Indústria ‘leve’ e programas sociais explicam retomada industrial no Nordeste

Avaliação é do economista e professor da Universidade Federal do Ceará, que afirma que a indústria voltada para bens de consumo não-duráveis é menos afetada por crises

A retomada do crescimento industrial no Brasil em maio, puxada por dois estados nordestinos, é atribuída à indústria de perfil ‘leve’ e ao pagamento de benefícios por programas sociais do governo federal. A avaliação é do economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor pela Universidade de Paris, Jair do Amaral Filho.

“A indústria do Nordeste é leve, voltada para bens de consumo não-duráveis, que é menos afetada pela crise, apesar da queda na massa salarial”, explica o especialista.

A retomada da atividade industrial foi constatada pela pesquisa mensal da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme reportagem publicada no dia 10 de julho, na Agência PT de Notícias. Em maio, os estados do Ceará, Pernambuco e Amazonas foram responsáveis pelos maiores crescimentos da indústria brasileira naquele mês.

Onde a indústria tem perfil mais intensivo com produtos de linha mais pesada, a pesquisa registrou comportamento menos auspicioso do parque industrial. “São Paulo, com uma indústria mais pesada, sofre mais”, comprova Amaral, especialista em crescimento e desenvolvimento econômico local e regional.

“Deve- se lembrar que os programas sociais do governo, fortes no Nordeste, continuam pagando em dia. Eles não demitem beneficiários”, compara.

Crescimento – Em âmbito nacional, o crescimento foi de 0,6%, graças ao desempenho de nove dos 14 estados pesquisados pelo IBGE, como o Ceará, que liderou a ofensiva com crescimento de 3,6%. O Amazonas, com 2,6%, e Pernambuco, 1,4%, vieram em seguida.

Do Sudeste, maior parque industrial do país, só Minas Gerais, com crescimento de 1,3%, mostrou desempenho acima de 1%, embora tenham sido registrados pequenos avanços também em Santa Catarina, de 0,7%, Espírito Santo, com 0,6%, São Paulo, 0,5%, Paraná, 0,3%, e Rio de Janeiro, 0,2%.

Amaral mostra-se surpreso com a inclusão do Amazonas como segundo melhor resultado do mês. “No caso de Pernambuco, especificamente, deve-se notar seu novo perfil industrial e ver também a sazonalidade da safra do açúcar. Minha surpresa é Amazonas, pois o polo da Suframa está sofrendo com retração”, observa.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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