Movimentos erguem acampamento contra despejo do Centro Paulo Freire (PE)

Agricultores, artistas, movimentos sociais e de juventude organizam resistência a “desmando da Justiça”, contra governo Bolsonaro

Matheus Alves

acampamento Paulo Freire

Agricultores familiares e movimentos sociais montaram um acampamento no assentamento Normandia, em Caruaru, no agreste pernambucano, para resistir a uma ordem de reintegração de posse determinada pela Justiça, a pedido do governo federal. São 1.400 pessoas, segundo os organizadores, acampadas desde o dia 14, e devem permanecer até que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Advocacia-Geral da União (AGU) desistam da ordem de despejo. A área em disputa inclui o Centro de Formação Paulo Freire, três agroindústrias dos assentados, e um conjunto de casas financiado pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).

O centro, que com salas de aula, auditório, biblioteca e alojamento, já atendeu 100 mil pessoas, em diversos cursos realizados em parceria entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e universidades da região. Cerca de 1.500 crianças das famílias dos assentados também se formaram na escola.

São 41 famílias que ocupam a região desde 1993. Quatro delas não aceitaram o uso coletivo da terra, reivindicando a divisão do terreno. Em 1998, sob liderança do Incra, que pleiteava que as terras fossem destinadas à União, abriu-se o processo, que tramitou até o ano de 2017, com o Supremo Tribunal Federal (STF) dando ganho de causa ao órgão do governo. No entanto, a ação não foi executada desde então. Os integrantes do MST relatam que a ação foi executada agora pelo governo Bolsonaro, como forma de retaliação ao movimento.

O Levante Popular da Juventude, que participa e apoia o acampamento Normandia, gravou vídeo para demonstrar a importância do trabalho desenvolvido pela escola, pelas agroindústrias, retratando também o dia a dia da população que vive no assentamento. Artistas da região se mobilizam contra a ação de despejo, desenvolvendo atividades culturais no assentamento.

“Faz 19 anos que estou aqui. Graças a Deus, aqui é muito bom, gosto muito daqui. Tem o colégio, minha neta estuda”, diz uma moradora. Emocionada, afirma que a notícia do eventual despejo tem lhe tirado o sono. “Quem manda votar naquela desgraça…”, lamentou. Uma dirigente do MST afirma que os trabalhadores vão defender o assentamento por se tratar de uma conquista popular. “Nós entendemos que a revolução se faz com gente organizada, com pensamento. Vamos defender (o acampamento) até as últimas consequências.”

Por Rede Brasil Atual com informações do Brasil de Fato

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