Na mira da PGR, Aécio Neves já foi citado 5 vezes na Lava Jato
Senador é acusado de receber propina em Furnas e de manipular dados do Banco Rural para esconder o mensalão do PSDB
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O presidente nacional do PSDB e senador Aécio Neves (PSDB-MG) será um dos investigados da Operação Lava Jato, se for atendido o pedido de abertura de inquérito feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), feito na segunda-feira (2). Esta é a quinta vez que o candidato derrotado pela presidenta Dilma Rousseff é citado na operação.
Caso o relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, determine abrir as investigações, Aécio passará a ser oficialmente investigado no caso de corrupção. Há duas denúncias recentes contra ele feitas pelo senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). Uma envolvendo o recebimento de propina de Furnas, empresa de economia mista ligada ao Ministério de Minas e Energia.
A outra é sobre a acusação de manipular dados do Banco Rural em CPI no Congresso para esconder irregularidades do PSDB. Ele teria tentado atrasar o repasse de informações para que fossem apagadas aquelas que pudessem ligar seu nome ao banco. Delcídio afirmou que Aécio recebia “pagamentos ilícitos”, entregues pelo ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. “O depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves”, informa trecho da delação.
O procurador-geral pede que, em 90 dias, seja feita a oitiva de Aécio e de pessoas relacionadas ao caso Furnas. Janot solicita ainda que a Polícia Federal colete, entre o material já aprendido e produzido na Lava Jato, evidências que contribuam para o esclarecimento da apuração.
É possível que seja investigado, ainda, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) porque, segundo Delcídio, ele sabia da operação de Aécio para proteger o partido. À época, Aécio era governador de Minas Gerais.
Alberto Youssef disse ter ouvido do ex-deputado José Janene (PP) que Aécio dividiria uma diretoria de Furnas com o PP e que sua irmã faria uma arrecadação de recursos junto à estatal. Isso teria acontecido entre 1996 e 2000, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. “Eu confirmo por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele”, disse o doleiro, que já havia apontado o senador como recebedor da propina durante deleção premiada à Justiça.
Lista de Furnas
Em 3 de fevereiro de 2015, o lobista Fernando Moura também disse que Aécio recebia propina de Furnas.
O escândalo de Furnas foi um esquema de caixa 2 montado para financiar campanhas eleitorais do PSDB e de aliados tucanos nas eleições de 2002. Funcionava a partir de licitações superfaturadas da empresa Furnas Centrais Elétricas S.A., firmadas com empresas terceirizadas. Em valores corrigidos pelo IGP-M, o caso equivaleria atualmente a R$ 108,2 milhões, que vazaram dos cofres públicos para os tucanos.
Uma das provas mais contundentes do esquema é a própria Lista de Furnas. Num total de cinco páginas, contém os nomes de 156 políticos com os respectivos valores que teriam recebido dos desvios da companhia de geração e transmissão de energia. Além de Aécio Neves, estão na lista José Serra e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, que também concorriam em 2002 a cargos majoritários.
Em julho de 2015, o entregador de valores Carlos Alexandre de Souza Rocha relatou ter ouvido que Aécio era “o mais chato” na cobrança de propina junto à empreiteira UTC.
O senador foi hostilizado por parte dos manifestantes nos atos do dia 13 de março na Avenida Paulista, em São Paulo, quando estava acompanhado do governador Geraldo Alckmin.
Quem mais foi citado
Com base na delação de Delcídio, Janot quer investigar também o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além dos senadores do PMDB Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA) e Valdir Raupp (RO), entre outros nomes.
No mesmo depoimento, Delcídio relatou que Eduardo Cunha também tinha pessoas indicadas em Furnas. O deputado usava requerimentos para convocar empresários que tinham contratos com a estatal. “Este procedimento de fazer requerimentos e usar expedientes parlamentares é muito comum do Eduardo Cunha”, consta em outro trecho.
Da Redação da Agência PT de Notícias