Mulheres promovem “abraçaço” e entregam flores em apoio a Dilma

Cerca de 2 mil mulheres se reuniram em frente ao Palácio do Planalto nesta terça-feira para manifestar apoio à presidenta; “Estou de alma lavada”, ela disse

Foto: Lula Marques/Agência PT

Em ato emocionante e repleto de alegria, a presidenta Dilma Rousseff recebeu nesta terça-feira (19) diversas flores de mais de mil mulheres que promoveram um “abraçaço” ao Palácio do Planalto como forma de demonstrar apoio à presidenta e resistência ao golpe. O ato foi tão contagiante que Dilma decidiu descer a rampa do palácio e foi receber pessoalmente as flores.

Os cantos e palavras de ordem de apoio serviram como uma resposta às declarações e insultos machistas proferidos por deputados que votaram pela abertura do processo de impeachment na Câmara no último domingo (17), que agora está no Senado. 

As mulheres, das mais diversas idades, origens e condições sociais, chamaram Dilma de “guerreira da pátria brasileira”, criticaram o apoio da Rede Globo à ditadura e ao golpe, pediram que a presidenta permanecesse no cargo (#FicaQuerida) e mandaram um recado aos senadores: “Mulheres na rua, a luta continua”.

A manifestação se iniciou por volta das 18h30 com dezenas de pessoas que foram chegando até o momento em que houve a necessidade de fechar o trânsito da pista em frente ao Palácio do Planalto. No auge do ato, cerca de 2 mil pessoas cantavam e, com flores na mão, chamavam por Dilma. 

Alma lavada

Após receber um grupo de 20 mulheres em seu gabinete, a presidenta atendeu ao pedido de uma delas e desceu a rampa do Planalto para cumprimentar pessoalmente as pessoas que se enfileiravam de frente o Planalto.

A presidenta saiu do Salão Nobre do Planalto e caminhou por 20 minutos em frente à barreira que a separava dos manifestantes. Esta foi a primeira vez que Dilma percorreu o trajeto de descer, percorrer a frente do palácio e subir a rampa a não ser em cerimônias oficiais. Ao retornar, antes de caminhar para o seu gabinete, a presidenta se virou novamente para trás, mandou beijos e disse: “Eu estou de alma lavada”.

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Apoio à presidenta

Ana Luzia Reis, 58 anos e advogada, que passou boa parte da manifestação ajudando a organizar a concentração de pessoas, disse que o ato revela que há “força nas ruas” a favor de Dilma. “Estou aqui porque eu mesma já sofri muita humilhação porque defendi a democracia. Ouvi dizerem que eu era ladra, vagabunda. E Dilma já sofreu muita violência”, disse.

“Segurança é manter a Dilma”, avalia Malvina Joana de Lima, de 64 anos. Aposentada e negra, ela conta que já trabalhou com a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), eleita pelo PT em 2010, e que foi exonerada porque não aceitou sua filiação ao PMDB. Perguntada se vai enviar algum recado para a senadora votar contra o impeachment, respondeu: “Meu recado para ela foi o Supla quem deu”. Segundo Supla, “Cunha, Temer ou Renan também estão cheios de acusações, como eles podem querer tirá-la?”.

A aposentada Cely Bertolucci, de 67 anos, foi de muletas ao ato. Ela considera um “absurdo” o que estão fazendo com Dilma, “com a democracia e com o Brasil”. E afirmou que está surpresa com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), por ter afirmado que irá votar pelo impeachment. “Votei para governador e senador nele [Cristovam]”, contou. “Tenho reclamado muito no Facebook dele, porque está usando um argumento estarrecedor para votar a favor.”

A jovem bacharel de Relações Internacionais na Universidade Católica de Brasília Cyntia Miranda, 23 anos, afirmou estar confiante de que Dilma será absolvida das acusações no Senado e que as ruas estão revelando que há apoio popular contra o golpe. “O ato de hoje é uma mostra de que o Brasil não está unânime pela saída dela. Estamos na rua para mostrar que não tem crime de responsabilidade e que tem muita gente em defesa da Dilma e contra o golpe”, disse com um sorriso aberto no rosto.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

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Foto: Lula Marques/ Agência PT

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Contra o preconceito

Durante o encontro com parte das mulheres, a presidenta disse que a democracia, para ela, também é uma questão de luta contra o preconceito de gênero. “Tem um certo tratamento, que é uma tentativa de diminuir, de colocar a mulher como uma pessoa que não tem força para resistir à pressão. Um ser cuja fragilidade não está na sua capacidade de sentir, mas cuja sua fragilidade é de caráter, isso é um absurdo, eu me rebelo contra isso. Acho que as mulheres desse país são mulheres fortes, que comprovaram isso ao longo da história e que hoje saem de casa, vão trabalhar, criar seus filhos, lutam todo dia. Elas não são frágeis, enfrentam dificuldades e nunca desistem”, disse.

Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias

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