Lula: encontrar familiares em quartel seria um desrespeito com eles

Advogado revelou que ex-presidente ficou indignado com as condições apresentadas por Dias Toffoli para que ele fosse encontrar familiares após sepultamento

Eduardo Matysiak

Advogado de Lula, Manoel Caetano Ferreira

Após a decisão inútil do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, parte da imprensa publicou ‘reportagens’, nesta quarta-feira (30), sugerindo que, ao fim de todo o malabarismo da PF e da justiça, foi Lula que não quis ir até São Paulo. O magistrado concedeu liminar, na tarde desta quarta (30), para que o ex-presidente encontrasse seus familiares e o corpo do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, em um quarte militar e não no cemitério.

O que os veículos de imprensa não explicam é que não haveria tempo hábil para o ex-presidente ver o corpo do irmão já que o sepultamento estava ocorrendo quando a decisão foi dada. Além disso, outras publicações  focaram na permissão da liminar para que Lula encontrasse seus familiares em um quartel mesmo após o enterro, o que por si só é uma afronta e um desrespeito, segundo afirmou o advogado do ex-presidente Manoel Caetano Ferreira em coletiva de imprensa.

“O presidente não concordaria em se reunir com sua família em um quartel. Ele disse claramente que seria ‘um vexame, que seria um desrespeito com a família’ que ele fosse vê-la em um quartel”, disse Manoel Caetano Ferreira, advogado de Lula em Curitiba. Ainda segundo o defensor, a decisão de Toffoli, além de estabelecer condições das quais Lula jamais aceitaria, como a de submeter o encontro a um quartel militar, não tem sensibilidade com o momento.

“Lula encontra os familiares todas às quintas-feiras, aqui [em Curitiba], quando eles vêm visitá-lo. Então, num momento como esse, o lugar menos adequado para encontrar os familiares seria um quartel. Ele sentiu muito a morte do irmão com quem sempre teve um vínculo muito forte. E sentiu muito de não poder encontrar com ele para dar o seu adeus”, revelou Ferreira.

Na petição entregue à justiça informando que Lula não aceitaria se encontrar com sua família em uma unidade militar, a defesa ainda explica que “essa posição, cumpre salientar, não implica em qualquer renúncia ao direito sustentado, mas o doloroso desdobramento de um inequívoco constrangimento ilegal ao qual o Peticionário foi submetido até a decisão proferida por Vossa Excelência”.

Lula refém e a falta de coragem da justiça

Presente no enterro, Frei Chico, irmão de Lula e Vavá, criticou a posição da justiça, da PF e do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Segundo ele, faltou coragem para que eles permitissem a saída do ex-presidente para acompanhar o velório. Chico lembrou que até na ditadura Lula pôde ir ao sepultamento da mãe e foi acompanhado por dois policiais, que não tiveram nenhum problema.

“Se esses caras tivessem coragem, entendessem o caráter do Lula, eles deixariam ele vir, porque saberiam que ele voltaria tranquilamente. Em 1980, Lula estava preso no Dops quando nossa mãe morreu. Veja vocês o quadro que estamos vivendo no Brasil. A repressão mudou, mas mudou de tal forma que ninguém vê hoje, mas ela existe e até mais violenta”, aponta Frei Chico.

Leia na íntegra a petição da defesa de Lula após decisão de Toffoli

Da Redação da Agência PT de Notícias

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