Mulheres negras participam de Fórum e dizem onde querem estar na política

Estratégias de participação das eleições de 2022 foi um dos destaques no 3º encontro do Fórum Nacional de Mulheres Negras do PT

Aumentar a participação das mulheres negras na política, este foi o centro do debate do 3º encontro do Fórum Nacional de Mulheres Negras do PT, realizado nos dias 30 e 31 de julho, em formato virtual. A atividade é uma das ações prioritárias do projeto Elas por Elas e fruto de uma parceria entre a Secretaria Nacional de Mulheres  e a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo.

Com o tema Mulheres Negras: luta e resistência, o Fórum reuniu centenas de mulheres de todos os estados do país que discutiram sobre os desafios das mulheres negras petistas diante da conjuntura e as perspectivas para o próximo período.

Para a presidenta nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, organizar as mulheres negras para participar da política é algo fundamental e imprescindível no país. “Precisamos ter essa representatividade na política, porque o que temos é um Congresso que não se parece com o povo. Não temos a diversidade da população brasileira representada no parlamento e por isso que muitas vezes a gente critica as pautas do parlamento porque elas não têm relação com a realidade brasileira. O povo sofrendo com covid, falta de vacina, fome, desemprego e o Congresso Nacional discutindo a volta do voto impresso, reforma administrativa, quando precisamos reforçar o SUS, por exemplo”.

A Presidenta ressaltou que é fundamental que o povo eleja representantes que de fato levem a pauta do povo para o Congresso Nacional.

E nesse sentido precisamos de mais mulheres e mais mulheres negras. O PT e a Direção Nacional têm esse compromisso de fortalecer essa presença nas eleições, vamos feminizar e enegrecer o Congresso, vamos eleger uma maioria que represente o povo brasileiro”, apontou.

O secretário Nacional de Combate ao Racismo, Martvs Chagas, destacou a importância do Fórum para a organização das mulheres negras petistas. “Ano passado tivemos uma vitória gigantesca quando conseguimos fazer com que a maioria das parlamentares eleitas pelo partido fossem negras, negros, pessoas LGBTQ e acredito que é esse o caminho, temos que disputar todos os espaços e o PT fez isso muito bem feito nas últimas eleições”.

Em 2020, o PT teve um papel fundamental no aumento da representatividade feminina e da diversidade nas cidades brasileiras: foi o partido do campo progressista que mais elegeu mulheres, mulheres negras, LBTs e jovens em todo país, se colocando à frente da trincheira na luta da ocupação política contra o retrocesso.

“Somos muitas mulheres no PT, somos diversas, mas existem algumas pautas específicas e algumas pautas que tem que ter mais visibilidade e no início da nossa gestão nós pensamos sobre isso e a construção do Fórum de Mulheres Negras, do Fórum LBT, Jovens Mulheres têm muito desse olhar e o resultado eleitoral mostrou a importância desse trabalho”, destacou a secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura.

Presença de mulheres negras na política é uma urgência

A ex-ministra da SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes também participou do Fórum e destacou a necessidade urgente da participação de mulheres negras na política. “A presença delas é uma reparação histórica, significa também a implementação de uma democracia real que vá na contramão do racismo e do patriarcado estrutural e estruturantes da nossa sociedade”.

Nilma Lino reforçou a necessidade da existência do espaço construído pelo projeto Elas por Elas e da importância de ampliação do debate dentro do partido. “Esse Fórum é muito importante para trazer não apenas o debate, mas também para construir estratégias e alternativas reais para que as mulheres negras do PT construam e tenham direito ao espaço necessário para sua presença, para a mudança da nossa política, e principalmente para as mudanças nos rumos do PT que contemplem não somente a luta anticapitalista, mas também a luta antiracista, articulada com a luta antipatriarcal”.

O segundo dia de encontro do Fórum Nacional de Mulheres Negras contou com apresentações culturais e parlamentares eleitas em diversas cidades do país. Figura histórica na luta das mulheres negras e no Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Benedita da Silva ressaltou a importância do espaço e destacou os desafios das mulheres negras na política.

É muito importante o Elas por Elas focar na participação política das mulheres negras. O desafio é grande e não é apenas uma questão identitária, nossa inserção na política ela não está isolada, está articulada com a luta feminista, em geral, e é importante aprofundar cada vez mais esse debate porque o capitalismo tem aprofundado cada vez mais a crise e precarizado a vida das mulheres negras”, ressaltou Benedita.

Para Ieda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), o Fórum é um importante espaço para reafirmação de laços de luta e resistência das mulheres negras. “O Julho das Pretas é mais um mês para reafirmar os nossos laços de resistência contra o racismo, fascismo, machismo e a lesbofobia. Estamos aqui neste Fórum para dizer para o nosso partido que juntas temos mais coragem e vamos mais longe, estamos aqui preparadas para ocupar os nossos espaços, somos mais de 56% da população e com este número queremos ocupar os nossos espaços na sociedade. Combater o racismo deve ser a tarefa número 1 do nosso partido”, enfatizou.

Mãe Nonata

O Fórum homenageou a Iyálorisá Nonata Corrêa, a Mãe Nonata, que faleceu no dia 7 de junho deste ano. Mãe Nonata era dirigente do PT Amazonas, atuante do movimento negro, direitos humanos e mulheres.

A programação do Fórum também contou com a presença de diversas parlamentares petistas e apresentações culturais com a poetisa Bartô e a cantora pernambucana Doralice, que cantou o trecho da música “vamos derrubar o governo”.

Ocupar os espaços

“Muito bom ouvir jovens mulheres negras, mulheres negras que ocupam espaços de poder e decisão na política e é isso que queremos para o Brasil, enegrecer a política onde as mulheres negras serão dirigentes, serão sim parlamentares e é nesse sentido que estamos caminhando”, apontou Nádia Garcia, dirigente Nacional da Juventude do PT, que fez a mediação do Fórum no dia 31 de julho.

Elas por Elas

“Nosso desafio para 2022 é eleger o maior número de mulheres, queremos duplicar nossa bancada, mas não queremos só duplicar, queremos ter mulheres negras, mulheres jovens, mulheres LBT, mulheres do campo, da floresta, das águas por isso é fundamental esse processo de organização. Nós estamos nos preparando porque queremos chegar com toda a potência das mulheres negras em 2022, porque nós temos certeza que podemos eleger mais uma vez o maior número de mulheres negras desse partido”, afirmou Anne Moura.

Fórum

O Fórum Nacional de Mulheres Negras do PT é realizado em julho para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, comemorado no dia 25 de julho. Em 2018, aconteceu a primeira edição no Rio de Janeiro. A segunda edição foi realizada nos dias 19 a 21 de julho de 2019 em Guarulhos (SP).

Assista o 3º Fórum Nacional de Mulheres Negras do PT

 

Redação Elas por Elas

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