Mercadante: o Brasil precisa distribuir renda por meio da política fiscal
“Eu não me lembro de um momento tão difícil, com tantas dificuldades, que o Brasil enfrenta como agora. Não é que são só 236 mil mortos, é que as mortes no Brasil são quatro superiores à média internacional”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo
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Durante o lançamento do manifesto “Vacinação Já! Em defesa da vida, da democracia e do emprego”, assinado por fundações de seis partidos de oposição nesta quarta-feira (3), ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, defendeu a vacinação pública e gratuita contra a Covid-19 o mais rápido possível para todos os brasileiros. Além disso, apresentou ideias para a retomada do crescimento econômico e do emprego e se posicionou a favor do impeachment de Bolsonaro.
Na ocasião, Mercadante lembrou que, no ano passado, as fundações lançaram um outro manifesto alertando o Brasil para a gravidade da crise e defendendo algumas iniciativas. “Defendemos o auxílio emergencial, que foi uma conquista das oposições no Congresso Nacional, não foi um iniciativa do governo Bolsonaro, alertamos para a importância de uma política para vacinação, uma coordenação pública, que fosse uma vacinação pública e gratuita e de acesso o mais rápido possível, porque o futuro da economia também depende disso, e defendendo uma política de recuperação da economia, de revogação do teto de gastos, de liberação de investimento público para a gente enfrentar o ano de 2020”, pontou.
Para Mercadante, esse novo manifesto é lançado em um momento ainda mais dramático da vida nacional. “Eu não me lembro de um momento tão difícil, com tantas dificuldades, que o Brasil enfrenta como agora. Não é que são só 236 mil mortos, é que as mortes no Brasil são quatro superiores à média internacional”, afirmou.
Há cinco anos que não tem reajuste no Bolsa Família e não há mais auxílio emergencial. As pessoas não têm como pagar o aluguel, o gás e comer, principalmente porque o índice do custo de vida da alimentação doméstica cresceu 18% no ano de 2020. Nós precisamos responder a essa multidão, nós precisamos de uma política social de investimentos público para voltar a crescer e gerar emprego e um auxílio emergencial para gerar demanda, reativar a economia e proteger os mais frágeis
De acordo com o ex-ministro, a situação de Manaus gerou uma indignação profunda, com 78 pessoas que morreram sem conseguir respirar e outros 430 pacientes que estão sendo retirados de Manaus, com uma cepa muito mais contaminante e muito mais agressiva da Covid-19. “As providências não foram tomadas por um governo negacionista, obscurantista, que apostou no charlatanismo e que teve coragem de vir a público e dizer que não é obrigação do governo levar para essas vítimas que estão lá sofrendo ou fazer os investimentos para conter a epidemia e essa cepa em Manaus”, argumentou.
Para Mercadante, a vacina é a única segurança possível para enfrentar a crise. “O distanciamento social continua sendo a única resposta da medicina e há uma exaustão. Então, há uma dificuldade, os governos estão intimidados de tomar essa atitude, estão recuando diante da epidemia e todos os analistas apontam que a partir de março ela vai se agravar, no inverno ela vai se agravar, sempre se agravou também em outros países. nós estamos voltando também para o patamar de mais de mil mortos que nós tínhamos no auge da pandemia, por isso nós estamos aqui”, disse.
Retomada do crescimento e geração de empregos
Durante a solenidade, Mercadante apresentou proposta para o país enfrentar das 14 milhões de pessoas que estão desempregada e das 15 milhões estão desempregadas e não procuram emprego, as quais ele classificou como “uma multidão sem renda”. “Há cinco anos que não tem reajuste no Bolsa Família e não há mais auxílio emergencial. As pessoas não têm como pagar o aluguel, o gás e comer, principalmente porque o índice do custo de vida da alimentação doméstica cresceu 18% no ano de 2020. Nós precisamos responder a essa multidão, nós precisamos de uma política social de investimentos público para voltar a crescer e gerar emprego e um auxílio emergencial para gerar demanda, reativar a economia e proteger os mais frágeis”, propôs.
“Nós estamos aqui para também para dizer o seguinte: quem é que vai pagar o ônus desse imenso custo fiscal? Porque houve investimentos significativos do Brasil no ano de 2020 graças a ação das oposições”, indagou. “São os mais ricos! Nós temos que taxar lucros e dividendos, temos que reduzir isenções indevidas, que foram amplificadas pelo Congresso Nacional sem nenhum controle e razoabilidade, nós precisamos ter progressividade no imposto de renda, taxar grandes heranças, taxar grandes fortunas”, afirmou.
Mercadante defendeu ainda que o Brasil precisa distribuir renda por meio da política fiscal para enfrentar a crise. “É como a Europa fez depois da 2ª Guerra Mundial, como os grandes países fizeram em momentos difíceis da sua história. Então, nós precisamos de uma reforma tributária, que não está na pauta do governo. Hoje, ele lançou 35 itens, que são: desmonte do estado, privatização da Eletrobrás, PEC Emergencial, que vai agravar a capacidade do estado de regular a economia”, apontou.
Impeachment de Bolsonaro
Por fim, o ex-ministro se posicionou a favor do impeachment de Bolsonaro. “Estamos aqui hoje também para dizer que não há saída para a crise com esse governo. Nós estamos aqui porque esses partidos defendem o impeachment de Bolsonaro e apesar do resultado da eleição da Câmara, no Senado também, mas sobretudo na Câmara, nós vamos continuar lutando pelo impeachment, não vamos recuar, e só há um caminho que é a mobilização popular, é aumentar a pressão política”, avaliou.
No final de sua fala, Mercadante provocou presidência das fundações, a presidência dos conselhos das fundações, a presidência dos partidos e as principais lideranças partidárias para uma debate em torno das propostas apresentadas no manifesto. “Eu gostaria de ver uma mesa como o Lula, o Haddad, o Flávio Dino, o Boulos, o Ciro Gomes e outros para debater a mobilização popular, outras iniciativas e defender essas medidas que apresentamos e o impeachment”, concluiu.
Assinam o manifesto a Fundação Lauro Campos/Marielle Franco (PSoL), a Fundação João Mangabeira (PSB), a Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (PDT), a Fundação Maurício Grabois (PCdoB), a Fundação Perseu Abramo (PT), a Fundação Astrojildo Pereira (Cidadania) e a Fundação Cláudio Campos.
Da Fundação Perseu Abramo