Maria do Rosário cresce 14 pontos nas intenções de voto e se aproxima do atual prefeito
Em reta final de campanha, Rosário tem denunciado o machismo e misoginia de Melo nos ataques dirigidos a ela, e apontado as graves falhas do atual prefeito no enfrentamento das enchentes
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Maria do Rosário cresceu 14 pontos percentuais nas intenções de voto para a prefeitura de Porto Alegre (RS), e se aproxima do atual prefeito, Sebastião Melo (MDB). Os dados são da pesquisa do instituto Real Time Big Data, encomendada pela RECORD e divulgada nesta terça-feira (15).
Embora Melo lidere com 53%, Maria do Rosário subiu para 40%, após receber 26,28% dos votos válidos no primeiro turno, em um cenário que demonstra o desejo de mudança de grande parte dos porto-alegrenses, insatisfeita com a atual gestão da prefeitura.
Os números apresentados se referem à pesquisa estimulada, na qual os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados. O instituto Real Time Big Data ouviu 1.000 pessoas entre os dias 12 e 14 de outubro, com uma margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e um nível de confiança de 95%.
Misoginia
Em uma participação no debate da Band no início desta semana, seguindo o tom de sua campanha, Sebastião Melo deu um show de machismo e misoginia contra a candidata Maria do Rosário: “Agora tem a Maria do Rosário raivosa que o Brasil inteiro e a cidade conhecem, mas, para ser prefeito, tem que ter equilíbrio,” insinuou Sebastião Melo, tentando deslegitimar a candidata.
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Para Maria Rosário, o uso de termos utilizados por Melo como “raivosa”, “brava”, “alterada” são um exemplo claro de machismo, utilizados para desqualificar as mulheres. Isso não apenas deslegitima a voz da mulher, mas também perpetua estereótipos prejudiciais sobre como as mulheres devem se comportar na esfera pública: “Quantas vezes você, mulher, se posicionou contra alguma injustiça, e ouviu que estava exagerando, sendo agressiva, raivosa?” questiona Rosário, denunciando a misoginia de Melo, toda vez que é questionado sobre temas de sua gestão como corrupção, negligência durantes as enchentes, etc. e refletem a realidade que muitas mulheres enfrentam, sobretudo na política.
Negligência de Melo na prevenção às enchentes
Com menos de 10 dias para o segundo turno, Maria do Rosário continua a destacar, em entrevistas e debates, a negligência de Sebastião Melo na manutenção das estações de bombeamento e do sistema de drenagem como fatores que contribuíram para a tragédia causada pelas enchentes.
No entanto, apesar das graves falhas do atual prefeito no enfrentamento das inundações, ele continua liderando as intenções de voto para o segundo turno, inclusive nos bairros mais afetados pela enchente. Em entrevista ao Canal ICL, a historiadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em Ciência Política, Celi Pinto, aponta que uma das razões para isso é a estratégia adotada por Melo, que desde o início da enchente teve uma atuação pífia, mas tem buscado fugir da responsabilidade, culpabilizando o governo federal.
“Desde o momento da enchente, ele se colocou como mais uma vítima das inundações. Por outro lado, o Governo Federal se colocou muito atuante, o presidente Lula esteve três vezes em Porto Alegre, criou o Ministério da Reconstrução do RS [os recursos do governo federal totalizaram R$ 98,7 bilhões para ações emergenciais e para a reconstrução. Enquanto isso, Melo tenta associar tudo que foi feito aos voluntários, e tudo que dá errado, ao governo [federal], que é quem está mais presente, já que ele tem sido totalmente omisso”. Para Céli Pinto, infelizmente, essa estratégia de evasão de responsabilidades por parte de Melo tem funcionado.
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Entretanto, Maria do Rosário reafirma que a “obrigação de cuidar das casas de bomba e do sistema de comportas é do prefeito.” Para a candidata, é urgente implementar um sistema de proteção eficaz contra enchentes, garantindo que tragédias como essa nunca mais se repitam. Esse tema é um dos focos centrais de seu programa de governo.
Se eleita, Maria do Rosário afirmou vai recriar o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) para administrar a drenagem, manutenção e controle de cheias na cidade. Ela também propõe a criação do Conselho da Reconstrução de Porto Alegre, que será composto por especialistas, universidades, conselhos profissionais e técnicos, e, especialmente, moradores afetados pelas enchentes, levando em conta as necessidades de todos os envolvidos.
Maria do Rosário (PT) não defende criminosos
No início desta semana, em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV, Maria do Rosário apresentou suas principais propostas para Porto Alegre e falou dos ataques que recebe em relação à sua atuação em defesa dos direitos humanos. Ela ressaltou que estereótipos e fake News sobre seu trabalho, como a ideia de que “defende bandidos”, não refletem a realidade de seu trabalho. Rosário enfatizou que nunca defendeu criminosos, e inclusive, é autora de leis que endurecem penas para crimes.
Durante a sabatina, Maria do Rosário abordou os desafios de lidar com os ataques que tem enfrentado, destacando que seu trabalho no Congresso e sua atuação como Ministra dos Direitos Humanos (2011) tem sido utilizada e têm distorcida, inclusive por pessoas do próprio Congresso, para disseminar informações falsas e atacá-la. Ela esclareceu que sua missão, enquanto ministra, era defender pessoas vulneráveis, citando o caso da juíza Patricia Acioli, assassinada com 21 tiros em agosto de 2011. Acioli, titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo (RJ), foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a grupos de extermínio na região, o que levou Rosário a ser alvo de perseguições devido a essa atuação.
Ela também mencionou seu trabalho após o assassinato da líder rural Maria do Espírito Santo da Silva, em Nova Ipixuna, Pará, em 24 de maio de 2011; sua atuação no caso Marielle, entre outros casos, que foram utilizadas para criar narrativas negativas sobre ela. Entretanto, frisou: “Nunca jamais defendi qualquer bandido ou qualquer crime. As pessoas que defendem os direitos humanos são pela vida e pela paz”, afirmou, reforçando sua posição e compromisso com a segurança e os direitos da população.
No sexto mandato como deputada federal, Maria do Rosário apresenta uma produção legislativa consistente, incluindo iniciativas voltadas à proteção de policiais. Em 2024, ela protocolou o projeto de lei 7478/2014, que visa aumentar as punições para atos criminosos cometidos contra funcionários públicos no exercício de suas funções ou em decorrência delas. A proposta abrange agentes de segurança pública, magistrados, promotores, auditores fiscais e outros servidores.
Na justificativa do projeto, Rosário menciona o trágico caso de 2013, quando pelo menos 37 policiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul foram assassinados fora do serviço, após serem identificados como integrantes da corporação.
Durante a entrevista, Maria do Rosário também destacou suas propostas para a área de segurança pública em Porto Alegre. Se eleita, ela se compromete a apoiar a Guarda Municipal, promovendo a integração entre a guarda, a Brigada Militar e a Polícia Civil. Além disso, pretende criar territórios seguros em torno das escolas e do Mercado Público, assim como instalar seguranças efetivas compartilhadas em centros de bairros como Otto Niemeyer, Cavalhada e Restinga. Essas propostas refletem seu compromisso com a segurança da população e a valorização dos profissionais que desempenham funções essenciais na sociedade.
Da Redação