Janot recomenda e Gilmar Mendes retoma inquérito contra Aécio
“É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, disse um delator da Lava Jato. Ministro do STF tentou engavetar investigação, mas PGR negou
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou, nesta quinta-feira (2), a retomada do inquérito que investiga o senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dia após parecer no qual a Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se a favor do prosseguimento das investigações que apuram supostos crimes cometidos pelo senador em Furnas, empresa subsidiária da Eletrobrás.
O delator Fernando Moura afirmou, em depoimento ao juiz Sério Moro, da Operação Lava Jato, que as propinas de Furnas eram controladas pelo senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG). De acordo com o lobista, um terço do valor era repassado ao tucano.
“É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, relatou Moura, ao citar uma reunião que teria acontecido em 2002 para a escolha de nomes para a diretoria de estatais.
Há duas semanas, o ministro Gilmar Mendes, relator da investigação, suspendeu as diligências e devolveu o processo para o procurador-geral Rodrigo Janot. Na ocasião, ao decidir a questão, Mendes entendeu que não há fatos para uma nova investigação contra o senador, sendo que o procurador pediu o arquivamento de um primeiro pedido em março do ano passado.
Na manifestação, além de indicar que há novas provas para o prosseguimento do inquérito, Janot diz que o ministro não pode se recusar a dar prosseguimento ao inquérito sem a anuência da procuradoria. Entre as provas estão os depoimentos do ex-senador Delcídio do Amaral, nos quais Aécio foi citado como recebedor de “pagamentos ilícitos”, feitos, segundo ele, pelo ex-diretor de Furnas Dimas Toledo.