Mulheres do PT debatem direitos e organização política em SP
O encontro contou com a presença de delegadas petistas que discutiram, entre outras pautas, a representatividade nos espaços de poder e decisão
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A mobilização das mulheres petistas em defesa da democracia e da garantia da candidatura do ex-presidente Lula foi a pauta do encontro realizado nesta sexta-feira (3), em São Paulo, com a presença de delegadas do partido.
Quem abriu a atividade foi a vice-presidenta do PT de Santo André, Márcia Garcia. Ela apresentou a campanha de enfrentamento à violência contra a mulher promovida pela Secretaria Estadual de São Paulo. A ação tem o objetivo de pautar o tema em todas as pré-campanhas eleitorais das pré-candidaturas petistas.
“Com o golpe, as políticas públicas para mulheres foram praticamente extintas. Nós estamos retrocedendo, e muito. O PT, que sempre teve essa bandeira de luta, e o período eleitoral também é o momento de dar um basta na violência contra a mulher”, disse Márcia.
O projeto Elas por Elas foi apresentado em seguida. A plataforma tem se firmado como uma importante ferramenta para o fortalecimento das pré-candidaturas de mulheres em todo o país. A iniciativa da Secretaria Nacional de Mulheres em parceria com as secretarias estaduais já percorreu 25 estados com cursos de formação para as pré-candidatas.
A mesa de debate “Em defesa da democracia, direitos e por nossas vidas” foi aberta com a fala da professora doutora em psicologia Jaqueline de Jesus. Mulher negra e transexual, Jaqueline ressaltou a importância da representação dos diversos grupos sociais nos espaços de poder e observou a raiz machista que ainda hoje é a base da política no Brasil.
“A palavra ‘política’ é de origem grega e era utilizada para se referir às pessoas da cidade que tinham propriedade, no caso, os homens. Portanto, a política é, por essência, branca, racista, machista e elitista. A gente tem que ocupar esse espaço e fazer uma política diferente. Transformando a política, a gente transforma a vida”, pontuou Jaqueline.
O debate também contou com a arquiteta e pesquisadora feminista de questões raciais e de gênero Joice Berth. Na sua contribuição, ela falou principalmente sobre “empoderamento” como instrumento de luta.
“A gente precisa se empoderar. Esse é um processo pelo qual nós, minorias, precisamos passar para conseguir ter o espaço social que a gente merece”, completou.
Ela explicou a utilização do termo “minoria” que parte da sociedade usa ao referir-se a grupos que correspondem à maioria populacional, como no caso de pessoas, como as mulheres, que não usufruem plenamente de direitos garantidos pela Constituição.
A pesquisadora afirmou ainda que “o empoderamento serve de instrumento para pleitear esses direitos e para ocupar esses espaços que foram negados.”
A organização das mulheres para o fortalecimento da representatividade política foi abordada pela empresária, advogada e militante feminista Eliane Dias. Para ela, a construção das candidaturas precisa ser pensada com antecedência, para que seja melhor estruturada. Ela também refletiu sobre o papel que frequentemente é delegado às mulheres nas instâncias partidárias.
“Muitas vezes somos convidadas para fazermos qualquer coisa, mas não para termos voz, sermos escutadas. Esse lugar será de fato meu lugar ou é um lugar para eu ser escada para outra pessoa? Temos que fazer essa reflexão”, apontou.
Eliana destacou ainda que é importante que as mulheres se articulem coletivamente, fortalecendo umas às outras. “A nossa luta muitas vezes é solitária. Dizer que ‘juntas, somos mais fortes’ não é apenas um jargão, é porque é realmente assim que funciona”, enfatizou.
A baixa representatividade de mulheres nas instâncias de poder é uma das barreiras para a promoção de políticas e para o debate e aprovação de pautas que promovam a igualdade de gênero, como destacou a secretária nacional LGBT do PT, Janaína Oliveira.
“No Brasil, as mulheres têm força de vontade para lutar, mas a estrutura de poder não está nas nossas mãos. Precisamos ocupar esses espaços, construir uma política mais ampla e garantir a narrativa para a retomada da democracia no país”, finalizou a secretária.
O pré-candidato ao senado pelo PT-SP Eduardo Suplicy também esteve presente no encontro e se propôs a fortalecer as pautas colocadas pelas mulheres durante o debate.
A atividade foi encerrada com a convocação para o registro da candidatura de Lula, que será oficializada no dia 15 de agosto, em um grande ato da militância petista e dos movimentos sociais em Brasília.
Em São Paulo, as mulheres reafirmaram a defesa do ex-presidente, e em coro uníssono clamaram pela sua liberdade. Um vídeo em apoio à candidatura de Lula também foi exibido durante o encontro, no qual as mulheres dizem porque Lula é o preferido, principalmente entre as eleitoras, para governar o Brasil.
Assista o vídeo
O governo Lula foi o que mais atuou pelos direitos das mulheres brasileiras. Por isso, apoiamos e acreditamos em um país melhor, com o retorno dele à Presidencia. ✊ #ElasPorElas #MulheresDoPT #MulheresComLulaAssine o abaixo-assinado pelo direito de Lula ser candidato: http://bit.ly/MulheresComLula
Publicado por Secretaria Nacional de Mulheres do PT – SNMPT em Sexta, 3 de agosto de 2018
Por Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas