Mentor do gabinete paralelo, Arthur Weintraub entra na mira da CPI

Além da atuação de Weintraub em favor da cloroquina, escritório clandestino também teve ajuda do tenente da Marinha Luciano Dias de Azevedo, autor da minuta para alterar bula do medicamento

Foto: Roberto Stuckert Filho

Humberto Costa (PT-PE), sobre a atuação de Arthur Weintraub à frente do gabinete paralelo de Bolsonaro: "O crime está gravado"

A revelação de que o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub é o homem por trás de um gabinete paralelo de assessoria a Bolsonaro durante a pandemia o coloca sob a mira da CPI da Covid. Após o jornal Metrópoles ter reunido vídeos onde o próprio Weintraub diz ter tomado a iniciativa de defender o uso da cloroquina como tratamento para a Covid-19, o senador Humberto Costa (PT-PE) anunciou que o ex assessor será convocado a prestar esclarecimentos à CPI sobre o gabinete paralelo ao Ministério da Saúde.

“Arthur Weintraub terá que ir na CPI explicar o gabinete paralelo do Ministério da Saúde. O crime está gravado”, afirmou Costa, pelo Twitter.

“Eu, a partir de fevereiro [de 2020], como assessor do presidente, então é uma oportunidade que me foi dada pelo presidente, eu comecei a entrar em contato com os médicos”, disse Weintraub, em cerimônia no Planalto, no dia 14 de agosto de 2020.”Os médicos que tenho referência, como o doutor Luciano Azevedo, a doutora Nise [Yamagushi], o Paulo Zanotto”, enumerou o ex-assessor, citando defensores do uso do medicamento.

Segundo reportagem do Correio Braziliense, o anestesista Luciano Dias de Azevedo, tenente da Marinha, foi autor da minuta que alteraria a bula da cloroquina para incluir o uso da droga contra a Covid. O processo, no entanto,  foi abandonado após veto do presidente da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.

Azevedo também falou em tom de agradecimento ao ex-assessor, na mesma cerimônia. “Gostaria de agradecer ao Arthur Weintraub porque desde o início de fevereiro ele nos procurou, começou unir os grupos de médicos para estudar a doença e pesquisar soluções. Senhor Arthur abriu portas”, disse Azevedo na ocasião.

De acordo com o jornal, a proposta foi apresentada a Bolsonaro no 20 de abril, durante uma reunião da qual participou a imunologista Nise Yamaghuchi, entre outros assessores.

Apesar da negativa de Barra Torres à proposta, Azevedo mantém-se ativo no gabinete paralelo de Bolsonaro, aponta a reportagem. Em junho de 2020, ele foi nomeado para o Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), um prêmio por sua atuação em favor do medicamento preferido de Bolsonaro.

Da Redação, com informações de Metrópoles e Correio Braziliense

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