Margaridas entregam reivindicações ao governo federal

Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e a autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda estão entre as pautas

Patrick Grosner/Audiovisual-PR

Margaridas durante ato no Palácio do Planalto para a entrega de reivindicações

A pouco mais de dois meses da realização da sétima Marcha das Margaridas, maior encontro de mulheres do campo, das florestas, das águas e das cidades da América Latina, a organização do movimento esteve em Brasília, na quarta-feira (21), para apresentar a ministros e ministras do governo federal uma pauta com reivindicações composta por 13 eixos. O ato, que será realizado entre os dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, acontece a cada quatro anos. O tema desta ano é “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.

“O Brasil voltou para as mulheres, e voltou para as mulheres do campo! Queria dizer em nome do governo Lula: que bom que vocês vão marchar esse ano. Que coisa linda que vai ser essa marcha”, afirmou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

Na cerimônia realizada, segundo o Ministério das Mulheres, a coordenadora da Marcha, Mazé Morais, afirmou que as pautas apresentadas pelas Margaridas não dizem respeito a apenas um ministério, mas a todo o governo. E mencionou os novos tempos com que são recebidas no Palácio, depois de anos de retrocessos em todas as áreas.

“Representamos milhares de mulheres que enraízam a sua existência em uma diversidade de territórios rurais, mulheres que vêm de uma realidade bem difícil. Desempenhamos um importante papel na produção de alimentos saudáveis, aquela comida que chega, de verdade, na mesa do brasileiro. Somos fundamentais para a preservação da biodiversidade e para a conservação dos nossos biomas, somos guardiãs dos saberes populares que herdamos das nossas ancestralidades”, destacou a coordenadora-geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais.

A marcha é organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com o apoio de outras entidades sindicais. Participam camponesas, quilombolas, indígenas, cirandeiras, quebradeiras de coco, pescadoras, marisqueiras, ribeirinhas e extrativistas de todo o Brasil.

A secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, participou da atividade. Ela destacou a importância de as mulheres do campo e das florestas estarem, novamente, reunidas para marchar em agosto: “A Marcha das Margaridas tem um simbolismo enorme para o movimento de mulheres no Brasil. Margarida Alves foi símbolo de resistência e coragem, tudo que caracteriza essas mulheres que estão aqui hoje e que estarão em Brasília daqui a alguns meses”, lembrou Moura.

“Nós, da Secretaria Nacional de Mulheres, estamos muito empolgadas em poder rever nossas companheiras. Vamos colorir a Esplanada com nossas faixas. Mas, acima de tudo, temos certeza que, com o governo Lula, as pautas dessas mulheres terão voz”, assegurou.

Morais revelou que a pauta da Marcha das Margaridas de 2023 foi construída em diversas reuniões pelo país, realizadas desde 2021, e apresenta aquilo que as mulheres consideram necessário para “combater a violência sobre os nossos corpos” e “efetivar programas, medidas e ações que contribuam para nossa autonomia econômica”.

“Nós nos guiamos pelos princípios de um feminismo anticapitalista, antirracista, anti-patriarcal que reflete cada uma das nossas realidades; o feminismo que valoriza a vida, vinculando a defesa da agroecologia, dos territórios, dos bens comuns.”

Confira abaixo os 13 eixos das reivindicações das Margaridas:

  • Democracia participativa e soberania popular;
  • Poder e participação política das mulheres;
  • Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
  • Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;
  • Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
  • Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
  • Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios (territórios costeiros, influenciados pela maré);
  • Direito de acesso e uso social da biodiversidade e defesa dos bens comuns;
  • Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
  • Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
  • Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária;
  • Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo; e
  • Universalização do acesso à internet e inclusão digital.

Da Redação do Elas por Elas, com informações da Agência Brasil, da Contag e da Fetase

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