Lula: “Privatização não resolve o problema, mas sim crescimento econômico”

Em entrevista a rádio, Lula explica que privatização da Petrobrás e da Eletrobrás prejudica programas sociais como o Luz Pra Todos e ainda aumento os preços dos combustíveis e da energia elétrica

Ricardo Stuckert

Lula: "Bolsonaro tem o rabo preso aos preços internacionais dos combustíveis"

Lula desmentiu, nesta terça-feira (24), em entrevista à rádio +Brasil News, o discurso de que os problemas da economia brasileira serão resolvidos com a privatização das grandes empresas públicas. Pelo contrário, ressaltou, a venda das estatais reduzirá a capacidade do Estado de fazer investimentos na área social e impulsionar a economia do país.

“O povo cansou de mentira. A privatização não resolve o problema. O que resolve é crescimento econômico, é geração de emprego, é melhorar o salário mínimo, é melhorar a vida do povo trabalhador, é investir mais na educação, investir mais no nosso jovem, criar mais oportunidades de emprego. É disso que o povo está precisando”, afirmou o ex-presidente. “Se vender a Eletrobrás, acabou um programa como o Luz Pra Todos”, completou (assista à íntegra no fim da matéria).

Segundo Lula, uma das maiores mentiras que vêm sendo contadas aos brasileiros é a de que a privatização da Petrobrás e da Eletrobrás vai reduzir o preço dos combustíveis e da energia elétrica.

“Eles diziam que a gasolina ia ficar mais barata e, por essa razão, privatizaram a BR. Então, nós tínhamos uma grande empresa distribuidora que era a BR. Bom, essa empresa foi esquartejada, privatizada, e hoje nós temos 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos sem pagar imposto e cobrando a preço de dólar aqui no Brasil”, denunciou.

Também de acordo com Lula, Jair Bolsonaro, que acaba de anunciar mais uma troca na presidência da Petrobrás, não faz aquilo que é realmente necessário para que os preços do gás, do diesel e da gasolina abaixem.

“Não adianta o Bolsonaro trocar de presidente, ele tem que trocar de postura. Ele precisa ter coragem de assumir a Presidência deste país de verdade. Ele pode fazer uma reunião com o Conselho Nacional de Política Energética, trazer o Conselho da Petrobrás para a mesa, e decidir que o preço não será dolarizado”, disse.

“O que ele tem que ter é coragem. Porque o que ele tem é o rabo preso aos preços internacionais. É por isso que ele não tem coragem de mudar”, acrescentou.

Teto de gastos

Lula também voltou a criticar o teto de gastos, que impede o governo de fazer mais investimentos em programas sociais e repassa mais dinheiro para o sistema financeiro.

“Por que aprovaram o teto de gastos? Porque os banqueiros são gananciosos. O teto de gastos foi uma forma que a elite econômica achou para evitar que os pobres tivessem aumento nos benefícios, nas políticas sociais, na educação, na saúde, para garantir que os banqueiros não deixem de receber”, explicou.

Por isso, o ex-presidente garantiu que, se voltar a governar o Brasil, terá responsabilidade social, não teto de gastos. “Eu já fui presidente durante oito anos e nunca precisei de teto de gastos para ser responsável”, salientou, lembrando que nos anos do PT, o Brasil foi o único país do G20 a fazer superávit primário todos os anos.

LEIA MAIS: O que é o Teto de Gastos e como ele afeta o Brasil

O crime de Moro

Outro tema abordado na entrevista foi a aceitação pela Justiça Federal do Distrito Federal de uma ação popular impetrada por deputados do PT contra o ex-juiz Sergio Moro, por ilegalidades praticadas no processo da Lava Jato, além de prejuízos causados à economia brasileira.

“Pessoalmente, acho que Moro cometeu um crime contra este país. Os prejuízos que o Brasil teve com o carnaval feito pelo ex-juiz foram muito grandes. Praticamente R$ 170 bilhões que deixaram de ser investidos. Foram 4,5 milhões de pessoas que perderam seu emprego. Foi a destruição quase completa da indústria de óleo e de gás no Brasil, da indústria naval brasileira, da engenharia civil brasileira”, elencou.

No entanto, Lula ressaltou: “Eu só espero que, nessa acusação contra o ex-juiz Moro, ele tenha o direito de defesa e a presunção de inocência que eu não tive com ele. Eu espero que, se ele for julgado, que ele tenha direito de toda a defesa, que ele possa se defender, que a imprensa seja honesta ao divulgar as coisas contra ou a favor a ele, e não com a parcialidade que transmitiram as coisas contra mim”.

Da Redação

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