Lideranças cobram eleições transparentes e respeito ao resultado das urnas, na Bolívia

“Conclamamos a comunidade internacional a estar atenta para que as eleições do próximo domingo na Bolívia ocorram de forma transparente e que seus resultados sejam respeitados”, adverte nota assinada por lideranças políticas regionais. Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff assinam documento. A presidenta Gleisi Hoffman está em La Paz integrando a delegação do Observatório do Parlasul e representando o Partido dos Trabalhadores

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Luis Arce, novo presidente da Bolívia

Em nota divulgada nesta sexta-feira, 16, lideranças politicas regionais alertaram a opinião pública da América Latina e do mundo para as eleições que ocorrem a Bolívia no domingo, 18. “Conclamamos a comunidade internacional a estar atenta para que as eleições do próximo domingo na Bolívia ocorram de forma transparente e que seus resultados sejam respeitados”, alertam. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff assinam o documento, encabeçado pela vice-presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner. 

Os líderes do Grupo de Puebla advertem sobre o papel da Organização dos Estados Americanos (OEA) e seu secretário-geral, Luis Almagro, que apoiaram os golpistas nas eleições de 2019. Sem assumir os graves erros cometidos anteriormente, Almagro nomeou como chefe da Missão de Observação Eleitoral a mesma pessoa que chefiou a missão da organização em 2019. “Essa decisão mina a confiança na transparência, neutralidade e natureza técnica da Missão de Observação Eleitoral da OEA e constitui uma provocação aberta e irresponsável por parte do Secretário-Geral”. afirmam os líderes ibero-americanos que integram o Grupo de Puebla.

A presidenta Gleisi Hoffmann está em La Paz, capital da Bolívia, acompanhando o processo eleitoral. Na sexta-feira, antes de embarcar, Gleisi afirmou que “depois do golpe que a Bolívia sofreu, essas eleições devem dar a correção de rumo, resgatando a soberania do voto”. Ela integra a delegação do Observatório do Parlasur/Parlasul e também representa o Partido dos Trabalhadores. “É muito importante o acompanhamento de observadores internacionais. É uma das formas de se garantir e respeitar o resultado das urnas”, ressaltou.

Favorito nas pesquisas, Luis Arce, o candidato do Movimento ao Socialismo (MAS), do ex-presidente Evo Morales, chega às urnas no domingo com grandes chances de derrotar o golpismo e restaurar a democracia no país. Diante disso, exilado na Argentina desde o golpe de 2019, ex-presidente Evo Morales alerta para risco de novo ataque à democracia e pede respeito às urnas. “A única forma de viabilizar o desenvolvimento e a estabilidade na Bolívia é respeitando as eleições e seus resultados”, advertiu Morales.

Lula, Gleisi e Dilma. Foto: Ricardo Stuckert

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA

Nós, que assinamos esta declaração, expressamos nossa grave preocupação com a posição da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a atitude assumida por seu Secretário-Geral antes das próximas eleições de 18 de outubro na Bolívia.

A OEA tem uma grande responsabilidade pela deterioração da democracia boliviana no ano passado. A Missão de Observação Eleitoral da OEA nas eleições de outubro do ano passado denunciou a existência de uma “mudança drástica e difícil de justificar na tendência da votação”.

Essa afirmação, que serviu de base para o golpe contra o presidente Evo Morales e a constituição do atual governo de fato na Bolívia, foi amplamente examinada por especialistas e acadêmicos de vários centros de estudos e universidades dos Estados Unidos, que identificaram que a “mudança de tendência” denunciada pela OEA não foi nada irregular e que se deveu à entrada tardia de votos de áreas geográficas favoráveis ao MAS.

Dadas as inúmeras evidências de seus erros, a OEA teve que iniciar uma investigação do ocorrido e um processo de reflexão por parte das mais altas autoridades da organização, mas, longe de assumir reflexivamente os graves erros cometidos, o Secretário-Geral Luis Almagro nomeou como Chefe da Missão de Observação Eleitoral a mesma pessoa que chefiou sua missão em 2019. Essa decisão mina a confiança na transparência, neutralidade e natureza técnica da Missão de Observação Eleitoral da OEA e constitui uma provocação aberta e irresponsável por parte do Secretário-Geral.

Também é muito preocupante que, em vez de condenar os abusos dos direitos civis e políticos cometidos pelo governo de facto da Bolívia e as tentativas antidemocráticas de proibir o MAS e seus candidatos, e em vez de convocar eleições pacíficas e rejeitar a crescente e preocupante violência pré-eleitoral, o Secretário-Geral da OEA, Luis Almagro, decidiu destacar as palavras do Ministério do Interior da Bolívia sobre a possibilidade de “uma nova fraude” do MAS. Essas atitudes apenas polarizam de forma imprudente um cenário político já tenso e conflituoso poucos dias antes das eleições.

Por fim, conclamamos a comunidade internacional a estar atenta para que as eleições do próximo domingo na Bolívia ocorram de forma transparente e que seus resultados sejam respeitados.

Cristina Fernández de Kirchner (ex-presidente e vice-presidente da Argentina), Luiz Inácio Lula da Silva (ex-presidente do Brasil), Dilma Rousseff (ex-presidente do Brasil), Ernesto Samper (ex-presidente da Colômbia e ex-secretário-geral da Unasul), Rafael Correa (ex-presidente do Equador), Manuel Zelaya (ex-presidente de Honduras), Salvador Sánchez Ceren (ex-presidente de El Salvador), Jorge Taiana (ex-chanceler da Argentina), Celso Amorim (ex-chanceler do Brasil), Ricardo Patiño (ex-chanceler do Equador), Jorge Lara Castro (ex-chanceler do Paraguai), Hugo Martínez (ex-chanceler de El Salvador), Guillaume Long (ex-chanceler do Equador), Eduardo Valdés (Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados da Argentina), Juan Pablo Letelier (Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado do Chile).

Da Redação

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