Ministro golpista: Jucá e o golpe para “estancar” a Lava Jato
Alvo de longa lista de acusações, o ex-senador aparece em conversas telefônicas articulando para barrar investigações da PF com impeachment de Dilma
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Um dos principais articuladores para retirar do cargo a presidenta, Dilma Rousseff, o ministro golpista do Planejamento, Romero Jucá, atuou para que a Operação Lava Jato fosse freada. Para isso, era necessário empossar o presidente golpista Michel Temer, conforme revelaram diálogos de Jucá com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
A conversa veio a público nesta segunda-feira (23) e comprova que a “mudança” na Presidência da República era um passo imporante para “estancar a sangria” que a Lava Jato representa para o mundo político. Jucá tem motivos para se preocupar com a Lava Jato. Afinal, assim como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Jucá reúne citações em delações premiadas no âmbito da operação. É, inclusive, formalmente investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas delações dos executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez e UTC Engenharia, por exemplo, Jucá é citado como o caminho para favorecer as construtoras em contratos da Eletronorte e Eletronuclear. Em troca, recebeu propinas, conforme afirmaram os delatores. Ricardo Pessoa, da UTC e um dos principais nomes do esquema investigado pela Lava Jato, disse em depoimento que Jucá pediu à empreiteira R$ 1,5 milhão como doação de campanha em 2014. O destino do dinheiro sera a campanha de seu filho Rodrigo Jucá como vice-governador de Roraima. Em retribuição, Jucá ajudaria a UTC a ser contratada pela Eletronuclear para obras de construção da usina Angra 3.
Romero Jucá já é antigo conhecido da Justiça brasileira por outras articulações. A longa ficha de acusações que pesam contra ele vai da compra de votos ao desvio de verbas públicas, vitaminadas por empréstimos irregulares tomados junto a bancos públicos.
No êmbito da Operação Zelotes, Jucá foi acusado pelo lobista Alexandre Paes dos Santos de cobrar cerca de R$ 15 milhões para trabalhar na aprovação de emendas de interesse do setor automotivo. A ministra do STF Cármen Lúcia autorizou a abertura de inquérito para investigar a denúncia.
Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Geraldo Magela Fernandes da Rocha apontou Romero Jucá como o verdadeiro proprietário da TV Caburaí, retransmissora da TV Bandeirantes em Roraima. A declaração foi concedida no inquérito autorizado pelo STF contra Jucá. De acordo com Magela, em 1999, Jucá o convidou para assinar, no Senado, o documento que criou a empresa Uyrapuru Comunicações e Publicidade. Mas, segundo Magela, a empresa sempre pertenceu de fato a Jucá. Em outro depoimento, o radialista Ronaldo Naves disse ter trabalhado entre 2000 e 2001 como gerente operacional da TV e sempre se reportado a Magela e a Jucá.
O artigo 54, inciso I, alínea “a”, da Constituição proíbe que deputados e senadores sejam proprietários, controladores ou diretores de empresas concessionárias de serviço público, caso das emissoras de rádio e TV.
Em outra investigação, de 2011, a Procuradoria Regional Eleitoral de Roraima representou contra o senador e o governador José de Anchieta Júnior (PSDB) por suspeita de compra de votos, circulação indevida de dinheiro e pagamento irregular de pessoal de campanha, por irregularidades na campanha eleitoral de 2010.
Romero Jucá responde também por acusações de quando foi presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), ainda no governo José Sarney (1985-1990). Sua gestão sofreu intervenção do Tribunal de Contas da União (TCU), sob acusação de cobrar propina para permitir exploração ilegal de madeira em terras indígenas.
Da Redação da Agência PT de Notícias