Temendo derrota por aliado de Morales, direita pode tramar novo golpe na Bolívia

Elite  manobra para impedir iminente vitória de Luis Arce, candidato progressista pelo MAS (Movimento ao Socialismo) nas eleições presidenciais do dia 18 de outubro. Atual presidenta interina Jeanine Áñez desiste de concorrer para forçar um segundo turno entre Arce e o ex-presidente Carlos Mesa. Exilado na Argentina desde o golpe de 2019, ex-presidente Evo Morales alerta para risco de novo ataque à democracia e pede respeito às urnas. “A única forma de viabilizar o desenvolvimento e a estabilidade na Bolivia é respeitando as eleições e seus resultados”, advertiu Morales

A menos de duas semanas das eleições presidenciais na Bolívia, marcadas para 18 de outubro, o partido do ex-presidente Evo Morales, MAS (Movimento ao Socialismo), segue resistindo às perseguições e ataques da extrema direita, mantendo-se como favorito para vencer o pleito. Com a desistência da atual presidenta interina Jeanine Áñez de concorrer, agora desenha-se um cenário de segundo turno entre o candidato do MAS, Luis Arce, e o ex-presidente Carlos Mesa. De acordo com uma pesquisa divulgada na semana passada, Arce aparece com 41,2% das intenções de voto, enquanto Mesa possui 33,5%.

Para vencer ainda no primeiro turno, Arce, que tem como vice o ex-ministro das Relações Exteriores de Morales, David Choquehuanca, precisará obter mais de 40% e ultrapassar Mesa em pelo menos 10 pontos percentuais. Ou seja, a possibilidade ainda não está descartada, apesar de ser mais remota por especialistas. A desistência de Áñez foi vista como uma estratégia desesperada da extrema direita para evitar uma vitória de Arce já no primeiro turno, com a transferência de seus votos para Mesa e terceiro colocado, Luis Fernando Camacho.

Acuada, a elite tem feito todo tipo de manobras para impedir a volta dos progressistas ao poder. O partido de Morales tem sido alvo de ataques a sedes de campanha, como a de Cochabamba. Na quarta-feira (30), um comitê de campanha do MAS foi atingido com bombas de gás lacrimogêneo. Além disso, há em curso uma estratégia para impugnar, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, candidaturas do partido, por suposto descumprimento de regras eleitorais, inclusive a chapa presidencial.

Em uma das ações, Luis Arce, que foi ministro da Economia de Morales, é acusado de divulgar pesquisas internas do MAS, uma infração pela legislação boliviana. A punição para a suposta ilegalidade de Arce pode levar à cassação do partido. Trata-se de mais uma manobra da elite para impedir a volta de um governo popular na Bolívia, a exemplo do golpe de 2019 que exilou Evo. Sabe-se, que o presidente do Tribunal Eleitoral, por exemplo, tem ligações estreitas com Mesa, o nome dos conservadores no pleito.

Na semana passada, o ex-presidente Evo Morales, exilado na Argentina desde o golpe que o apeou do poder, alertou para o perigo de um novo retrocesso  no país caso haja outra tentativa de golpe para impedir mais uma vitória legítima do MAS.

“Fazemos um chamado à comunidade internacional para que esteja atenta às tentativas de golpe do governo de facto de gerar episódios de violência para evitar que hajam eleições”, escreveu Morales, pelo Twitter. “A nossos compatriotas pedimos que não caiam em provocações”, advertiu o líder progressista.

Nesta segunda-feira (5), Morales voltou a afirmar a importância das eleições para restabelecer a democracia no país. “A única forma de viabilizar o desenvolvimento e a estabilidade em na Bolivia é respeitando as eleições e seus resultados”, observou o ex-presidente. “Vamos recuperar a democracia com a consciência e paciência do povo, sem entrar em provocações, sem ressentimentos nem vinganças”, aconselhou.

“Vamos a volver”

Respeitada a vontade popular nas urnas, Arce deverá ser o próximo presidente da Bolívia. Sua campanha vem ganhando mais adesões e sendo ampliada nas plataformas digitais. Desde a semana passada, o candidato do MAS viralizou a canção popular “Vamos a volver” (nós vamos voltar) nas redes sociais. No vídeo de pouco mais de um minuto, imagens mostram diversas ruas bolivianas tomadas pela população, muitas marchando com bandeiras e cartazes com o nome de Arce e do partido. As belas imagens terminam com o candidato ovacionado pelo povo.

Da Redação

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