Médico de Vavá ficou indignado com veto à ida de Lula ao velório do irmão

“Me amedronta quando a justiça parece não fazer justiça e soa como se estivesse fazendo vingança. Como médico e defensor da vida não podia deixar de fazer esse relato.”

Reprodução/DCM

"Fui talvez umas das primeiras pessoas a saber de seu falecimento e na hora me veio uma pergunta. E agora? Será que vão deixar Lula vir vê-lo?"

O depoimento do médico Jorge Abissanra, oncologista que atendeu ao irmão mais velho de Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, viralizou na internet.

O médico lamenta que a justiça brasileira tenha sido tão cruel em não deixar Lula velar o irmão.

Jorge atendeu Vavá até sua morte, na última terça-feira (29). O irmão de Lula faleceu em decorrência de um tipo raro de câncer que afeta os vasos sanguíneos.

Leia o depoimento na íntegra:

“Morre Vavá, meu paciente e coincidentemente irmão de Lula

Nesses últimos dias tive um paciente ilustre, seu Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula.

O atendia no SUS, senhor sempre simpático, com vestes simples, humilde e acompanhado sempre de sua adorável filha Andreia.

Ele nunca me disse que era irmão do ex-presidente mas todos obviamente sabíamos.

Já muito debilitado pela doença avançada, sem uma das pernas amputadas pela câncer, Vavá parecia dar de ombros pela situação que o acometia.

Sempre tinha um sorriso no rosto e um olhar alegre pra transmitir.

Fui talvez umas das primeiras pessoas a saber de seu falecimento e na hora me veio uma pergunta. E agora? Será que vão deixar Lula vir vê-lo?

Não sabia como funcionava a legislação brasileira sobre o tema.

Pois bem, fui atrás e descobri que só em 2018 185 mil presos saíram pra ir a enterro de parentes no Brasil. Isso mesmo, 185 mil.

Como havia sido convidado pelo família, fui ao velório em respeito a meu paciente e sua filha e lá vi tamanha consternação de seu famoso irmão não estar presente.

Me fica uma dúvida. Independente de minha opinião política sobre Lula e independente da de qualquer um, fiz meu papel de médico com o maior carinho, profissionalismo e dedicação possível.

Não será que deveria também ser esse o papel do judiciário? Se 185 mil custodiados no último ano puderam participar de homenagens aos seus entes falecidos por que não Lula?

Me amedronta quando a justiça parece não fazer justiça e soa como se estivesse fazendo vingança. Como médico e defensor da vida não podia deixar de fazer esse relato.

A Lei é pra todos.”

Da Redação da Agência PT de Notícias

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