Histórias reais de quem conviveu com armas de fogo em casa
Vasculhamos na internet alguns depoimentos que vão te fazer refletir sobre o decreto de posse de armas assinado por Bolsonaro
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O governo Bolsonaro parece tratar o decreto sobre posse de armas como uma grande brincadeira — que dará lucros altíssimos às empresas que vendem o produto — e ignora de forma categórica os dados sobre o aumento da violência que os armamentos podem, e vão, causar.
Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil e secretário de recuos da gestão, comparou arma de fogo a liquidificador e os aliados de Bolsonaro comemoram a falsa sensação de segurança que revólveres e pistolas trarão.
Um movimento encabeçado pelas mulheres criou a #SeEleEstivesseArmado com relatos de violência de homens e levantam o questionamento sobre quem serão as vítimas do armamento proposto por Bolsonaro.
Para explicar (mapear, desenhar…) o risco de ter uma arma de fogo em casa, separamos relatos reais de pessoas que foram às redes sociais alertar a população sobre o risco de conviver com o “revólver do papai”.
Aqui vai um spoiler, o resultado não vai te deixar nada bem:
Filha de policiais
A Bianca Andrade é filha de policiais e narrou, em uma thread do Twitter, a sensação de insegurança que era ter duas armas de fogo em casa. Ela conta ainda que dois revólveres de seus pais foram parar no mercado ilegal.
Sou filha de pai e mãe policiais. Cresci em um lar com duas armas. Vou contar a vocês minha experiência em relação a isso.
— Bianca Andrade (@biancandrade) January 16, 2019
Aumento nos casos de suicídio
Em uma thread perturbadora e urgente, James Cimino fala sobre o suicídio de sua mãe. Atenção, se você não estiver preparado, não leia!
Eu tive uma arma sem registro dentro da minha casa. Acabou na maior tragédia da minha vida. E isso aconteceu ANTES do estatuto do desarmamento. A cada retweet eu conto uma parte da história.
— James Cimino ???????????️??? (@rei_da_selfie) January 16, 2019
Armas traz também problemas burocráticos
Pelo Twitter, este usuário trouxe um outro problema de se ter uma arma. A responsabilidade. Ele conta que um amigo que tinha uma arma legalizada foi assaltado e chamado para um crime cometido (adivinhe?) cometido com seu revólver.
Eu tinha um colega de trabalho no Brasil que adorava armas. Ele tinha duas em casa, escondidas. Adquiridas legalmente. Uma thread
— pacman (///) #eleNão (@pac_man) January 15, 2019
De quem era a arma que o matou?
Este usuário contou como seu pai foi assassinado por um ladrão que entrou em sua casa.
Meu pai era comerciante em 1977,tinhas armas em pontos estratégicos dentro de casa e no comércio dele,ladrão entrou matou ele com sua própria arma e deixou 5 crianças pequenas,ele só tinha 42 anos!
— NEM TO AI! (@EuSouEueVcQuemE) January 15, 2019
Risco para a família
E o Sidney Costa e Silva narrou uma cena tristíssima envolvendo seu irmão.
Meu pai tinha um local seguro p/ guardar as três pistolas, mesmo assim meu irmão de 16 anos usou uma delas p/ atirar em seu próprio peito em 25 de junho de 1975.
— ?????? ????? ? ????? (@silneyart) January 15, 2019
Impotência
A Suzana Jardim, pelo Facebook, conta de uma invasão a sua casa por ladrões e que a arma (que estava escondida) não interferiu na insegurança.
Meu pai tinha uma arma em casa.Nos anos 90.Um dia uns caras entraram na minha casa pra assaltar.Renderam meus…
Publicado por Suzane Jardim em Quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Arma e depressão
A Daniela Gebenlian conta, também pelo Facebook, do caso de uma adolescente depressiva que ela conheceu e que se matou com a arma que o pai tinha em casa.
O ano era 1997.Eu sempre briguei com o peso e na adolescência ir para um SPA era uma viagem frequente de férias.Fiz…
Publicado por Daniela Gebenlian em Quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Não terminou em morte, mas…
A história do Acácio Augusto poderia ter terminado em tragédia também. Ele relata como sua mãe era ameaçada por seu pai, que tinha uma arma na cintura (e muitas vezes nas mãos).
Meu pai tinha uma .765 totalmente legal. Ele saiu de casa quando eu tinha 12 anos. Nesse tempo deu para vê-lo fazendo várias paraquadas, qualquer coisa ele sacava. Chegou a aponta-la para minha mãe mais de uma vez. Ele não era um homem mal, mas comum. O ferro meche com o cabra.
— acácio augusto (@acacio1871) January 15, 2019
Vamos botar a mão na consciência?
A Juh Ruiz trouxe uma reportagem da Revista Fórum com um caso de um homem que matou a companheira a tiros em um shopping no Ceará um dia depois do decreto assinado por Bolsonaro.
No dia que Bolsonaro assinou o decreto para liberar a posse de arma em casa e em local de trabalho, um homem entrou em…
Publicado por Juh Ruiz em Terça-feira, 15 de janeiro de 2019
E tá errado?
E para finalizar, o Alexandre Andrada faz uma reflexão sobre como é pensada a política pública no governo Bolsonaro.
Na minha família, até um tempo atrás, as pessoas tinham armas em casa e nunca aconteceu tragédia alguma.
Sabe o que isso significa?
Nada, que não se faz política pública, nem ciência social baseando-se em uma observação individual.
— Alexandre Andrada (@AFS_Andrada) January 15, 2019
Da Redação da Agência PT de notícias