Mentiras de Moro são confirmadas por denúncias na Folha de São Paulo e Veja

Segundo artigo de Rubens Valente, em recente visita ao Japão, Bolsonaro afirmou em coletiva de imprensa, que Moro repassou a ele, dados do inquérito sobre laranjas do PSL

Gustavo Bezerra

Sérgio Moro

Reportagem inédita da revista Veja, publicada nesta sexta-feira (5), em parceria com o The Intercept Brasil, reproduzida pelos principais veículos de comunicação do país, revela que o ex-juiz e hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, mentiu ao Parlamento e à sociedade brasileira nas últimas declarações que fez nas audiências públicas em que participou no Congresso Nacional.

“O meu papel é o de resguardar a autonomia e dar estrutura à Polícia Federal para realizar o seu trabalho. Então, eu não acompanho pari passu essas averiguações e essas investigações”, declarou o ministro na última terça-feira (2), em audiência na Câmara dos Deputados, sobre o inquérito sigiloso do Laranjal do PSL, processo que envolve o partido de Jair Bolsonaro (PSL).

Uma das provas irrefutáveis de que Moro mentiu – e desmonta essa argumentação – foi do próprio Jair Bolsonaro, conforme publica o jornal Folha de S. Paulo, em artigo de Rubens Valente intitulado “Moro vazou para Bolsonaro”. Segundo o articulista, em recente visita ao Japão, Bolsonaro afirmou em coletiva de imprensa, que Moro repassou a ele, dados do inquérito sobre os laranjas do PSL: “Ele [Moro] mandou a cópia do que foi investigado pela Polícia Federal pra mim. Mandei um assessor meu ler porque eu não tive tempo de ler”.

Ainda segundo o artigo, Bolsonaro “determinou” a Moro – que por sua vez iria “determinar” à PF -, que “investigue todos os partidos” com problemas semelhantes. “Tem que valer para todo mundo, não ficar fazendo pressão em cima do PSL para tentar me atingir.”

Mentiras

Ao comentar o fato em sua conta no Twitter, o líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), escreveu que o ministro Sérgio Moro mentiu ao dizer que não acompanha “pari passu as investigações [da Polícia Federal]”.

“Sérgio Moro mentiu na Câmara sem nenhum pudor. Mentiu para parlamentares eleitos para representar o povo e fiscalizar os atos do Executivo. Mentiu com o mundo inteiro vendo”, denunciou Pimenta.

Para o líder Pimenta, Moro vazou para Bolsonaro uma investigação sobre fraude eleitoral no Laranjal do PSL, conforme comprovado em artigo de Rubens Valente, na Folha de S.Paulo. De acordo com o deputado, se o ex-juiz libera para o presidente da República uma investigação “que não envolve diretamente (até agora!), imagina o que ele é capaz de fazer com a investigação dos milicianos…”, alerta Pimenta em sua conta no Twitter.

Paulo Pimenta, pelo Twitter, faz um desafio à dupla de inquisidores Sérgio Moro e Deltan Dallagnol: “DESAFIO Moro e Dallagnol a mostrarem UM ÚNICO caso na história jurídica do Brasil onde um juiz combina com a acusação a produção de provas para condenar um réu e isso foi considerado normal. Aceitam o desafio ou vão se esconder @SF_Moro @deltanmd?”

Vale tudo

Também em sua conta no Twitter, o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) escreveu que com o atual governo o Brasil se transformou num país do ‘vale tudo’. “Mas é um grande conluio mesmo! A Justiça brasileira virou um grande coletivo nacional! E sabe o que é mais preocupante? Moro, Deltan, Bolsonaro e sua turma acham tudo isso muito natural! Ética e legalidade é conversa pra boi dormir! Aqui é o vale tudo!”, classificou, indignado, o parlamentar mineiro.

O deputado Alencar‏ Santana (PT-SP) também se pronunciou: “Cadê a autonomia da Polícia Federal? Moro age como capacho de Bolsonaro e usa polícia para fins políticos, assim como fez quando era juiz”, acusou.

Para o deputado Rogério Correa (PT-MG), ao liberar os dados da investigação do Laranjal do PSL a Bolsonaro, o ministro Sérgio Moro escancarou um processo que tramitava sob segredo de justiça. “Moro, sabia muito bem que nunca poderia “repassar” o inquérito a seu chefe. Mas repassou. Meu colega Glauber Braga tinha razão!”, afirmou o petista ao se referir à frase “você é um juiz ladrão” dita pelo parlamentar do PSOL ao ministro Sérgio Moro no embate da última terça-feira (2).

“Gravíssimo” foi o termo usado pelo deputado Bohn Gass (PT-RS) ao comentar o fato. “Alô, STF. Se for confirmado que Moro violou o segredo de Justiça e, ainda, quis saber como proceder, o caso é de impedimento do ministro. E, a depender do desdobramento, talvez de impeachment do presidente”, escreveu o petista.

Confira o vídeo

Por PT na Câmara

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