Mulheres Sem Terra denunciam violência e ocupam fazenda de João de “Deus”

A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra que começou na última semana com mobilizações em todo país

Comunicação MCP

Mulheres Sem Terra

Na manhã desta quarta-feira (13), mulheres do MST e do MCP (Movimento Camponês Popular) ocuparam a fazenda Agropastoril Dom Inácio, em Anápolis, entre os distritos de Interlândia e Souzânia, no interior de Goiás.

A área que está sub judice tem em torno de 600 hectares e fica próxima à rodovia GO-433. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra que começou na última semana com mobilizações em todo país.

A deputada estadual Delegada Adriana Accorsi foi procurada na madrugada desta quarta-feira (13)  pelas mulheres do MST e MCP  que a informaram da ação e ocupação e pediram apoio. Elas também pediram uma audiência com o secretário de segurança para debater a violência contra a mulher.

Mulheres Sem Terra

João Teixeira de Farias, conhecido como João de “Deus”, ficou famoso no país e no mundo por oferecer desde 1976 supostos tratamentos mediúnicos.

Em dezembro de 2018 ele foi acusado publicamente de abuso e violência sexual, desde então, mais de 500 mulheres já procuraram a polícia e o Ministério Público de Goiás para denunciar abusos cometidos, que aconteciam em sua maioria, durante os atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).

Além das denúncias no estado, mulheres de diferentes regiões do Brasil e de mais seis países também relataram abusos.

Na ocasião, o MP declarou ter registros de casos de assédio desde 2010, mas, em 1980, já haviam sido apresentadas acusações contra ele. Um dos primeiros relatos é o da própria filha, Dalva Teixeira, de 45 anos, que declarou em um vídeo ter sofrido abuso sexual por parte do pai entre os 9 e 14 anos.

Preso preventivamente desde dezembro de 2016, João de “Deus” é acusado de estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude, estelionato, coação e corrupção de testemunhas.

Além disso, ao longo de sua atuação, ele já foi acusado de charlatanismo, sedução de menor, atentado ao pudor, contrabando de minério e até assassinato. Influente entre autoridades, em nenhum dos casos o médium foi julgado culpado.

Mulheres Sem Terra

João do latifúndio

Ninguém sabe ao certo qual o valor da fortuna de João de “Deus”, entre aplicações, empresas, carros, casas, fazendas e latifúndios de monocultivo de gado e soja e um avião Seneca II de seis lugares, está um garimpo de ouro em Nova Era, Minas Gerais.

João de “Deus” também é conhecido por concentrar lotes, terras improdutivas e terrenos na cidade. Segundo levantamento realizado pela Folha de São Paulo em cartórios da região de Goiás, são 27 registros de imóveis em nome do “João curador”. Destes, 23 estão na área urbana, totalizando 19.725 m², e quatro na zona rural, com 703 hectares, o equivalente a 723 campos de futebol.

Em depoimento formal à polícia, o acusado afirmou ter seis fazendas em Goiás: Crixás, Itapaci, Anápolis, São Miguel, Pirenópolis e Abadiânia.

Por esses e tantos outros motivos, as mulheres Sem Terra ocupam hoje um território que é fruto do abuso, do estupro e da violência. Lutamos #PorTodasNós em um Brasil que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) é o quinto em mortes violentas de mulheres no mundo.

Mulheres Sem Terra

Em um país que em pleno século 21, manda assassinar a sangue frio uma mulher, uma vereadora democraticamente eleita.

É #PorTodasNós que precisamos descobrir quem são os mandantes da execução de Marielle Franco. Quem planejou e contratou a sua morte?

Exigimos saber que grupo político foi capaz de mandar matar uma vereadora. Nosso compromisso é seguir como parte da necessidade da luta permanente do atual momento em que vivemos.

Mulheres Sem Terra

Contra a fórmula perversa de apropriação e concentração de riqueza nas mãos de poucos e a socialização da miséria e desigualdade.

Contra o atual governo que ao retirar direitos da mulher, nos oprime, nos violenta e nos mata.

Contra o machismo e o patriarcado. Contra tudo o que nos cala, nos humilha e nos mata, seguimos, por todas nós!

Por MST

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