Bolsonaro, o presidente ioiô

Em apenas nove dias de gestão, atual governo já recuou nove vezes de anúncios, decisões, decretos. Até mesmo o presidente precisou ser desmentido por ministros

A esquerda já previa que Bolsonaro fizesse um governo antipovo, entreguista e cheio de desinformações, mas nem o mais apurado analista político poderia prever que Bolsonaro seria um presidente ioiô. É isso mesmo: ele fala uma coisa e recua, fala uma coisa e recua. Não basta ser o presidente que diminui o salário mínimo, que retira direitos e quer sufocar o trabalhador com uma agressiva reforma da Previdência. Ele também é aquele cuja palavra não se sustenta mostrando a incapacidade notória dessa gestão.

Segundo reportagem publicada na Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (10), ele recuou nove vezes em nove dias. Aliás, se você der uma busca no Google, vai encontrar mais de 100 mil resultados na busca “Bolsonaro recua”.

O primeiro recuo a gente não esquece

No primeiro dia Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil que admitiu ter recebido caixa 2, garantiu que as primeiras medidas do novo governo só seriam anunciadas no dia 2 de janeiro. Horas depois Bolsonaro assinava o decreto que garfava R$ 8 do salário mínimo.

“Despetização”

Uma das primeiras medidas adotadas pelo desgoverno de Bolsonaro foi uma caça às bruxas ideológica no Planalto. Novamente Onyx Lorenzoni protagoniza uma lambança. Ele exonerou 320 servidores da Casa Civil e paralisou o trabalho da Comissão de Ética Pública, que perdeu 16 dos 17 funcionários. Dias depois houve mais um recuo e os funcionários foram renomeados.

Recuo em dose dupla

Os recuos três e quatro vieram a galope. No dia 4 de janeiro, Bolsonaro anunciou o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a redução de uma das taxas do IR (Imposto de Renda). No mesmo dia, Onyx Lorenzoni — sempre ele — desmentiu o próprio chefe.

Vai e volta de ministros

Onyx Lorenzoni, que fala mais sobre o governo do que Bolsonaro, anunciou nos primeiros dias do ano que apresentaria as metas dos 100 primeiros dias de gestão, mas até agora o trabalho não foi entregue e ainda por cima foi desmentido por Augusto Heleno, que comanda o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e se tornou um porta-voz, assim como Onyx, do recuo presidencial.

Base americana

Em entrevista na TV, Bolsonaro afirmou ver a possibilidade de manter uma base militar americana no Brasil. Novamente Augusto Heleno veio à público recuar da decisão.

Recuo aéreo

Bolsonaro, que fala pelos cotovelos, colocou em dúvidas a venda da Embraer para a Boeing. Mais uma vez, Augusto Heleno desmentiu.

Recuo relâmpago

Nesta terça-feira (8), o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) determinou, por tempo indeterminado, a paralisação de todos os processos de aquisição, desapropriação e qualquer outra forma de obtenção de terra para a Reforma Agrária. Às 22h13 do mesmo dia, o Incra recuou e revogou as ordens.

Recuo literário

O último efeito bumerangue de Bolsonaro tem a ver com os livros didáticos. Seu Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez publicou nesta terça-feira (8) uma nova versão de um edital que orienta a produção de livros escolares. A publicação deixa de exigir referências bibliográficas e permite ainda propagandas. Além disso, foi retirado do material o compromisso com a não violência contra as mulheres e a promoção da cultura dos quilombolas e dos povos do campo. Em tempo recorde – menos de 24 horas – Bolsonaro recuou e anulou a decisão.

Da Redação da Agência PT de notícias, com informações da Folha de S. Paulo

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