Haddad: “Impeachment sem crime é golpe parlamentar”

“O impeachment é um remédio amargo demais para ser tomado sem comprovação de crime, e é isto que está acontecendo”, afirmou o prefeito de São Paulo

Haddad irá acionar o MP (Foto: João Valério/Imprensa Haddad)

Ao participar de uma sabatina nesta quarta-feira (31), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, enfatizou que aconteceu um golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Para ele, é inadmissível para uma democracia o afastamento de uma governante eleita legitimamente para um mandato de quatro anos, sem a existência de crime de responsabilidade.

Haddad esteve na rádio “CBN”,  horas antes de o Senado Federal votar o afastamento de Dilma e a primeira pergunta foi sobre este assunto. “O impeachment é um remédio amargo demais para ser tomado sem comprovação de crime, e é isto que está acontecendo”, respondeu.

O prefeito afirmou que acompanhou a argumentação de parlamentares defensores do afastamento e reforçou que não encontrou razão para cassar o mandato.

“Na opinião de muitos juristas, inclusive da imprensa internacional, se trata de um impeachment sem crime comprovado. Isso não é opinião só minha, é dos grandes veículos de comunicação do mundo. Basta ler os editoriais dos principais jornais do mundo, como o New York Times (EUA) e o Le Monde (França). Eu compartilho a opinião deles”, disse.

Haddad em sabatina na "CBN" (Foto: Fernando Cavalcanti/Imprensa Haddad)

Haddad em sabatina na “CBN” (Foto: Fernando Cavalcanti/Imprensa Haddad)

A opinião de Haddad sobre a crise política nacional tem sido uma das perguntas feitas pelos jornalistas da imprensa tradicional que acompanham suas agendas de campanha.  Na “CBN”, ele foi questionado se a palavra “golpe” é forte demais. E ele reafirmou: “É um golpe parlamentar. O Congresso Nacional está usando de um expediente para comprometer a democracia”.

O prefeito falou ainda sobre o que mudou entre o golpe que deu início a uma ditadura civil-militar (1964-1988) em 1964 e este, de 2016. Para ele, é preciso discutir as diferenças entre os dois episódios porque este foi um golpe articulado dentro das instituições.

Haddad criticou a PEC da Desigualdade, proposta defendida pelo governo golpista: “A PEC 241, por exemplo, proposta de emenda à Constituição, do governo Temer, congela os gastos sociais por 20 anos. Num país que depende tanto dos investimentos públicos, é uma questão de responsabilidade social e não uma oposição sistemática”.

Para o prefeito, o caminho para retomar a democracia é fortalecer a democracia por meio da participação popular e de diálogo entre movimentos sociais e governantes.

À noite, Haddad concedeu uma entrevista ao vivo para o “Jornal da Gazeta” e classificou o impeachment de Dilma como “uma anomalia, um impeachment sem crime de responsabilidade”. “Em ato contínuo, reconheceu que não houve crime, mantendo seus direitos políticos”, comentou.

O prefeito comentou que Dilma foi afastada por razões políticas, acusada por parlamentares envolvidos em escândalos de corrupção.

Pelo Facebook, Haddad contou ter telefonado para Dilma após o fim da sessão no Senado:

Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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