Ministro golpista: Raul Jungmann, o vereador fantasma
O polivalente ministro golpista da Defesa acumulou cargos eletivos e respondeu a inquéritos por peculato e fraude em licitações públicas
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Escolhido do presidente golpista Michel Temer para o ministério da Defesa, Raul Jungmann foi um dos que mais se empenharam para derrubar o governo da presidenta eleita Dilma Rousseff. Por várias vezes o então deputado federal bateu à porta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo que investigasse a presidenta.
No entanto, o ex-líder da oposição é um dos oito dos ministros do governo ilegítimo de Temer a figurar no listão da Odebrecht. A planilha, apreendida em fevereiro pela Polícia Federal, na casa do então presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, traz nomes de diversos políticos com a indicação de pagamentos feitos pela empreiteira.
A despeito de seus frequentes e inflamados discursos pela moralidade no trato da coisa pública, Jungmann foi investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade que somavam R$ 33 milhões, durante sua gestão à frente dos ministérios de Política Fundiária (1996-1999) e do Desenvolvimento Agrário (1999-2002) dos governos de Fernando Henrique Cardoso.
Apesar da celeridade da Justiça em alguns casos mais recentes, nem sempre foi assim. Em 2001, o inquérito contra Jungmann foi arquivado, pois ainda que fosse a julgamento, não seria possível aplicar a pena, já que um dos crimes havia prescrito e os demais estavam na iminência de prescrever.
Nesse período também respondeu ao Supremo Tribunal Federal pelo uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para fins particulares.
Acúmulo de cargos e salários
O ministro golpista de uma das pastas mais estratégicas da República, responsável pela coordenação das Forças Armadas, tem em seu currículo outro fato que não corresponde ao perfil de paladino da ética que reivindica para si. Ao assumir na Câmara Federal a vaga deixada pelo deputado Sebastião Oliveira (PR-PE), Jungmann se licenciou do mandato de vereador na Câmara Municipal de Recife, ao invés de renunciar ao cargo, mantendo dois mandatos eletivos durante um período.
O atual ministro chegou inclusive a receber salário integral da Câmara recifense, em fevereiro do ano passado, mesmo tendo deixado o posto no dia 14 daquele mês. O “vereador fantasma” assumiu como deputado em 12 de fevereiro, acumulando salários e cargos que não podem ser exercidos concomitantemente, conforme determina a Constituição.
O versátil ministro já demonstrou sua polivalência em outras oportunidades. Mesmo residindo em Recife à época, aceitou a nomeação para o Conselho de Administração da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que monitora e organiza o trânsito na cidade de São Paulo, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD). Para a função, Jungman recebia o salário mensal de R$ 12 mil.
Da Redação da Agência PT de Notícias