Medidas desastradas de Bolsonaro e Guedes agravaram a crise brasileira

Técnica do Dieese avalia que a desigualdade e a fome no país resultam da condução econômica e do desmonte do Estado. “Nossa história vai mudar”, garante Lula

Foto: Leonardo Henrique

Desastre de Guedes e Bolsonaro na área social gerou 33 milhões de famintos (Foto: Leonardo Henrique)

A atual tragédia socioeconômica brasileira é resultante muito menos de elementos externos do que das medidas tomadas por Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes ao longo de três anos e meio de destruição deliberada. Se hoje 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome, é graças à precarização do mercado de trabalho, ao desmonte de políticas públicas de segurança alimentar, à dolarização dos combustíveis, à inflação galopante e à inexistência de um projeto de desenvolvimento.

A avaliação foi feita na manhã desta quinta-feira (18) por Adriana Marcolino, técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Subseção Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em entrevista à jornalista Amanda Guerra, no Jornal PT Brasil, Adriana expôs os motivos da explosão da desigualdade social no Brasil sob o desgoverno Bolsonaro.

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“Depois do golpe e, mais recentemente, no governo Bolsonaro, o conjunto de políticas públicas que existiam de proteção social e de eliminação da pobreza foi desmontado”, observa ela. A retirada dos direitos dos trabalhadores desde o golpe, diz, agravou a situação. “Hoje, no Brasil, a gente tem, a cada 10 pessoas no mercado de trabalho, pelo menos quatro numa situação bastante precária. Ou estão num trabalho tão precário que sequer conseguem pagar suas contas ou estão desempregadas.”

Assista a entrevista de Adriana Marcolino ao Jornal PT Brasil:

A vulnerabilidade é maior porque o desgoverno Bolsonaro, movido por uma ideologia neoliberal que desestruturou o Estado e os serviços públicos, desmantelou políticas como a de aquisição de alimentos e de apoio à agricultura familiar, prossegue Adriana. E as idas e vindas dos valores e número de beneficiários do auxílio emergencial, criado durante a pandemia, redundaram no que ela considera uma “cópia malfeita” do Programa Bolsa Família.

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“Quando os movimentos sociais propuseram R$ 600 no começo da pandemia, o valor da cesta básica era de R$ 600. Mas agora o valor da cesta básica está em R$ 760”, exemplifica a técnica do Dieese. A alta dos itens da cesta básica é ainda superior à da inflação de dois dígitos causada pela condução neoliberal da economia do país, uma das mais altas do mundo atualmente, lembra ela.

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“Além do cenário internacional, que já era bastante crítico, o governo federal instituiu políticas que ampliaram esses problemas”, aponta Adriana. “Tem um conjunto de elementos que são característicos da forma como esse governo está conduzindo a economia e que fizeram com que a inflação explodisse.”

Entre eles, a falta de uma política de produção de alimentos e de estoques reguladores para reduzir a oscilação dos preços. “A desastrosa política de preços da Petrobrás que fez explodir o preço dos combustíveis – preço básico da economia que impacta todos os preços dos produtos e serviços – e o câmbio, pois o real se desvalorizou muito e gerou impacto, porque muitos produtos que compõem as cadeias produtivas no Brasil são importados”, continua Adriana.

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Falta projeto de desenvolvimento, aponta Adriana

Para a economista do Dieese, um novo governo, a partir de 2023, não pode ter “política de ocasião”, como o desgoverno Bolsonaro fez agora com o Auxílio Brasil. “Precisa sim de medidas emergenciais, mas elas precisam ser pensadas de modo articulado.”

“O sucesso do Programa Bolsa Família é que não era só um programa de transferência de renda, era uma política articulada com várias outras políticas”, ressalta ela. “Políticas de educação, de formação profissional, de acesso ao mercado de trabalho, de investimento na agricultura familiar, de aquisição de alimentos para distribuição para a população mais vulnerável.”

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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de fato operava no sentido de garantir estoques reguladores que reduziam a situação de preços, protegendo o produtor e também os consumidores dessa situação, aponta Adriana. A concentração de território cultivado no Brasil a partir da expulsão dos povos do campo é outro elemento preocupante, afirma ela, que defende a retomada da política de reforma agrária e de acesso à terra para a produção de alimentos.

“Eu acho que o Brasil, nesses últimos sete anos, teve uma destruição de um projeto de desenvolvimento. Então, é preciso pensar num projeto de desenvolvimento que seja sustentável, que tenha uma preocupação com a redução da desigualdade social”, finalizou a economista do Dieese.

Lula: “Vamos fazer a maior transformação que esse país já viu”

As causas da inflação, que fez explodir a desigualdade social no Brasil, foram abordadas na “17ª Jornada Nacional de Debates Dieese”, nesta quarta-feira (17), por professores da Escola Dieese de Ciências do Trabalho. Para Adriana, mesmo a decantada “deflação” de julho não deve ser comemorada. Pelo contrário, ela comprova um cenário de guerra em que a população não tem renda para consumir, e isso é ruim para toda a economia.

Na terça-feira (16), durante a largada da campanha à Presidência da República, na porta da fábrica da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP), Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai voltar a ser presidente para recuperar o país. “Nós vamos ganhar a eleição porque esse país precisa de nós”, afirmou. “Se preparem porque nós vamos trabalhar e fazer a maior transformação que esse país já viu. Com a volta do emprego, do salário e do respeito.”

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“A nossa história vai mudar. Vocês não vão ver mais criança pedindo esmola. Não vão ver mais companheiro nosso dormindo na sarjeta. Esse país precisa ter vergonha na cara. Não é por falta de dinheiro, é por falta de vergonha das pessoas que estão governando. Eles não têm sentimento, não sabem o que é fome, o que um cidadão mendigar um prato de comida”, discursou, emocionado.

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Diante dos trabalhadores, Lula lamentou que o país esteja numa situação pior hoje do quando assumiu o governo pela primeira vez, em 2003. “Esse governo (Bolsonaro) não se preocupou em criar empregos”, reclamou ele, ao comparar o número de empregados daquela fábrica nos anos de 2003 (13.857), 2012 (14.164) e 2022 (7.931).

Da Redação, com informações do Portal da CUT

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