‘Não era amor’: Trump anuncia retomada das tarifas de aço e alumínio do Brasil
‘…era cilada’: mais uma vez, as ações de Donald Trump demonstram que relação com Bolsonaro não é tão amistosa quanto parece
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Ao contrário do que acredita Jair Bolsonaro (sem partido), Donald Trump não corresponde da mesma maneira ao amor que recebe do brasileiro. Não é a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos adota medidas que não favorecem o Brasil sem nem pensar duas vezes.
Nesta segunda-feira (2), Trump anunciou em seu Twitter que pretende retomar as tarifas para importação de aço (25%) e alumínio (10%) do Brasil e da Argentina.
“Brasil e Argentina desvalorizaram fortemente suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores. Portanto, com vigência imediata, restabelecerei as tarifas de todo aço e alumínio enviados aos Estados Unidos por esses países”, escreveu.
…..Reserve should likewise act so that countries, of which there are many, no longer take advantage of our strong dollar by further devaluing their currencies. This makes it very hard for our manufactures & farmers to fairly export their goods. Lower Rates & Loosen – Fed!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 2, 2019
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, Trump também fez um pedido para que o Federal Reserve (o banco central dos EUA) impeça que esses países tomem vantagem de um dólar mais forte, o que desvaloriza suas moedas.
No Brasil, o dólar já atingiu recordes de alta. Na última terça-feira (26), a moeda estadunidense chegou a R$4,26. O real foi a quarta moeda que mais perdeu valor em relação ao dólar no mês de novembro, segundo levantamento da Austin Rating em reportagem do G1, com uma desvalorização de 5,2%. A moeda brasileira ficou atrás somente do bolívar soberano, da Venezuela (-36,1%), do kwacha, da Zâmbia (-9,3%), e do peso do Chile (-8,1%).
‘Não era amor, era cilada’
A internet reagiu fortemente nesta segunda-feira (2) após o tweet de Trump. As principais postagens indicam que o presidente dos Estados Unidos deu um fora em Bolsonaro depois de ter assumido um ‘alinhamento político’ e de ter recebido ‘juras de amor’ de Jair. Frases como “Não era amor, era cilada”, “E agora Jair? Acabou o amor?” e “Trump não está atendendo de novo…. Acho que vou mandar um áudio no zap”, entre outras, estão correndo pelas redes sociais.
A presidenta Nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, também se manifestou sobre o anúncio de Trump e criticou a submissão do desgoverno aos Estados Unidos.
A amizade de Bolsonaro com os EUA e sua posição submissa a Trump dá nisso. Os EUA pensam nos EUA e o Brasil passou a pensar também. Vergonhoso e humilhante para o povo brasileiro essa decisão americana. Cadê os benefícios dessa política de alinhamento? https://t.co/YhuHskG937
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 2, 2019
Não é o primeiro fora
Ao que parece, a relação privilegiada que Bolsonaro afirma ter com Trump não passa de uma ilusão. Em outubro, Trump recuou da promessa de endossar o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em março de 2019, o anúncio do apoio de Trump ao Brasil, em entrevista coletiva na Casa Branca, foi comemorado pelos defensores do alinhamento automático aos EUA como grande vitória. Em julho, o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, havia reiterado o apoio de Washington ao ingresso do Brasil na instituição. Em contrapartida, o Brasil ofereceu a Trump a entrega da plataforma de lançamento de foguetes de Alcântara, liberação de visto para turistas dos EUA e cooperação nas agressões à Venezuela.
Porém, no documento enviado no final de agosto, o secretário Mike Pompeo informou que os Estados Unidos apoiariam apenas o ingresso da Argentina e da Romênia. Mesmo com toda a submissão de Bolsonaro, Trump seguiu e segue defendendo seus próprios interesses.
Relação unilateral
Em setembro, Bolsonaro já havia tomado outra decisão para agradar Trump e que não resultou em nada positivo para o Brasil. O desgoverno elevou a cota de importação de etanol com isenção de tarifa de 20% de 600 milhões de litros para 750 milhões de litros. A medida teria o objetivo de incentivar a compra de açúcar brasileiro pelos EUA. No entanto, a decisão não resultou em nenhuma movimentação do governo dos Estados Unidos e foi mais uma atitude tomada de maneira unilateral por Bolsonaro, provocada por sua idolatria por Donald Trump.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Folha de S.Paulo e G1