Mulheres são “esmagadas” no parlamento, avalia Liliane Oliveira

Vogal do PT defende ser preciso debater a existência de candidatas “laranjas” para combater o problema e aumentar efetivamente a participação feminina

Arquivo pessoal

Liliane Oliveira defende mais espaços para as mulheres

Como muitos militantes que iniciam sua vida política na juventude, Liliane Oliveira entrou no Partido dos Trabalhadores a partir da universidade. Nascida em Salvador (BA), ela conta que quando era estudante, em meados de 2008, havia greves e um ambiente de debate, quando uma colega petista a convidou para conhecer a sede estadual do PT na Bahia.

“Existia o discurso da sociedade petista e eu me sentia parte disso. Assim que coloquei o pé na sede me filiei, antes mesmo de iniciar as atividades no movimento estudantil”, conta ela, que depois fez parte do Diretório Central dos Estudantes da Federal da Bahia, foi Secretária Geral da União dos Estudantes da Bahia (UEB) e Diretora de Mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Hoje, Liliane é vogal do PT (integrante da Comissão Executiva Nacional do PT), militante da Marcha Mundial das Mulheres e membro do Coletivo Estadual das Mulheres do PT da Bahia. Quando ela saiu da UNE, ocorria o Processo de Eleições Diretas do 5º Congresso. “Aí veio o convite da minha força de compor o Diretório Nacional”, conta ela, que no ano passado mudou para a Executiva Nacional devido a um processo interno de alternância.

Mulheres na Política

Acompanhando processos eleitorais há quase 10 anos, Liliane avalia que “as mulheres são a base das campanhas, das mobilizações, mas não estão na direção desses espaços”. “Quando vão chamar cabo eleitoral, em geral são mulheres que organizam, mas não são elas que decidem as políticas”.

Ela alerta que as mulheres ainda estão nos espaços mais precarizados. “Quando falamos em mulheres no parlamento, tem uma trajetória muito grande a ser enfrentada. Tem a maternidade, a feminilidade, que se demonstramos com muita certeza somos tratadas de maneira diferente. Uma cobrança que não condiz com o que somos”.ara Liliane, estar nos espaços do parlamento, especialmente para as petistas, representa muito a trajetória da luta das mulheres de forma geral. “Seja onde for, o estado é patriarcal”.

Ela ressalta que até hoje há “laranjas” nas composições de chapa. “É algo que se precisa falar, para deixar de acontecer”. “Estamos com a mesma tarefa dos homens, conseguir quadros públicos de forma tranquila, e quando estamos nesses espaços temos que fazer demarcações”, complementa.

Segundo a vogal do PT, no processo das lutas feministas no Brasil, as mulheres petistas são fundamentais. Ainda assim, ela reclama que “muitas vezes, como parece que só é responsabilidade das mulheres lidar com problemas das mulheres, projetos de leis nefastos passam e não conseguimos fazer resistência”.

Ela ressalta que só 10% dos parlamentares são mulheres e muitas delas não representam a causa feminista. “A gente é esmagada”, lamenta.

“Há de se reservar vagas, mas também mudar a cultura dos partidos, para que a vida das mulheres seja mais central. Hoje todo mundo é obrigado a falar da vida das mulheres e o que muitas vezes aparece é um reforço de estereótipo e só muda quando entrarmos”, defende a militante.

Liliane Oliveira e a presidenta eleita Dilma Rousseff

Atuação

Quando foi diretora de mulheres da UNE, com Eleonora Menicucci na Secretaria de Políticas para as Mulheres, Liliane participou da elaboração do projeto “Mulher, Viver sem Violência”, que visava criar espaços de atendimento às mulheres vítimas de violência, articulando os atendimentos especializados no âmbito da saúde, da justiça, da segurança pública, da rede socioassistencial e da promoção da autonomia financeira.

Em São Paulo, esse espaço seria a Casa da Mulher Brasileira, cuja construção foi concluída em 2016, mas que ainda não foi aberta pela gestão do tucano João Doria. Liliane destaca que “a execução das políticas públicas para mulheres têm dificuldades inimagináveis”.

Para ela, “o governo Dilma realmente mudou o local das mulheres dentro das políticas. Mudar a vida das mulheres foi diretriz”.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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