Haddad ao ICL: “20 milhões de brasileiros vão deixar de pagar IR”

Em entrevista, ministro da Fazenda afirma que justiça tributária é prioridade, critica juros altos e ressalta a busca do país por novos mercados consumidores

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Haddad reforça compromisso com inclusão econômica e políticas sociais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista ao ICL Notícias na manhã desta terça-feira (23) e trouxe uma leitura abrangente sobre os temas centrais da agenda econômica e política do governo Lula. De forma serena e firme, defendeu medidas de equidade fiscal, explicou os impactos da política econômica e comentou sobre democracia, manifestações e o papel do Judiciário.

Justiça tributária

Durante a entrevista, Haddad afirmou que o governo segue firme na estratégia de ampliar a justiça tributária de desoneração de quem ganha até R$ 5 mil e tributação dos super-ricos. “20 milhões de brasileiros vão deixar de pagar o Imposto de Renda”, explicou.

E mostrou onde está a dificuldade no avanço da pauta. “O Congresso está muito maduro para aprovar a isenção. O problema é aprovar a compensação, que é o andar de cima que não paga imposto de renda, pagar”.

O ministro também falou sobre a importância de aumentar os ganhos dos trabalhadores, afirmando que o país vive o maior crescimento real de salário desde o Plano Real. Segundo ele, isso é reflexo de políticas voltadas à melhoria do poder de compra da população e à redução das desigualdades.

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Tarifaço de Trump

Questionado sobre o “tarifaço” imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, Haddad relembrou sua primeira reação: “quando o tema surgiu, eu falei: ‘me parece um tiro no pé, me parece uma decisão impensada’”. E explicou que os consumidores americanos estão entre os que mais sentem os impactos dessa ação. 

Do lado do governo brasileiro, o ministro lembrou que “o Brasil diversificou muito” suas exportações e lançou um plano de contingência para as empresas atingidas, incluindo a diversificação de mercados e a busca por soluções diplomáticas. “Nós produzimos coisas muito boas, as melhores do mundo. Então, nós não temos dificuldade de realocar as nossas exportações”, afirmou.

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Juros e crise

Sobre juros, Haddad destacou a necessidade de alteração de rumos na política monetária do Banco Central. “Eu entendo que tem espaço para esse juro cair. Acredito que nem deveria estar em 15%”, disse. 

Segundo ele, nada justifica o patamar atual da Selic. “Eu acho que a inflação no Brasil, esse ano, vai ser igual ou menor do que do ano passado”, afirmou, dando entretanto um voto de confiança ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. “Ele tem 4 anos de mandato e vai, na minha opinião, entregar um resultado consistente para o Brasil”. 

Democracia e judiciário

A entrevista também trouxe reflexões de Haddad sobre democracia e participação popular, citando as manifestações contra a PEC da Blindagem e a anistia, ocorridas neste domingo (21). “É bonito ver o cidadão se manifestando […] Essa volta às ruas é uma coisa que pode fazer muito bem pra nós no curto prazo”.

O ministro destacou ainda a importância do Judiciário para a estabilidade do país. Segundo ele, a atuação do STF na tentativa de golpe de 8 de janeiro foi precisa. “A história ensina que você tem que punir a tentativa, porque senão o golpe vai acontecer. E é isso que o Supremo, em boa hora, está fazendo”.

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Ao longo da entrevista, Haddad reforçou que o governo pretende continuar avançando em políticas de inclusão econômica, priorizando medidas que impactem positivamente a vida das pessoas comuns. “É essa esperança que vai voltando às ruas, sabe? […] Da pessoa saber que faz diferença você eleger um presidente. Faz diferença você sonhar com um país melhor”.

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Da Redação

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