Lula: “Tenham certeza de que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira”

Em Niterói (RJ), presidente defende retomada do setor estratégico durante lançamento da Obra no Canal de Lourenço. Empreendimento vai gerar 20 mil empregos diretos e indiretos e estimular construção de novas embarcações

Ricardo Stuckert

Soberania: obra do Canal de São Lourenço vai impulsionar todos os setores ligados à indústria naval e gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos

O presidente Lula anunciou que o governo federal está dando início à restauração da indústria naval brasileira, uma promessa feita por ele durante a campanha. Em discurso forte, por ocasião do lançamento das obras de dragagem do Canal de São Lourenço, em Niterói (RJ), na terça-feira (2), Lula enfatizou que um país exportador, como o Brasil, necessita de navios próprios, como forma de promover o desenvolvimento nacional e a soberania nos mares.

“Quero que vocês tenham certeza de que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira. Não é possível sermos um país que tem 90% do comércio feito através do mar e ainda termos déficit na balança comercial porque nossos produtos são exportados e importados em navios de bandeira estrangeira”, observou o presidente.

A intervenção no Canal de São Lourenço vai impulsionar todos os setores relacionados à indústria naval, com a geração de mais de 20 mil empregos diretos e indiretos. “É verdade que pode ser mais barato em alguns dólares, mas o fato de a gente alugar um navio lá fora, a gente não vai gerar emprego aqui, nem gerar pequenas e médias indústrias locais ou ter componentes nacionais”, defendeu Lula, referindo-se à reverberação positiva que a indústria naval promove na economia.

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A obra vai aumentar, de 7 para 11 metros, a profundidade de um trecho da Baía de Guanabara, entre a Ilha da Conceição e a Ponte Rio-Niterói. O objetivo é incrementar a operacionalidade dos estaleiros e estimular a construção de embarcações e o setor de reparos. Ao todo, serão investidos R$ 157 milhões, dos quais R$ 137 milhões virão da Prefeitura de Niterói e, outros R$ 20 milhões, da Companhia Docas do Rio de Janeiro, empresa pública ligada ao governo federal.

“O presidente Lula, desde o primeiro momento, me colocou que era uma prioridade do seu governo a gente poder fortalecer o Porto de Niterói, a indústria naval de Niterói, para que a gente possa voltar a gerar emprego, gerar renda e, sobretudo, trabalhar pelo desenvolvimento econômico da região”, afirmou o ministro de Portos e Aeroportos Silvio, Costa Filho.

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Lula lembrou da época em que assumiu a Presidência pela primeira vez, em 2003, e encontrou a maioria dos estaleiros do país paralisados. “A gente saiu de menos de 3 mil trabalhadores para 86 mil trabalhadores na indústria naval, com vários estaleiros montados e funcionando em diversos lugares”, exaltou o presidente.

Conduzida e implementada pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o Banco do BRICS, a política de recuperação da indústria naval brasileira investiu, a partir de 2003, cerca de US$ 100 bilhões na construção de plataformas, petroleiros, sondas de perfuração, barcos de apoio, entre outros. Isso permitiu a geração de milhares de empregos diretos e indiretos no Brasil.

Em vídeo publicado na rede social X, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), membro da Frente Parlamentar de Defesa da Indústria Naval, celebrou a retomada da política de conteúdo local e a recuperação da atividade naval no Rio de Janeiro. “Você sabia que, só aqui em Niterói e em São Gonçalo, já chegamos a ter 30 mil empregos diretos na indústria naval, nos estaleiros? Temer e Bolsonaro acabaram com isso”, recordou Lindbergh.

Lloyd Brasileiro

A história da indústria naval brasileira remonta ao período do Segundo Reinado (1840-1889), quando D. Pedro II era imperador. Na década de 1990, já no período republicano, ela sofreu forte baque com as políticas liberais de desmonte promovidas pelo antecessor de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). Mais recentemente, os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) também levaram adiante medidas semelhantes.

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O Lloyd Brasileiro consta na história do país como a primeira estatal brasileira de navegação. Em 1880, o Barão de Jaceguai, o vice-almirante Artur Silveira de Mota, elaborou projeto para a construção de uma companhia de navegação de grande porte, constituída por meio da fusão de todas as empresas em atividade no Brasil. A ideia era manter as linhas de navegação existentes e estabelecer outras duas transoceânicas.

Apesar das dificuldades financeiras que o projeto enfrentou mesmo recebendo auxílio do governo imperial, o Lloyd Brasileiro é finalmente fundado em 1894, ano em que entra em vigor a Constituição da Primeira República. A partir de 1913, a estatal começou a apresentar saldos positivos, principalmente por conta da Primeira Guerra Mundial. Ao fim do conflito, do qual o Brasil participou, a companhia de navegação recebeu navios da derrotada Alemanha, como forma de reparação.

Da Redação, com Agência Brasil, Globo e Site do Planalto

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