Insistência na sabotagem mostra que não há saída com Bolsonaro
Bolsonaro continua atentando contra a vida da população e ainda tenta prejudicar a CPI da Covid, que poderá apurar os crimes cometidos por ele durante a pandemia
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Se depender de Jair Bolsonaro, o Brasil não vai vencer a guerra contra o coronavírus. Nos últimos dias, o atual presidente deu repetidas provas de que não está disposto a mudar sua política genocida, que tem levado milhares de brasileiros à morte todos os dias. E ainda tenta sabotar a CPI da Covid, fundamental para apurar as ações dele e de seus ministros na gestão da pandemia.
Na sexta-feira passada (9), com mais de um ano de atraso, o Ministério da Saúde finalmente anunciou uma campanha educativa estimulando o uso de máscaras. O que fez o presidente no dia seguinte? Surgiu em público sem máscara e causando aglomeração em Brasília, apenas para gerar mais uma de suas peças publicitárias. Acabou ouvindo de uma trabalhadora o que toda a nação, à exceção de uma minoria de apoiadores, tenta fazê-lo escutar há mais de um ano. “Pode não”, disse a vendedora de frango, após Bolsonaro se convidar a entrar na tenda sem máscara.
O papelão de Bolsonaro ocorreu apenas três dias depois de ele voltar a mentir ao país, apresentando Chapecó (SC) como exemplo de combate à pandemia graças a um inexistente “tratamento precoce”. Isso apenas para insistir nos ataques ao isolamento social e fazer um contraponto marqueteiro ao sucesso alcançado por Araraquara (SP), governada por Edinho Silva (PT), graças ao lockdown e outras medidas.
Sem responsabilidade nem vacina
Bolsonaro pode, assim, até rir amarelo, como fez diante da trabalhadora que lhe impôs limite, mas não consegue ser honesto nem assumir a postura esperada de um presidente da República quando seu povo é abatido por um inimigo poderoso e mortal. Outra prova disso é a entrevista que seu quarto ministro da Saúde concede nesta segunda-feira (12) à Folha de S. Paulo. Ao jornal, Marcelo Queiroga, mais uma vez, mostra que tem como principal função livrar Bolsonaro de toda e qualquer responsabilidade.
“É meu dever persuadir meu presidente em relação às melhores práticas. Se eu não conseguir, a falha é minha, e não do presidente”, afirmou Queiroga, não deixando mais dúvidas de por que foi escolhido para a pasta. E disse isso logo após apontar a campanha pelo uso de máscaras como seu principal feito até agora. O mesmo que Bolsonaro sabota.
Queiroga traz ainda uma notícia desanimadora aos brasileiros: não consegue resolver a sabotagem à vacinação realizada desde o ano passado por seu chefe. Em 2020, além de dar várias declarações contra a imunização, Bolsonaro recusou a oferta de 70 milhões de doses (um número quase três vezes maior que as doses administradas até agora).
O resultado é anunciado agora pelo ministro da Saúde: é preciso esperar que outras nações se vacinem para o Brasil adquirir mais doses, o que só deve ocorrer daqui a meses. “A partir do segundo semestre conseguiremos ter mais doses disponíveis. O maior país a vacinar a população é os Estados Unidos. Depois que conseguirem vacinar a população deles, vamos ter mais doses, e essa é a nossa expectativa”, disse Queiroga.
Com medo da CPI
Como bem disse o presidente Lula, em entrevista na sexta-feira à tevê italiana, “genocida” pode parecer uma palavra forte, mas não há forma mais precisa de se referir a um presidente que, mesmo tendo acesso a informações transmitidas pelos maiores especialistas em saúde do mundo, continua agindo para impedir o combate ao coronavírus, que chega a matar mais de 4 mil brasileiros por dia.
Além de mentir, sabotar vacinas e máscaras e negar auxílio emergencial digno, entre uma série de outras ações (veja aqui 10 provas de que ele agiu como genocida), Bolsonaro retira recursos do país no momento mais crítico. Dados da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado (Conorf) mostram que o gasto do Poder Executivo no combate à pandemia de coronavírus nos 100 primeiros dias deste ano é 12 vezes menor do que a média de 2020.
Não surpreende, portanto, que Bolsonaro tente agora prejudicar a CPI da Covid, cuja instalação foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que havia assinaturas de senadores suficientes para sua realização. No domingo e nesta segunda-feira, trechos de conversa de Bolsonaro com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) foram publicadas por este último, numa clara tentativa de constranger ministros do Supremo e desviar o foco para prefeitos e governadores, que, todos sabem, são os únicos que têm lutado de forma séria contra o vírus.
“Conversa sobre CPI da Covid é mais um crime de responsabilidade de Bolsonaro, que tenta atacar ministros da Suprema Corte numa conspiração para se livrar dos crimes sanitários que cometeu e jogar a culpa em governadores e prefeitos. Quem quer CPI ampla não quer investigar nada”, denuncia a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). Como bem ressalta Gleisi, a CPI da Covid é um passo fundamental para que os crimes de Bolsonaro na Presidência sejam apurados, cabendo ao Congresso Nacional tomar as medidas necessárias para salvar a nação da tragédia.
CPI da Covid é fundamental na luta pela vacina e p/ chamar governo federal a agir corretamente. Investigar e cobrar crimes de Bolsonaro é melhor contribuição do Congresso p/ nos salvar da tragédia, o q nunca impediu nem impedirá outras ações do Legislativo, inclusive impeachment
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) April 11, 2021
Da Redação, com Folha de S. Paulo, UOL e Agência Senado