sejam ainda mais prejudicadas em 2022, dependendo da concretização de cenários mais pessimistas de inflação e de juros”, apontou o técnico da IDados. “Aí mesmo que a renda [do trabalhador] não se recupera”, concluiu Tobler.

Da Redação, com Valor

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast