Juvandia Moreira: “Juros altos do BC bolsonarista afetam a geração de empregos”

Semana é marcada por articulações nacionais para pressionar Campos Neto, presidente do Banco Central, pela redução da taxa de juros

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"Nós vamos conversar com o presidente do Senado para pedir o afastamento do Campos Neto, para conversar sobre essa política de juros e vamos mostrar o que está acontecendo no Brasil", afirmou Juvandia Moreira

Na véspera do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que vai tratar da taxa Selic, Juvandia Moreira, vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), concedeu entrevista ao Jornal PT Brasil. Durante a fala, a dirigente comentou sobre a campanha nacional contra juros abusivos do Banco Central que começou na última sexta (16) e quais as próximas ações no país. 

A atividade em São Bernardo do Campo contou com a presença da deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e também do deputado Lindberg Farias, que está coordenando a Frente Parlamentar Mista pela redução das taxas de juros. Segundo Moreira, o ato contou ainda com a participação de todos os sindicatos da região, em especial os metalúrgicos do ABC, que estão sentindo o impacto dos juros altos.

“Não só no ABC, mas o Brasil todo está com os pátios cheios, sentindo os impactos dos juros altos. Se não vende, os pátios ficam cheios, se estes ficam assim os trabalhadores correm risco de perder seu emprego. Começa com férias coletivas e o próximo passo é o desemprego, que é o que acontece no comércio, que também sente bastante os impactos”, relatou. 

Conforme explicou a dirigente, quando uma  pessoa compra um automóvel, metade do que é pago é juros. “Como a pessoa vai conseguir comprar um carro? Elas não estão conseguindo comprar e isso está impactando nos empregos, e a mesma coisa acontece no comércio. Você vai comprar uma geladeira, você paga uma geladeira e meia. Essa metade que você paga são juros. E os juros são baseados nessa taxa Selic, que o BC estabelece. Ela é a taxa básica. Ou seja, se ela está alta as outras taxas todas vão ficar altas. E isso é um problema para a população porque ela não consegue financiar uma casa própria porque se for financiar um apartamento, vai pagar dois no final porque os juros estão muito altos”.

Um outro impacto que existe, além do custo, é a transferência de renda das pessoas mais pobres para aqueles ricos que têm condições de fazer investimento, de colocar o dinheiro em títulos da dívida pública, em algum título que está lastreado na Selic. “Quem paga isso paga o governo, que emitiu esses títulos. O governo está gastando em torno de R$ 600 bilhões com o serviço da dívida. Ele paga isso em um ano. Imagina esse dinheiro na economia? Quantas casas próprias, moradias populares, creches e hospitais. Então quanto mais alta a taxa de juros, mais o governo gasta”, criticou.

“E de onde sai esse gasto? Ele sai do orçamento, sai do nosso dinheiro, do que estamos pagando de impostos. Então, é outro problema porque isso também encarece as contas do governo. Além de atrapalhar a população, encarecer a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, a população de maneira geral, também encarece os gastos do governo. Ao invés do governo ter dinheiro para investir, gerar emprego e renda, o governo tem que pagar para o mercado financeiro, para os especuladores”, questiona.

Ouça a entrevista pela Rádio PT:

Encontro com presidente do Senado

Ela informou ainda que haverá atividade no dia 21 na Câmara dos Deputados, com a Comissão Parlamentar Mista Pela Defesa da Redução dos Juros. No dia 22 está agendada uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Ela lembrou que a Casa que pode trocar o presidente do BC se ele não for competente. “Se ele não está cumprindo o seu papel e não mostra competência, o Senado pode exonerá-lo”, declarou.

“Nós vamos conversar com o presidente do Senado para pedir o afastamento do Campos Neto, para conversar sobre essa política de juros. Vamos mostrar o que está acontecendo nas fábricas, as indústrias e no comércio, o desemprego que isso pode gerar se continuar dessa forma, vamos conversar com quem pode de direito tomar uma providência. Porque tem reunião do Copom dias 20 e 21 e eles vão dizer se vão reduzir ou não as taxas de juros”, revelou.

Apoio popular

A vice-presidenta da CUT destacou ainda que a campanha tem apoio do MST, MTST e outros movimentos de moradias. “É importante que os movimentos sociais participem dessas atividades porque toda a população está sendo afetada assim como toda a política pública está sendo afetada tal qual o crédito que está sendo reduzido.”

Por fim, ela conclamou toda a sociedade a participar dos tuitaços com a hashtag #JurosBaixosJá, a fim de cobrar o BC bolsonarista às vésperas da reunião dos dias 20 e 21 que vai tratar sobre a manutenção ou queda das taxas. 

Da Redação do Elas por Elas, com informações da CUT

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