Mercadante ressalta que mudanças no pré-sal podem inviabilizar produto nacional

Ministro lembra que setor do petróleo voltará a crescer tão logo haja reação nos preços internacionais e investimentos na indústria naval promovam substituição das importações

José Cruz/Agência Brasil

Aloizio Mercadante

O ministro da Casa Civil da presidência, Aloízio Mercadante, afirmou à Comissão de Minas e Energia, na manhã desta quarta-feira (5), que a ideia de mudar o modelo de partilha e exclusividade da Petrobras (projeto do senador tucano José Serra) pode afetar todo o quadro de restabelecimento da retomada do setor, ligada fortemente à garantia do uso de conteúdo nacional.

“As exportações já estão reagindo”, informou, ao defender a manutenção das políticas do pré-sal relativas ao conteúdo nacional e a substituição de produtos importados, como navios. Para Mercadante, o Brasil deve continuar apostando no setor do petróleo, pela dimensão que tem no contexto da evolução industrial e tecnológica nacional.

“Não podemos só exportar petróleo, mas valor agregado. Estamos nos especializando no setor de navio, de gás e petróleo. O esforço deve ser o de substituir importações. As dificuldades têm de ser superadas”, disse o ministro.

Mesmo assim, destacou Mercadante, “somos um dos poucos países que consegue aumentar a produção (de petróleo) em plena crise”.

Durante a audiência, o ministro fez defesa incondicional da recuperação de empresas investigadas na Operação Lava-Jato. Para ele, essas empresas da construção civil que atuam no setor de petróleo são indispensáveis para impulsionar o crescimento da indústria naval brasileira.

Ele sugeriu ao Congresso que aprimore a Lei Anticorrupção para permitir essa recuperação, em vez de lançar as empresas à insolvência. Mercadante diz considerar todas essas reflexões uma necessidade suprapartidária, de forma que uma “agenda positiva” conduza Executivo e Legislativo a agirem em torno dos interesses nacionais e não de disputas políticas.

“Precisamos ter uma porta de saída para recuperar as empresas. Que elas indenizem a Petrobras e os gestores sejam punidos, mas que a gente preserve empresas que estão na indústria da construção civil, da construção pesada e, no caso, da indústria da construção naval”, avançou.

Mercadante recebeu o apoio dos deputados petistas Sibá Machado (AC), líder na Câmara, e Carlos Zarattini (SP).

“A vinculação da indústria naval à exploração do petróleo é fundamental. Para isso é importante manter alguns marcos da exploração do pré-sal à política de conteúdo nacional”, afirmou Zarattini.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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